sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Comportamento Sexual no Carnaval II - Entrevista editada e reproduzida pela Jornalista Rosana Lee

Ouça o áudio completo clicando acima!
 A entrevista que concedemos na Rádio CBN ao Jornalista Valter Sena foi editada e novamente veiculada pela Jornalista Rosana Lee. Acompanhe o vídeo acima!

 Em relação à liberalidade da vivência da sexualidade na época do carnaval, as pessoas podem questionar que pelo fato da origem histórica das festas carnavalescas advirem das festas pagãs da Grécia e da Roma Antiga se configuravam por celebrações que envolviam muita comida, bebida e a busca incessante sexuais, que então seria natural que o carnaval nos dias de hoje seja uma festa de apologia ao sexo e aos prazeres desmedidos em geral.

Mas questiono: na antiguidade as pessoas não tinham acesso ao conhecimento, não tinham liberdade para questionar a moral estabelecida. Não tinham acesso à informações ou orientações sobre a sexualidade. Sequer imaginavam a importância real da sexualidade para sua vida, e muito menos compreendiam como se dava o desenvolvimento psicossexual de uma pessoa e o quanto a sexualidade influencia na nossa identidade humana, em nossos relacionamentos,  e nossos sentimentos. E hoje estamos em pleno século XXI, temos acesso ao conhecimento, temos liberdade ética de escolha, informações e algumas orientações. E ainda não desenvolvemos uma consciência ética sobre a vivência livre da nossa sexualidade.
Como já apontamos inúmeras vezes, faz-se necessário desenvolver um programa contínuo de conscientizacão dos jovens e de toda populacão sobre como viver uma sexualidade saudável e não apenas no aspecto de prevencão de AIDS, DSTs e gravidez não planejada, mas da saúde emocional das pessoas. Pois, sexualidade não se reduz ao ato sexual. Almejamos uma política pública voltada às problemáticas sociais que em sua grande maioria perpassam pelo densenvolvimento psicossexual das pessoas: pedofilia, violência sexual, crimes sexuais, preconceito de gênero, homofobia. Ou seja, todo e qualquer relacionamente humano está inserido na educação afetivo-sexual.

Por isso, REPETIMOS que consideramos emergencial UMA POLÍTICA PÚBLICA DE EDUCAÇÃO AFETIVO-SEXUAL QUE ALÉM DO ENFOQUE MÉDICO-HIGIENISTA-BIOLÓGICO JÁ EXISTENTE E TAMBÉM IMPORTANTE PASSE A ESCLARECER SOBRE a SEXUALIDADE em sua totalidade. Envolvendo uma equipe multidisciplinar, ou seja, profissionais da área de saúde: médicos, psicólogos, e educadores para juntos construírem um programa que realmente contemple a educação afetivo-sexual em todos os seus aspectos.
 Devemos entender que a história não é estática e sim dialética. História não é fatalidade. E sim, possibilidade. E nós ao mesmo tempo que somos condicionados pela história, também somos sujeitos históricos, o que significa a possibilidade de mudança. E liberdade não é fazer o que se quer sem pensar nas conseqüências. Liberdade implica acima de tudo em ética e responsabilidade. Liberdade não é permissividade, banalidade. Liberdade é escolha consciente e responsável. E não pensar apenas no prazer momentâneo, mas pensar no bem de si mesmo, e da pessoa com a qual você se relaciona.
Em relação ao fato de alguns homens se travestirem de mulheres nas festas carnavalescas, embora para a maioria dos homens  seja apenas uma brincadeira sem fundo de maldade, se analisarmos do ponto de vista que nossa educação sexual é fruto de uma sociedade machista, patriarcal, isto inconscientemente pode se caracterizar  como preconceito. Uma forma de homofobia (com brincadeirinhas imitando homossexuais) e também preconceito de gênero contra a mulher. Um homem ser chamado de mulherzinha (soa para muitos homens desde a infância como humilhação), como se a mulher fosse um ser inferior.   A violência simbólica dói tanto quanto a física. E como educadora sexual somos contra todo e qualquer tipo de discriminação social ou sexual. 

Historicamente a mulher sempre foi inferiorizada e oprimida sexualmente e socialmente. Avançamos muito, mas ainda muito que conquistarmos e lutarmos para que sejamos homens e mulheres respeitados na mesma medida.
 Não me considero feminista, e sim HUMANISTA. Todos merecem respeito! Mas é fato que...
  
 Profa. Dra Cláudia Bonfim

Um comentário:

  1. Realmente este seu artigo é de suma importância para as questões relacionados a gênero e sexualidade e quando você afirma que " ainda não desenvolvemos uma consciência ética sobre a vivência livre da nossa sexualidade" as fobias e discriminações estão por toda parte.Parabéns.
    Prof. José Carlos
    http://projetosead.blogspot.com

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