quarta-feira, 23 de março de 2011

Nova campanha da Bombril: "Mulheres Evoluídas"?


"Por que a nova campanha da Bombril "Mulheres Evoluídas", mostra mulheres vestidas e "armadas" de homem?
Clique no vídeo abaixo do texto e ouça o áudio do post na íntegra!

Eu pouco assisto TV, mas quando vi esse comercial, como pesquisadora da sexualidade, não poderia deixar de comentar sobre  minhas impressões.

Parece mais uma mascunilização da mulher do que uma evolução. Uma inversão do papel de gênero histórica e socialmente imposto. Por outro lado também soou como uma piada referente às feministas radicais do anos 60. Não gostei. O que uma mulher evoluída busca é sua emancipação, que se caracteriza através do respeito à identidade feminina, à igualdade de direitos, e à superação de uma sociedade ainda com as marcas machistas da sociedade patriarcal.

Fiquei imaginando quem teria tido a ideia de criar aquele comercial? Um homem ou uma Mulher? E de fato qual seria o objetivo? Pois, o pano de fundo imperou ainda como uma superioridade masculina. Afinal houve ali uma descaracterização do ser feminino e ao final a incorporação de um símbolo de obediência através da violência e da imposição pelo medo que tanto buscamos superar. 
Evoluir na minha visão é crescer humanamente, tornar-se independente e para isso não precisamos nos descaracterizar, nem perder nossa identidade, nem ser superior a ninguém, necessitamos é compreender  que homens e mulheres têm iguais possibilidades e potencialidades intelectuais e humanas, que temos direitos iguais. E o fato de colocarem que o homem tem que nos ajudar, consolida a visão que os trabalhos domésticos seriam mesmo função única da mulher. Não queremos ajuda, mas dividir tarefas igualmente. Nós mulheres precisamos sair da posição de coitadinhas, e nos colocarmos no papel de sujeitos históricos. Por isso, mulheres: estudem adquiram conhecimento, para que possam tornam-se verdadeiramente independentes, financeiramente e respeitadas socialmente.
Não é reproduzindo inversamente a história que evoluímos. Mas mudando seu rumo conscientemente. Marx já apontava que  a exploração do homem pelo homem começou com a exploração da mulher pelo homem. E a superação da dominação não se dá por sua inversão, mas pela aquisição do conhecimento crítico, para que possamos compreender que o caminho da libertação é a igualdade e não a superioridade.
E repito: nossa luta é para que as mulheres assim como os homens, tenham direito ao amor e ao prazer, sejam respeitados em sua dignidade de mulher e de homem.  Lutemos todos juntos homens e mulheres para que as diferenças culturais de gênero sejam superadas, para que as biológicas sejam respeitadas e tenhamos todos o direito de sermos mulheres e homens em nossa totalidade!
  Profa. Dra Cláudia Bonfim

Para quem não viu segue o link de um dos vídeos da tal Campanha: 
http://www.youtube.com/watch?v=evuY4mV0gYk

sábado, 19 de março de 2011

A Escola e a Negação do Corpo e da Sexualidade da Criança

                    ACOMPANHE O POST NA ÍNTEGRA CLICANDO NO ÁUDIO ACIMA!


“Uma educação autoritária, disciplinadora e de certa forma negando as manifestações corporais da criança, pode provocar um desequilíbrio da sensação somática o que afetará  a autoconfiança e a unidade do sentimento do corpo da criança, que para  controlar seus afetos, vão desde então, enrijecendo o corpo através de sua educação, assim a criança é impedida de desenvolver seus movimentos naturais das crianças através das inibições impostas à elas, causando distúrbios na pulsação biológica, pois como forma de amenizar os sentimentos  de angústia, a criança acaba por interromper o ritmo normal na respiração, tensionando o abdômen. 
Como aponta Reich (1992, p.60), “é prendendo a respiração que as crianças costumam lutar contra os estados de angústia, contínuos e torturantes, que sentem no alto do abdômen ou nos genitais e têm medo dessas sensações”, formando desde a infância o que Reich denomina de couraça rígida, que impede o movimento ondulante do peitoral, bloqueando a respiração, como forma de anulação das sensações fortes seja, de  prazer ou  angústia, o que Reich (l992), aponta como sendo o mecanismo básico da neurose. Pois, ao perder este bloqueio respiratório, deixa seqüelas, que acabam também por causar um bloqueio da criatividade e espontaneidade da criança.
Defendemos uma educação sexual que busque fornecer ao ser humano as ferramentas necessárias para que possa conhecer seu próprio corpo, o corpo do outro e compreender sua sexualidade para que possa por si mesmo ser capaz de realizar escolhas afetivo-sexuais. Precisamos nos reeducar para superar a visão do corpo objeto de aprendizagem, pela visão corpo como sujeito de aprendizagem. Consideramos como Moreira (1995, p. 22), a necessidade do "olhar sensivelmente os corpos [...] até porque o ato de conhecer não é mental como marca; ele é antes de tudo corpóreo.Todo conhecimento inclusive o de si mesmo, passa pelo corpo, como afima Merleau Ponty, "[...]toda consciência é consciência perceptiva, mesmo a consciência de nós mesmos. 
Tão importante quanto o aprendizado da leitura e da escrita do mundo, é saber ler a si mesmo e escrever sua história, conhecer o seu corpo, suas possibilidade e potencialidades, pois assim como adquirimos conhecimentos para transformar o mundo num lugar melhor, devemos conhecer nossa sexualidade para tornamos melhor o nosso mundo interno, o nosso corpo e nossa mente, que são o berço das significações da vida.Tão importante quanto o aprendizado da leitura e da escrita do mundo, é saber ler a si mesmo e escrever sua história, conhecer o seu corpo, suas possibilidade e potencialidades, pois assim como adquirimos conhecimentos para transformar o mundo num lugar melhor, devemos conhecer nossa sexualidade para tornamos melhor o nosso mundo interno, o nosso corpo e nossa mente, que são o berço das significações da vida.
Mas porque tantos professores sentem  dificuldade em lidar com as manifestações da sexualidade das crianças? E como a escola pode contribuir para melhorar a consciência corporal e o desenvolvimento da sexualidade?
                      ACOMPANHE O POST NA ÍNTEGRA CLICANDO NO ÁUDIO ACIMA!

Profa. Dra Cláudia Bonfim

terça-feira, 15 de março de 2011

domingo, 13 de março de 2011

CBN - A rádio que toca notícia - Fato em Foco - Entrevista sobre a resistência das mulheres ao uso do preservativo

CBN - A rádio que toca notícia - Fato em Foco



Ouçam acima a I Parte da Entrevista que concedemos ao Programa o Fato em Foco - Rádio CBN de São Paulo. E Clique no link acima deste áudio para ouvir a II Parte da Entrevista disponível no site da Rádio CBN.


Importante acrescentarmos que  o surgimento da camisinha em si não é nenhuma novidade, pois há muitos séculos, têm se procurado métodos contraceptivos, inicialmente com o objetivo de  Na de evitar a gravidez indesejada e claro as doenças sexualmente transmissíveis. Diversas  a fórmulas foram sendo testadas, na Ásia por exemplo, eles utilizavam um envoltório de papel de seda untado com óleo.
No entanto, foi na Idade Média, com a disseminação das então denominadas doenças venéreas  (DST´s) na Europa que tornou especialmente necessária a invenção da camisinha. Foi em 1564,que  o anatomista e cirurgião Gabrielle Fallopio criou uma camisinha que era um forro de linho do tamanho do pênis e embebido em ervas. Que posteriormente, eram embebidos em soluções químicas (pretensamente espermicidas) e depois secados.

Mas, foi só no século XVII, que o Dr. Quondam, indignado com o número de filhos ilegítimos do rei Carlos II da Inglaterra (1630-1685), inventou um protetor feito com tripa de animais. O ajuste da extremidade aberta era feito com um laço, o que, obviamente, não era muito cômodo, mas o dispositivo fez tanto sucesso que há quem diga que o nome em inglês (condom) seria uma homenagem ao médico. Outros registros indicam que o nome parece vir mesmo do latim "condus" (receptáculo).  Esta  "camisinha-tripa" foi inclusive utilizada até 1839, quando Charles Goodyear inventou o processo de vulcanização da borracha, tornando-a flexível a temperatura ambiente. Embora nesta época, os preservativos de borracha eram grossos e caros e por isto lavados e reutilizados diversas vezes.

Foi no ano de 1880, que efetivamente surgiram as camisinhas de látex, que foram evoluindo a partir do desenvolvimento de novos materiais.

Mas é importante dizer que o uso da Camisinha no Brasil se deu especialmente a partir de alguns marcos históricos que consolidaram a disseminação do uso da camisinha, inicialmente  a revolução sexual da década de 1960, depois o boom da AIDS na década de 1980.

E hoje, verificamos uma geração que está cada dia mais deixando de usa o preservativo, mesmo diante de uma realidade em que o número de DST´s e AIDS cresce cada dia mais. Lamentável!


Há que se ressaltar também que a descoberta a pílula anticoncepcional pode ser considerada um marco da revolução sexual de 1960, e também  em termos de saúde pública, planejamento familiar e comportamento sexual no Brasil, e um marco essencial para a liberdade sexual e emancipação das mulheres, ao permitir que pudéssemos dissociar a ideia de sexo apenas como reprodução, e controlar o processo reprodutivo, trazendo um novo olhar e conceito sobre a sexualidade, e propiciando que as relações sexuais pudessem ser mantidas apenas pela busca do prazer.  Com o surgimento da pípula surge a efervescência do movimento hippie com o Amor livre, e do avanço dos movimentos feministas.

Até então vivíamos ainda o auge de uma geração fruto pleno da sociedade machista patriarcal, para muitos homens a pípula representou o não controle que eles acreditavam ter sob  a fidelidade feminina. Mas é preciso pensar que a pípula também abriu espaço de certa forma para o não uso do preservativo, visto que nesta época a maior preocupação em relação ao sexo era o controle reprodutivo.

Ainda hoje, muitas pessoas se esquecem que a pílula anticoncepcional apenas evita uma gravidez não planejada mas não te preserva de contrair AIDS ou outras DST´s.  A utilização da pípula por si só não exclui a necessidade e a importância do uso do preservativo.




Abaixo temos também disponível através dos links do Youtube a I e a II Parte da Entrevista na Íntegra:

PARTE I

PARTE II

sexta-feira, 11 de março de 2011

Como e quando falar de sexualidade com crianças e adolescentes



Clique no vídeo acima e acompanhe o post na íntegra!
Pais e professores devem entender que a sexualidade está conosco desde que somos gerados. E que ela se desenvolve em todas as fases da vida. E que ainda que não abordemos esse assunto a sexualidade da criança não será anulada. 
Profa.. Dra Cláudia Bonfim

Abraços a todos! 

quarta-feira, 9 de março de 2011

“(DES) HUMANO?”



Vivemos numa sociedade cada dia mais desumanizada. Basta ligar a TV e isso se confirma: são as notícias de pedofilia, violência, drogas, corrupção política, os infindáveis atos de violência, abandono, descaso... E me pergunto como fica a “Educação” diante disto?
 A Educação a que me refiro é o ato de Educar em sua totalidade, educação familiar, escolar... Enfim, como vem sendo tratada a Educação, em tempos de globalização, tecnologia, competição exacerbada, individualismo, modernismos e tantos outros “ismos” presentes na sociedade capitalista, mercantilista...?
Partindo do entendimento de que Educar pressupõe relação humana, diálogo, troca, afetividade, valores éticos, para que esta ocorra necessita-se de respeito. Fico pensando, quais exemplos tem dado a família, a escola e a sociedade para as novas gerações. E não se trata de moralismo, mas de uma carência de valores que são imprescindíveis a todo ser humano.
relação atual entre pais e filhos na maioria das vezes é quase inexistente, cada um buscando seus próprios objetivos, a relação entre amigos muitas vezes é apenas virtual, ou seja, a máquina ultrapassando, ou pior superando a importância do contato humano (do toque, do olho no olho).
É necessário provocarmos reflexões acerca do que estamos nos tornando, sobre o que a ideologia vigente, tem nos condicionado a fazer? Até que ponto não estamos nos desumanizando e se deixando inconscientemente desumanizar-se? Até que ponto não estamos nos tornando “animais” quando aceitamos ainda que, sem perceber que sejamos domesticados pela classe dominante, pela mídia, pela tecnologia, pelas ondas da modernidade, da globalização?
Não se trata de vivermos alheios a tudo isto, mas não deixarmos que nos tornemos produtos e não produtores de nossas vidas. Não podemos perder nossa subjetividade, nossa capacidade de olhar o próximo, de sensibilidade e indignação, de entender que a vida humana necessita de cooperação, de afeto, de interação, de calor humano, de que precisamos uns dos outros.
Fico pensando, que Educação é essa que nos torna cada dia mais alienados, materialistas e gananciosos por “status”, poder. Não podemos perder o que de belo temos, devemos ser razão e emoção.
Precisamos entender que Educar é ensinar a ver a vida com olhos humanos, a conhecer a si mesmo, ao universo, para tornamos nossa existência melhor, e o mundo mais humanizado e digno de se viver, ou continuaremos a ser produto social. Eu me nego a ser produto, porque quero e tenho por direito produzir minha própria história. Nego essa desumanização que impera.
É urgente uma educação pautada na humanização em tempos onde “Ser Humano” parece coisa de outro mundo.
Fico indignada vendo ao trágico, obscuro e doloroso quadro que a própria humanidade pintou. É a guerra dos homens entre si e dentro de si, e por outro lado a revolta da natureza pela guerra indefesa que ela tem sofrido.
O quadro cotidiano é de violência, morte, miséria,  injustiça,  desigualdade, de relações ocas, de uma juventude sem referenciais, de um ser humano desumanizado. Esses são retratos de um mundo que agoniza, onde falta especialmente amor e fé num ser superior. Tamanha fragmentação social é fruto da ganância humana pelo poder.
Penso no quão insensível as pessoas têm se tornado, acotumando todo dia a apreciar esse tão obscuro quadro, como se ele fosse uma paisagem natural, se esquecendo que o mundo sendo produto histórico humano pode começar a ser re-desenhado, voltar a ter o colorido de uma aquarela.
Alienação religiosa, alienação política, social, sexual, a alienação impera! Somos capazes de ultrapassar as barreiras do planeta terra, mas não somos muitas vezes capazes de ultrapassar nossas próprias barreiras, e fazer uma viajem no interior de si mesmos.
Somos frutos de uma sociedade materialista, capitalista e individualista. Mas ainda sou capaz de sentir uma dor que corta e queima, e me faz sofrer, e chorar, e sentir na pele, o sofrimento que a população inconscientemente tem sido capaz de suportar a duras penas. Me pergunto para onde caminha essa humanidade? Até quando essa alienação vai conseguir dominar os milhões de oprimidos? Até quando o homem vai permitir se auto-destruir e continuar vivendo essa pseudo-felicidade consumista, quantitativa e descartável e continuar suportando tanta barbárie?   E nossos governantes que deveriam representar essa classe injustiçada, violentada de todas as formas; que têm feito além de representar seus interesses próprios ou da classe dominante? Como são capazes de dormir tranqüilos, cientes dessa situação? Até quando vai imperar tanta alienação? 
Essas são perguntas que não calam diante de tanto descaso e de uma surdez que paira mesmo diante de “gritos ensurdecedores” de uma sociedade que clama por socorro, que precisa urgentemente de um referencial, de um porto seguro onde passa voltar a ancorar seus sonhos, sua vida, suas esperanças de dias melhores. O que não quero e não posso como educadora e cidadã é continuar apreciando esse quadro todos os dias, eu ouso, usar nele outras cores, retocá-lo com alegria, com amor, com minha paixão pela educação, com diálogo, com democracia, com cidadania e transformar as cores sombrias em luzes capazes de nos presentear com a esperança da aurora de novos dias.
Profa. Dra. Cláudia Bonfim
Artigo Revisado e ampliado - Publicado no Jornal Popular – Cornélio Procópio - PR na edição de 10/02/2006 

terça-feira, 8 de março de 2011

Dia Internacional da Mulher - refletindo sobre Sexualidade, Gênero e Classe! Dia Internacional da Mulher: Emancipação Feminina?

 Ainda temos muito que lutar!
A sexualidade da mulher, antes repressiva,  numa sociedade capitalista mercantil pós moderna, ou ainda é vivida de maneia reprimida ou exacerbada, condicionada pelo mercantilismo sexual do mercado capitalista que com uma visão pós-moderna vendeu a ideia de emancipação sexual da mulher, quando na verdade escondeu que essa emancipação foi pautada numa “estética” sexual e corporal, que do corpo reprimido e oculto, tornou-se escrava de uma beleza sexual corporal e objeto (pois, lamentavelmente ainda hoje, reduzem às qualidades de uma mulher à um corpo belo), ledo engano, pensar que já atingimos a emancipação sexual feminina, estamos longe disso, especialmente porque acredito que nós mulheres só atingiremos essa liberdade e igualdade quando conseguirmos que a sociedade reconheça nossos potenciais intelectuais, culturais e profissionais, que estão muito além do reducionismo corporal feminino. Nossa luta não é apenas por liberdade, mas por conscientização, por igualdade de direitos e deveres, por reconhecimento social de nossas potencialidades, em que as diferenças biológicas sejam respeitadas, mas não sejam motivo para inferiorizar ninguém. Nossa luta é por uma sociedade onde as  pessoas sejam capazes de refletir criticamente e então, viver sua sexualidade de maneira plena, qualitativa, saudável, responsável afetiva e corporalmente, superando a tradição patriarcal repressiva e a mercantilização permissiva, extremista, exacerbada e falsamente hedonista, onde a liberdade virou libertinagem.
Tolstoi afirma : “Actualmente, tem-se a pretensão de que a mulher é respeitada. Uns cedem-lhe o lugar, apanham-lhe o lenço: outros reconhecem-lhe o direito de exercer todas as funções, de tomar parte na administração, etc.; mas a opinião que têm dela é sempre a mesma - um instrumento de prazer. E ela sabe-o. Isso em nada difere da escravatura. A escravatura mais não é do que a exploração por uns do trabalho forçado da maioria. Assim, para que deixe de haver escravatura é necessário que os homens cessem de desejar usufruir o trabalho forçado de outrem e considerem semelhante coisa como um pecado ou vergonha. Entretanto, eles suprimem a forma exterior da escravatura, depois imaginam, persuadem-se de que a escravatura está abolida mas não vêem, não querem ver que ela continua a existir porque as pessoas procedem sempre de maneira idêntica e consideram bom e equitativo aproveitar o trabalho alheio. E desde que isso é julgado bom, torna-se inveitável que apareçam homens mais fortes ou mais astutos dispostos a passar à acção. A escravatura da mulher reside unicamente no facto de os homens desejarem e julgarem bom utilizá-la como instrumento de prazer. Hoje em dia, emancipam-na ou concedem-lhe todos os direitos iguais aos do homem, mas continua-se a considerá-la como um instrumento de prazer, a educá-la nesse sentido desde a infância e por meio da opinião pública. Por isso ela continua uma escrava, humilhada, pervertida, e o homem mantém-se um corruptor possuidor de escravos.” (Leon Tolstoi, in 'Sonata a Kreutzer')
A Educação Sexual que tanto almejamos objetiva a construção de uma sociedade onde as relações sejam pautadas na igualdade de direitos, deveres e espaços, com respeito, afetividade, sensualidade e não na vulgaridade, no erotismo e não na banalização, onde homens e mulheres (sejam homossexuais, bissexuais ou heterossexuais) deixem de ter essa classificação que segrega e sejam tratados acima de tudo, como seres humanos que somos, e onde todos possamos ter uma relação social e sexual pautada na igualdade, no respeito, na ética.Por isso, voltamos a dizer ,que embora a educação sexual precisa superar apenas a dimensão médica-higienista-biologista que reduz a sexualidade à prevenção de DST´s, preservativos e anticonceptivos; superarmos também a visão meramente procriativa e anatômica da sexualidade, que acaba por reduzir à sexualidade ao sexo (macho e fêmea), às genitálias, como se a sexualidade fosse apenas isso.  Precisamos superar a educação do modelo patriarcal e dual para meninos e meninas. Nesse sentido, já afirmou Simone de Bevouair que, “ se desde a primeira infância a menina fosse educada com as mesmas exigências, as mesmas honras, as mesmas severidades e as mesmas licenças que seus irmãos, participando dos mesmos estudos, dos mesmos jogos, prometida a um mesmo futuro, cercada de mulheres e de homens que se lhe afigurassem iguais sem equívoco, o sentido do "complexo de castração" e do "complexo de Édipo" seria profundamente modificado. Assumindo, ao mesmo título que o pai, a responsabilidade material e moral do casal, a mãe gozaria do mesmo prestígio duradouro; a criança sentiria em torno de si um mundo andrógino e não um mundo masculino; ainda que mais efetivamente atraída pelo pai — o que não é seguro — seu amor por ele seria matizado por uma vontade de emulação e não por um sentimento de impotência: ela não se orientaria para a passividade. Autorizada a provar seu valor no trabalho e no esporte, rivalizando ativamente com os meninos, a ausência do pênis — compensada pela promessa do filho — não bastaria para engendrar um "complexo de inferioridade"; correlativamente, o menino não teria um "complexo de superioridade" se não lho insuflassem e se estimasse as mulheres tanto quanto os homens. A menina não procuraria portanto compensações estéreis no narcisismo e no sonho, não se tomaria por dado, interessar-se-ia pelo que faz, empenhar-se-ia sem reticência em suas empresas. Disse quanto a puberdade seria mais fácil se ela a superasse como o menino, em direção a um futuro livre de adulto; a menstruação só lhe inspira tamanho horror porque constitui uma queda brutal na feminilidade; ela assumiria também muito mais tranqüilamente seu jovem erotismo se não sentisse um desgosto apavorado pelo conjunto de seu destino; uma educação sexual coerente a ajudaria a sobrepujar a crise. E graças à educação mista, o mistério augusto do Homem não teria oportunidade de surgir: seria destruído pela familiaridade quotidiana e as competições francas. As objeções que se opõem a este sistema implicam sempre o respeito aos tabus sexuais; mas vão pretender inibir na criança a curiosidade e o prazer; chega-se assim tão somente a criar recalques, obsessões, neuroses; o sentimentalismo exaltado, os fervores homossexuais, as paixões platônicas das adolescentes, com todo o seu cortejo de tolice e de dissipação, são muito mais nefastos do que alguns jogos infantis e algumas experiências precisas. O que seria principalmente proveitoso à jovem é o fato de que, não buscando um semideus no macho — mas apenas um colega, um amigo, um parceiro — não se veria instalada a não assumir ela própria sua existência; o erotismo, o amor teriam o caráter de uma livre superação e não o de uma demissão; ela poderia vivê-los como uma relação de igual para igual. “
 Hoje é uma data que simboliza a busca de igualdade social entre homens e mulheres, em que as diferenças biológicas sejam respeitadas, mas que elas não sirvam de pretexto para subordinar e inferiorizar a mulher.
Essa data se orgina do dia 8 de março de 1857, onde trabalhadoras fabris de uma indústria têxtil de Nova Iorque (EUA), em greve e ocupação pela diminuição da jornada de trabalho, foram trancadas e, a fábrica foi incendiada, provocando-se assim a morte de 129 operárias.
O Dia Internacional da Mulher é referencial para todas as mulheres comemorarem suas lutas e homenagearem suas mártires, mas é acima de tudo de um dia de reflexão.
Veja a força da nossa luta. A ação direta de mulheres operárias, desencadeou a primeira fase da Revolução Russa.Ou seja, a maior revolução social do século XX, pela primeira vez na história da humanidade, tivera início, com jovens mulheres russas à frente de seu primeiro e decisivo passo.
Líderes do movimento comunista como Clara Zetkin e Alexandra Kollontai ou anarquistas como Emma Goldman lutavam pelos direitos das mulheres trabalhadoras, entre as lutas estavam o direito ao voto feminino.
No Brasil só em 1932, é que o Governo de Getúlio Vargas promulgou o Código Eleitoral através de um Decreto, garantindo finalmente o direito de voto às mulheres brasileiras; mas apenas o direito ao voto não alteraria a condição feminina se a mulher não modificasse sua própria consciência. Porque a libertação da mulher exige mudanças em âmbitos não apenas políticos, mas econômicos e sociais, a libertação da mulher não pode tão-só representar um problema de gênero mas, sobretudo, é uma questão de classe.
Ainda hoje sofremos preconceitos e exploração. Um exemplo é a exploração e mercantilização do corpo das mulheres crescem na globalização, mas são expressões antigas e atuais da opressão e exploração das mulheres. No Brasil, esta problemática foi vivida, sobretudo, pelas mulheres negras e pobres, desde o período colonial, mantendo-se até os dias de hoje. A imagem do corpo da mulher associada à venda de mercadorias reproduz, no plano simbólico, a idéia de que o corpo das mulheres pode ser mercantilizado.
Em relação a vivência da sexualidade nossa luta ainda é para que toda mulher tem direito à liberdade sexual, à autonomia reprodutiva e autodeterminação sobre seu corpo. As mulheres, de maneira geral ainda são as mais sacrificadas e, por muito tempo, foram castradas em seu desejo sexual, como se este o desejo fosse um exclusivo direito masculino. As mulheres orientais até hoje sofrem castração do hímen quando ainda mocinhas pelos seus pais, sem ter direito a sentir prazer, apenas proporcionar, ou seja tornam-se propriedade e objeto dos maridos. Ainda hoje, as mulheres são inferiorizadas e vistas como objetos, no entanto as mulheres assim como os homens têm desejos, sentimentos, sonhos, vontades, necessidades e direito de dizer sim ou não, mulheres assim como homens não são propriedade privada nem objeto, nem mercadoria, são seres humanos.
  Nossa luta dever ser:
Pelo fim da mercantilização do corpo das mulheres
Pelo fim da exploração sobre a sexualidade das mulheres
Pelo direito das mulheres a decidir sobre ter e não ter filhos
Pela defesa dos serviços públicos de qualidade: creches, escolas e serviços de assistência à saúde.
Por serviços especializados no atendimento à mulher.
No Braisil só em 1985 é que surge a primeira Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher - DEAM, em São Paulo;
A violência contra as mulheres aumenta a cada dia e a maioria dos municípios ainda não possuem um atendimento especializado para as mulheres.
Importante dizer que,  nós mulheres precisamos participar mais e ativamente da vida política do nosso país. A política é uma das atividades mais importante para transformar a vida das mulheres, e da sociedade nós mulheres precisamos ainda aumentar nossa participação política para que possamos influir sobre os rumos da nossa comunidade, do nosso país, da nossa história.
Ainda que os homens tenham maior força bruta, as mulheres têm mais energia, mais sensibilidade, têm uma visão mais geral das coisas e do mundo, têm intuição, percepção, tato, e mais disposição e enfrentamento da vida, da dor, do trabalho elas precisam apenas ter consciência de que se elas quiserem podem mudar sua realidade e o mundo.
Como eu disse este dia não é exatamente de comemoração mas sim de reflexão!
Pretende-se chamar a atenção para o papel e a dignidade da mulher e levar-nos a uma tomada de consciência do valor da pessoa, perceber o seu papel na sociedade, contestar e rever preconceitos e limitações que vêm sendo impostos à mulher.
A mensagem final que eu deixo para minhas companheiras mulheres nesse dia é de resistência, de luta, de força e coragem, características que já estão em cada mulher e que em muitas delas precisam apenas ser afloradas.
Espero que todas as mulheres, tenham direito ao amor e ao prazer, mas acima de tudo, sejam respeitadas em sua dignidade de mulher, e para isto eu digo estudem, tenham sua autonomia, física, emocional e financeira, só assim nos tornando independentes financeira e intelectualmente seremos capazes de dizer que somos realmente livres, respeitadas e com direitos iguais. Ter renda própria é condição imprescindível para liberdade e autodeterminação das mulheres na vida adulta e na velhice. Estudar, adquirir autonomia de pensamento é sem dúvida também uma condição ímpar para essa libertação.
 Enfim, desejo que todas as mulheres assim como todos os seres vivos tenham mais dignidade e respeito.
Lutemos juntas para que as diferenças culturais de gênero sejam superadas e tenhamos direito de ser mulheres em nossa totalidade!
Meu abraço, minha admiração e respeito à todas as mulheres sensíveis e guerreiras, em especial à minha Mãe Cleuza, às minhas filhas Caroline e Beatriz, Às minhas irmãs Valdete e Márcia, às minhas queridas amiga Célia Ott, Luciana Gerbasi,  à todas as minhas amigas pessoais e companheiras de trabalho e à todas vocês mulheres guerreiras que acompanham nosso trabalho.
Profª Dra Cláudia Bonfim


Clique nos vídeos
 e confira na íntegra essa reflexão histórica sobre o Dia Internacional da Mulher, ligados à temática sobre a emancipação, a violência simbólica e a desvalorização feminina interpretada pela Profa. Dra Cláudia Bonfim. Vale a pena conferir!



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