quarta-feira, 30 de junho de 2010

SEXUALIDADE DE PESSOAS PORTADORAS DE NECESSIDADES ESPECIAIS

Uma reflexão polêmica e necessária, diz respeito à sexualidade das pessoas portadoras de necessidades especiais. A sexualidade é inerente ao ser humano, sendo assim, não podemos condenar ou ignorar que estas pessoas, independente das necessidades especiais que possuem, sentem necessidade de desenvolver, manifestar e viver sua sexualidade.
Entendemos que, no tocante à sexualidade das pessoas com necessidades especiais, esta  lamentavelmente, envolve ainda muitos preconceitos, em alguns casos, merece um tratamento cuidadoso e exige estudos mais aprofundados. Porém, negarmos ou ignoramos que como todo ser humano estes tem direito de manifestar e viver a sexualidade é contribuir para a perpetuação dos preconceitos e  mitos relacionados aos portadores de necessidades especiais.
Consideramos, ser necessário superarmos a visão negativa e meramente biológica da sexualidade e de mostrarmos os aspectos positivos da experiência de vida sexual das pessoas com necessidades especiais, buscando superar o enfoque de suas limitações e mostrar suas potencialidades.
Acreditamos, que sejam necessários estudos que desenvolvam uma metodologia de educação sexual adequada às necessidades dos portadores de necessidades especiais, que responda  suas necessidades específicas e contribua para que possam compreender e viver conscientemente sua sexualidade de maneira positiva, responsável e prazerosa, afinal, viver a sexualidade é direito e necessidade de todos nós.
Como já afirmei, a sexualidade é inerente ao ser humano e, é através dela nos desenvolvemos, conhecemos a nós mesmos e nos relacionamos com o outro e com o mundo. Precisamos compreender que, todo ser humano, para humanizar-se de fato, precisa se desenvolver sexualmente, ou seja, afetivamente, subjetivamente. Tanto uma pessoa dita normal, como uma pessoa portadora de necessidade especial, possuem sentimentos, sentidos, desejos, sonhos, instintos e devem ser respeitadas em suas singularidades como qualquer ser humano. Todos temos instintos sexuais naturais que nos possibilitam descobrir e compreender o nos dá prazer (no sentido lato palavra).  
Esse olhar preconceituoso sobre a sexualidade mudará apenas quando conseguirmos transcender a visão reducionista da sexualidade, alcançando o entendimento do que realmente é a sexualidade na sua totalidade. Superando preconceitos e possibilitando que todos possam viver qualitativamente, prazerosamente e conscientemente suas sexualidades. Lamentável que, ainda hoje, a sexualidade seja vista de forma negativa, quando é nossa forma de  ser, expressar e se relacionar com o mundo. Essa superação se dará, quando entendermos, que a sexualidade está relacionada a afetos, ou seja, a sentimentos, significados e sentidos e não puramente às genitálias.
Ao negar a sexualidade de uma pessoa, estamos negando a possibilidade de seu desenvolvimento pleno e saudável, e como consequencia, pode-se acarretar conflitos internos geradores de um desequilíbrio afetivo e comportamental, dificultando seu modo de se relacionar e diminuindo assim, as possibilidades de se tornarem seres psicologicamente saudáveis.
Uma sexualidade compreendida e vivida de maneira tranqüila, consciente, melhora nossa auto-estima e contribui positivamente para nosso desenvolvimento pessoal, social e afetivo. Diminui os conflitos na adolescência, possibilitando que na fase adulta possamos ser mais felizes e equilibrados. Incluindo as pessoas portadoras de necessidades especiais, que ao desenvolverem uma sexualidade tranqüila, saudável e consciente podem melhorar a relação consigo mesmo, com o outro, com o mundo.
Entendemos que, para mudarmos essa visão temos que educar sexualmente de maneira esclarecedora desde a infância. Porém, se as criança ditas normais, são vistas como assexuadas, pelos pais, escola e sociedade de maneira geral. Esse estigma é, ainda mais agravante, no que se refere àquelas crianças e adolescentes portadores de necessidades especiais, mas sobre o papel da família e da escola na educação sexual das crianças e adolescentes com necessidades especiais, trataremos num próximo post. Até lá!

terça-feira, 29 de junho de 2010

segunda-feira, 28 de junho de 2010

28 de junho dia mundial do orgulho LGBTT


Merece registro que, hoje, 28 de junho, é considerado o Dia Mundial do Orgulho LGBT, uma data histórica onde um grupo de homossexuais em Nova York, reagiam pela primeira vez contra a homofobia no ano de 1969, reagindo contra  o preconceito e a represália das autoridades por conta da orientação sexual. O bar denominado Stoneewall Inn era diariamente invadido por policiais.
Considero que, essas classificações sexuais criadas pela sociedade: hetero, homo, bi, segregam, dividem. Como disse em um post anterior, somos todos seres humanos, independente da orientação sexual!
Enfim, fica o registro de uma luta histórica pelo respeito à diversidade sexual e ao Amor acima de tudo.
Nossa luta maior, como já afirmei, seja pelo direito ao amor entre todos os seres, independente do gênero, classe, etnia, orientação sexual! Amor é assexuado, não possui limitações, nem classificações.
 Gostaria de indicar aos meus leitores, o Blog de Míriam Martinho, http://contraocorodoscontentes.blogspot.com/, aliás, de onde veio a inspiração inicial para este post. O Blog trata de cultura, política, direito, crônicas e sexualidades. Registrado!

domingo, 27 de junho de 2010

Agradecer e esclarecer!

O Post de hoje, é apenas para agradecer e reforçar os objetivos deste espaço de socialização de nossos estudos e reflexões sobre sexualidade humana, educação e educação sexual.

Nossa intenção é levar ao leitor a compreensão, de que a sexualidade transcende o ato sexual, mostrando sua totalidade, buscando explicitar como se construiu histórica, cultural e socialmente a sexualidade humana, na procura dos indícios de uma possível emancipação e superação da forma como a sexualidade foi e está condicionada a ser vivida na sociedade, engendrando assim, um campo no qual são manifestas as possibilidades de uma vivência consciente, crítica, libertadora da sexualidade. Considerando a importância da escola intervir na construção social de uma "educação sexual outra", mais humana, não-mercadológica, não-quantitativa, pautada na formação do educando, como sujeito histórico e produtor de sua história.

Nosso desejo é de provocar diálogos sobre os preconceitos, tabus, dogmas, sobre a repressão e ou a banalização da sexualidade vivida pelos sujeitos na sociedade capitalista, globalizada, midiática e consumista, buscando refletir criticamente sobre a repressão e ou a exacerbação da sexualidade, perpassando as visões reducionistas da sexualidade impostas pela sociedade. Acreditamos que seja necessário ainda construirmos uma ponte de equilíbrio para a vivência de uma sexualidade saudável e qualitativa, pois muitas pessoas ainda vivem nos extremos da sexualidade, ou ainda carregam as marcas da sexualidade repressora construindo a imagem de culpabilização do desejo, medo, vergonha, impedindo a vivência natural e plena da sexualidade. Ou as pessoas, vivem uma sexualidade exacerbada, fruto especialmente da visão difundida pela mídia de sexualidade mercantilista, que constrói uma imagem quantitativa, genitalista, meramente instintiva, de liberalidade e banalização.

Nossas reflexões visam contribuir para a construção de experiências prazerosas, qualitativas, significativas e afetivas, bem como, de resistências ativas contra a visão reducionista e banal da sexualidade, acreditando que estas resistências podem emergir na sociedade e nas próprias escolas e universidades, por considerarmos o ambiente educativo um espaço esclarecedor fundamental por oferecer reflexões éticas, estéticas e críticas capazes de possibilitar a humanização das relações, culminando na (re)invenção e (re)construção da forma como as sujeitos (crianças, adolescentes, jovens desenvolvem sua sexualidade, bem como, os adultos a vivenciam. Com o intuito de qualificar a vivência da sexualidade humana.

Esperamos ainda que, nossos escritos, mesmo sendo utopias lúcidas, sejam, capazes de fomentar diálogos, reflexões individuais e debates coletivos acerca das relações e saberes construídos sobre a sexualidade humana.

Agrademos a todos que visitam nosso Blog, aqueles que deixam aqui seus comentários e registros, ou mesmo aqueles que nos visitam anonimamente, são vocês que nos motivam a continuar a socializar nossa luta e nossos sonhos! Convidamos todos a participarem sempre deste espaço de reflexão e de partilha de experiências e lutas que alimentam sonhos de uma vivência plena e significativa da sexualidade... Comentando, divulgando este espaço, narrando, questionando, sugerindo e assim, nos ajudando a produzir práticas diferenciadas na construção da vivência de uma sexualidade livre de repressões, dogmas, preconceitos, mas acima de tudo responsável afetiva e corporalmente, buscando uma vivência emancipatória e prazerosa da sexualidade de nossos sonhos aqui (compartilhados)!

Trechos Entrevista Cláudia Bonfim Rádio CBN Campinas

Participamos de uma entrevista ao vivo com o Jornalista Valter Sena rádio CBN de Campinas, disponível na no site http://www.portalcbncampinas.com.br/noticias_interna.php?id=23520

Posteriormente,  a entrevista foi editada e trechos da entrevista ao vivo, foi veiculada na segunda edição do Jornal da CBN pela Jornalista Rosana Lee.
 

Socializando minha entrevista à Rádio Universitária FM - Uberlândia-MG

Para aqueles que não tiveram a oportunidade de ouvir compartilho a entrevista sobre Educação foi concedida ao Programa Trocando em Miúdosestá dividida em três partes para facilitar a postagem, espero que gostem! Abraços!



sexta-feira, 25 de junho de 2010

terça-feira, 22 de junho de 2010

E no país da copa de 2010... vamos falar de sexualidade.


Em meio há um evento de milhões de dólares: o caos social, fome, miséria, violência e o maior índice de casos de Aids do mundo. No centro das atenções midiáticas  uma “festa grandiosa “: a copa do mundo; e nos entornos, pessoas morrem por falta de necessidades básicas. Enquanto, os olhos de todos se voltam para os ditos “heróis “ da bola, os heróis anônimos africanos morrem por falta de educação, alimentação, informação, do descaso dos governantes e do mundo. Em meio de uma cultura sexual machista, apontam-se os dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que a cada 8 segundos uma pessoa contrai Aids e isso continua se alastrando especialmente na África subsaariana, a região mais atingida pela doença no mundo.
Em 2006, cerca de 76% das mortes na África subsaariana, região que compreende todos os 42 países do continente que estão abaixo da região do deserto do Saara foram decorrentes da AIDS. 2/3 das pessoas com AIDS no mundo vivem nesta região.
O índice mais agravante está entre as mulheres que são mais suscetíveis riscos do vírus HIV, são 14 mulheres contaminadas com o vírus para cada dez homens na África.
            Estima-se o número de pessoas com o vírus seja em torno de 39,5 milhões, e pior a maioria deles sequer sabe que estão infectados, segundo dados da Unaids, agência da ONU encarregada de gerenciar o combate à doença.
A África do Sul apresenta índices absurdos de violência sexual, motivo pelo qual,  Sonette Ehlers, em 2005, inventou uma espécie de arma contra estupro: a camisinha feminina antiestupro chamada Rape-aXe, que só agora de fato, vem sendo distribuída em maior número. A camisinha é possui farpas na parte interna e, depois que ela morde, só solta com ajuda médica, se tentar remover a camisinha sozinho, os ganchos penetram ainda mais fundo na pele. Além da dor da perfuração do pênis, ajudaria a identificar e punir os estupradores. Sonette é sul-africana e trabalha com vítimas de violência há muito tempo e idealizou isso após ouvir uma vítima dizer: “bem que eu queria ter dentes lá embaixo”.  Mais de  30 mil camisinha feminina antiestupro estão sendo distribuída na África do Sul, em meio à Copa do Mundo.
            Na África a cultura sexual é machista, as mulheres sofrem violências sexuais e morais de toda espécie. Vive-se a poligamia, casamentos múltiplos fazem parte da cultura Zulu e são permitidos na África do Sul. Na tribo dos Zulus o rei poderia ter até cem esposas. Zuma, um tradicionalista Zulu, já foi casado cinco vezes, mas atualmente tem apenas três mulheres. Ele tem 20 filhos. Ou seja, um sistema machista, repressor da mulher, a mulher como objeto, sem direitos, sem liberdade. A sexualidade se apresentando como um atestado da virilidade do homem. Um dos motivos inclusive de eles não usarem preservativo, o número de filhos atestaria sua masculinidade, um absurdo, por isso precisamos conhecer outras culturas, e ver que o mundo, ainda tem muito que evoluir. Há seres humanos que ainda são de fato tratamos com humanos, vivem uma sexualidade meramente reprodutiva.  Penso que independente da cultura local deveria acima de tudo serem respeitados os DIREITOS HUMANOS, ou seja todo abuso seja físico ou moral, independente da sociedade deveria ser abolido. Inclusive os direitos sexuais.
Claro, devemos explicitar que, isto, faz parte da cultura do povo africano, e que temos que de alguma forma respeitar, mas isso não significa que não podemos nos indignar. . Eu declaro minha indignação! Não pela cultura no todo, nem apenas pelo aspecto da poligamia, desde que isso fosse democrático, aceito conscientemente por ambas as partes e com direitos sexuais de iguais para ambos os gêneros. Outros costumes são culturalmente aceitos, sabemos que cada sociedade tem suas tradições como por exemplo, a nudez entre os Zulus, da África do Sul, é uma manifestação de moralidade, já em outras sociedades ficar nus em público ou em alguma situação social significa  falta de decoro e se configura como um afrontamento moral indecoroso passível de punição, um ato licencioso obsceno, mas que pode ao mesmo ser aclamado como um show artístico num rito de strip-tease. Por mais absurdo que seja parece um comportamento sexual, precisamos ser cuidadosos na sua interpretação devido à cultura ou por outras conveniências que se elegem como verdadeiras. É preciso eximir de opiniões parciais sustentadas pela simples indignação ou idealização de perfeição     Um dado gravíssimo é que em todo mundo cerca de 40% das novas contaminações ocorrem entre pessoas da faixa etária de 15 e 24 anos.
            O estudo da Unaids afirma que “O futuro da epidemia de Aids no mundo depende muito dos padrões de comportamento que os mais jovens adotarão e os fatores que influenciarão essas escolhas”, diz o estudo. Ou seja, vem de encontro a nossa luta pela necessidade de uma educação sexual que realmente busca a conscientização crítica e emancipatória, não basta distribuir preservativo se os jovens e as pessoas de maneira geral não compreenderem a necessidade da prevenção e não a gravidade desde dados.
            O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Anders Nordström, afirmou que é imprescindível “aumentar o investimento em prevenção e tratamento para reduzir o número de mortes”. Claro que nesse momento teremos que remediar e continuar a distribuição de preservativos. Mas eu perguntaria primeiro que tipo de prevenção? Esta a que estamos lamentavelmente assistindo em todo mundo? Apenas focada no aspecto da da distribuição de camisinhas?  E AFIRMO: nós precisamos também disso, mas só isso, nunca deu conta de educar ninguém, aliás os índices nos mostram isso. Não basta distribuir preservativo, nem colocar propaganda para o uso deles na televisão, nem só fazer palestrar ensinando como usá-los, e só falar de doenças e do lado negativo da sexualidade. Eu já afirmei isso na tese e repito. Não basta PREVENÇÃO sem EDUCAÇÃO! O foco da saúde é extremamente importante, mas não é suficiente! Precisamos de uma política pública para a sexualidade, que desenvolva um programa contínuo de educação sexual crítica, que forme consciência e valores éticos, que leve a compreensão da vivência da sexualidade em sua totalidade, que aborde a construção histórica, política, social e cultural da sexualidade humana, para que possamos compreendê-la e vivê-la de maneira qualitativa, saudável, prazerosa e emancipatória.
 Não temos que suportar o que é insuportável, nem aceitar o que é inadimissível, nada pode ser mais importante que a valorização da vida!
Importante dizer que, a inspiração para escrever este post nasceu, após acompanharmos o programa Affair com Você, desta última segunda-feira, apresentando pelos meus amigos Graça e Paulo Tessarioli, na Alltv, cujo tema ontem foi Mães da Pátria.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Fantasias eróticas mais comuns de e entre homens e mulheres


Retornando ao tema sexualidade, voltaremos às questões pendentes, hoje, tentaremos apontar quais seriam as fantasias eróticas mais comuns de e entre homens  e mulheres?
Antes de responder a questão é preciso lembrar, como no post das fantasias eróticas que elas são naturais e podem ser saudáveis não apenas para o indivíduo, como para o relacionamento, desde que, haja cumplicidade, desejo comum e aceitação, para que em vez de prazer, não gere frustração.
É importante ressaltar ainda que, as fantasias eróticas, são também uma forma de seduzir, fazem parte do jogo erótico. Precisamos superar os preconceitos e aquela idéia primeira, a que fomos condicionados, moralmente, ou seja, precisamos entender o sexo como fonte de prazer e amor (eventualmente como reprodução), o ato sexual é gerador de energia, de amor, de cumplicidade, de alegria, de prazer, de sentimentos necessários, bonitos e não o contrário, como alguns ainda teimam em acreditar. Os tabus e preconceitos arraigados me nossa educação sexual não nos permitem viver a plenitude de nossa sexualidade nem nos descobrirmos por inteiro. Supere os dogmas e não se sinta pecando pelo simples fato de se permitir viver o erotismo, certamente podemos ser mais felizes se o vivenciarmos,  com afetividade  e  naturalidade. Não  se culpe  por amar-se sem medos. Se culpe se não conseguir amar. Amar  não é pecado, assim como cultivar o amor com doses de sensualidade, erotismo, sedução e prazer jamais será.
Só quem vivencia ou vivenciou a experiência do sexo com afetividade pode entender sobre o que dizemos, pois, já experimentaram o prazer em sua plenitude, sexo por sexo é apenas sentido, agora sexo com afeto, não é apenas sentido,  passa a ter sentido, significado.
Como já afirmamos, num post anterior, as fantasias eróticas são formas de potencializarmos nossa vivência sexual, contribuindo para que possamos transpor limites individuais e sociais morais, transcender os tabus e preconceitos, estimular-nos e estimular o outro,  a nos prepararmos para receber o outro, assim como, nos produzimos para uma festa, tornando-se mais atraente e se sentindo-se mais seguros, afinal o ato sexual amoroso é a maior celebração que podemos participar, é a festa de celebração do afeto e da vida.
Fantasiar e externalizar, ou seja, socializar as fantasias com quem nos relacionamos melhora nossa auto-estima individual, e do casal, os  tornam cúmplices e  cada vez mais íntimos, melhorando o relacionamento, afinal quantos casais convivem e não se conhecem, são de fato íntimos, nada sabe sobre o outro; lamentável, pois, deixam de viver e saborear momentos que ambos desejarm , que podem ser comuns, mas que, não foram realizados porque nunca foram declarados. Com isso, muitos casais se separam, e não é porque não existia amor, não existia era cumplicidade e compreensão da própria sexualidade, e esta falta de conhecimento são fatores geradores de divórcios e da prostituição,  que  aumenta a cada dia. Quando alguns parceiros não entendem a sexualidade de maneira saudável, natural, e sim de maneira dogmática e moralista, o outro acaba, muitas vezes, indo buscar fora do relacionamento a realização das suas fantasias, sendo assim, a sexualidade socialmente reprimida e envolta de dogmas, tabus e preconceitos se constituem também em fatores que alimentam essa rede de prostituição.
Essa forma negativa de ver a sexualidade pode, inclusive, provocar disfunções e até mesmo desvios sexuais que se constituem em crime, como pedofilia,  que tanto combatemos, que é um crime que deve ser banido da sociedade, mas que dentro do olhar clínico pode ter origem na educação sexual repressora e de abusos ou violências sexuais e morais impostas  desde  a infância. Já afirmava Freud que, a maioria das inversões, desvios, perversões ou patologias sexuais e eu diria que,  também algumas disfunções decorrem de uma sexualidade reprimida que advém das experiências sexuais negativas que vemos, vivenciamos, ou sofremos moral ou fisicamente.Uma educação sexual repressora destrói a auto-estima sexual da criança que internaliza isso de forma negativa e podem influenciar a forma como a pessoa irá ver e viver sua sexualidade por toda vida. Importante analisar que os responsáveis por esse desvio deviam também ser criminalizados, pois, muitas vezes, por culpa dessa repressão os desvios foram ocasionados. Estas pessoas deveriam também ser responsabilizadas,  geralmente essas pessoas são aquelas que se ditam como os exemplos de honradez da sociedade, que pregam uma falsa moral fruto de uma sociedade hipócrita,  limitada, dogmática, que em nome do que eles chamam de bons costumes, eles que dizem tão corretos, são muitas vezes os falsos moralistas que possuem a imaginação tão pervertida  e deturpada que acham que todos possuem os mesmo desvios. Reprimir  nossas fantasias  que  são instintos naturais dentro de nossa sexualidade é que seria  um mal, um estupro emocional, que pode acarretar problemas emocionais e psicológicos.
            Então, lhes repito: o autoconhecimento não é crime, nem pecado. Precisamos nos conhecer  enquanto homens ou mulheres, em todos os sentidos. Inclusive, a nossa sexualidade. Se permitam ter essa experiência,  não permitam regras falsamente moralistas que lhes violentam o direito de serem felizes.  Não estou defendendo uma sociedade banal, muito menos uma sexualidade falsamente hedonista, e sim o direito que temos de vivenciar o amor em sua forma mais sublime, através da troca de carinho, umplicidade, comunhão do prazer,  do ato  que faz com que duas pessoas se sintam uma só,  mas,  sem medos, culpas  ou  tabus sufocando ,esse momento de celebração da vida.
                       
Sem mais delongas vamos finalmente à questão de hoje...

Como apontam algumas pesquisas realizadas todos temos fantasias eróticas. O que salienta o que já afirmamos que as fantasias eróticas são saudáveis, inerentes à nossa sexualidade e independem da idade.
As fantasias eróticas masculinas quase sempre focam o ato sexual em si, ou situações eróticas e fetiches (que abordaremos num próximo post) como o voyerismo,  o desejo masculino envolvem cenas eróticas e sexuais como poder, masculinidade, dominação, fruto da necessidade cultural de afirmação do gênero, ou seja,  ser macho, viril. Entre as fantasias apontadas que eles mais possuem estão:  fazer sexo com duas mulheres ao mesmo tempo; com mulheres famosas e fazer sexo grupal.
Já as mulheres, também culturalmente condicionadas, tem suas  fantasias geralmente associadas ao romantismo, ao afeto. Como afirmamos no post anterior, sobre as fantasias, durante muito tempo negava-se à mulher o prazer, até mesmo em relação às fantasias eróticas acreditando-se que as mulheres não tinham fantasias, o que tinha um cunho também moral, porque sendo não teriam necessidades eróticas. Hoje, sabe-se que, temos fantasias eróticas e que, aliás, quanto maior nossa capacidade de fantasiar, mais potencializamos nosso prazer, ou seja, melhora nossa capacidade de atingir o orgasmo.
Mesmo as mulheres independentes, denominadas modernas e liberais,  necessitam ser amadas e desejadas. Importante ressaltar ainda que, as fantasias eróticas femininas envolvem, ou dizem respeito, aos desejos dos seus parceiros, pela visão cultural de fidelidade, mesmo quanto se refere à fantasias eróticas as mulheres são mais fiéis aos sentimentos. Entre  as principais fantasias femininas estão: fazer sexo em lugar romântico (cabana, praia), fazer sexo com homens famosos, fazer sexo dominada pelo parceiro; reparem que fica no âmbito de romantismo (mito do amor romântico), na necessidade afirmação da auto-estima e na submissão, controle, todos frutos de uma visão cultural de gênero imposta socialmente às mulheres.
Interessante salientar ainda que, as mulheres geralmente fantasiam durante a própria relação sexual, algumas só se permitem nesse momento, ou de maneira oculta (apenas em suas mentes) ou de maneira explícita (declarando ao parceiro suas fantasias) mas como se elas fossem apenas delírios ocasionados pelo momento. Aliás, como apontamos acima, fantasias eróticas femininas quase sempre segue a imposição cultural da passividade, e envolvem situações em que outras pessoas fazem coisas por elas. Enquanto nas fantasias eróticas masculinas eles ditam as regras, são quem dominam e fazem coisas para outros.
Porque voltei a ressaltar isso, para mostrar que há aqueles que necessitam superar esses papéis sexuais culturalmente determinados e dessa forma excitam-se quando a situação erótica é inversa, ou seja, uma fantasia erótica que pode em alguns momentos ser excitante para ambos os sexos é a troca ou inversão de papel durante o ato sexual, quando passam a imaginar o que eles gostam de fazer ao parceiro, seria prazeroso que fizessem por ele ou ela também. E isso na é absurdo, nem deve ser encarado como desvio, é apenas uma fantasia diferente.
Quanto as fantasias mais comuns entre homens e mulheres estão: 
-  realizar práticas sexuais que eles não acreditam ser capazes de realizar na vida real como: fazer sexo em elevador ou em lugares públicos, socialmente proibidos;
- fazer sexo com alguém conhecido ou desconhecido, alguém faça parte do seu círculo de amigos pessoais ou do trabalho ou, alguém que vê na rua esporadicamente;
-  fazer sexo com mais de uma pessoa do sexo oposto (essa mais feminina, pois os homens gostam de ver ou vivenciar conjuntamente a cena erótica entre duas mulheres, mas no geral tem aversão quando isso diz respeito ao próprio sexo.)
- fazer sexo com uma ou mais pessoas do mesmo sexo; mais comum entre homossexuais e em mulheres heterossexuais ou entre bissexuais, o que culturalmente se justifica entre as mulheres, pela forma com que são culturalmente educadas a admirar a beleza e as virtudes femininas, como a subjetividade, a sensibilidade e afetividade e as mulheres tratam isso naturalmente, sem qualquer preconceito homofóbico.
- Ainda entre as mulheres heterossexuais também é comum a fantasia de fazer sexo com seu parceiro e uma terceira pessoa, ou entre casais (swing). Independente da fantasia é importante lembra que ela só será saudável e poderá ser realizada dentro dos limites individuais e do relacionamento, ou seja para ser realizada necessita de cumplicidade, diálogo, ou seja estar em comum acordo com o  parceiro, dentro dos limites aceitáveis na relação e dos limites emocionais individuais.
Uma forma de exercitar a fantasia erótica é a masturbação, isso para ambos os sexos, pois, é nosso momento mais íntimo, conosco mesmo, em que podemos e devemos liberar nossas fantasias. Outro dado interessante para análise é que, mesmo durante a  masturbação, grande parte das mulheres costumam fantasiar o seu próprio companheiro como objeto sexual e para nossa alegria ou espanto,  os homens também nos envolvem em suas fantasias nesse momento, ainda que, de maneira diferenciada. Porém, sabemos que grande parte especialmente das mulheres sentem dificuldade ou não se permitem reconhecer seu próprio corpo, tocar-se, não conhecem a si mesmas, não se aceitam e nem se permitem sentir o prazer em sua plenitude, fruto da sexualidade histórica-cultural e socialmente construída, mas sobre essa dificuldade e o que ela pode acarretar trataremos num próximo post, até lá!


sexta-feira, 18 de junho de 2010

HOMENAGEANDO JOSE SARAMAGO



OLHAR DE CAMINHANTE: pela superação da patologia da normalidade e resgate nossa afetividade

"Os olhos são as janelas da alma... e o espelho do mundo".   (Leonardo da Vinci)

Hoje o mundo perdeu, ao meu ver, um grande ser humano, o escritor português José Saramago. E para homenageá-lo vou escrever, foi assim que ele me cativou, vou rememorar alguns escritos meus de quando eu ainda estava terminando o doutorado.

Inspirada no livro de José Saramago, “Ensaio sobre a cegueira”, comecei escrever essas palavras...

... Nessas minhas idas e vindas, não me canso de observar o ser humano. Percebo como o individualismo tem imperado sobre a afetividade.
Cada dia mais, na luta pela sobrevivência o individualismo cresce, bem como, a solidão e a tristeza. Quantas pessoas vazias, nos bares, fingindo alegrias. Nas noites, sempre acompanhadas de pessoas diversificadas, mas no fundo, e no cotidiano, tristes e solitários.
Com quantas pessoas você pode contar a qualquer hora? De verdade? Pro que der e vier, em qualquer circunstância?
Pergunto-me: onde está o afeto?
Tenho observado pelas ruas pessoas apressadas, estressadas, esbarrando-se nas outras, sem sequer um pedido de desculpas, sem um gesto de acolhimento, sem um bom dia...
Entre mendigos, drogados, desempregados e empregados alienados... Penso que em maior número estão aqueles que não têm afeto. 
Fico pensando porque as demais pessoas que caminham pelas ruas e especialmente as nossas autoridades não enxergam ou não querem ver isto, que eu entendo ser uma das maiores  problemáticas da humanidade: o DESAFETO, o desamor, a perda da sensibilidade.
“A razão tem que estar acima da emoção”, estou cansada de ouvir isto!
Mas que razão? Esta razão egoísta, individualista, fria, gananciosa, condicionada pela sociedade consumista, mercantilista, capitalista, pós-moderna?
As pessoas não se permitem mais sonhar, amar, consideram isto perder tempo.  Suas vidas não tem espaço para sonhos e amores, suas prioridades são outras.  Creio ser este o maior mal da humanidade, uma patologia social gravíssima. Não saber ou não se permitir amar, a si mesmo, ao outro.
Sem afeto, não conseguimos enxergar nada além de si mesmo, e pior nem mesmo a si. Lamentável que, grande parte da humanidade está padecendo deste mal, cujo remédio não se encontra à venda, não existe a fórmula da sensibilidade, do afago na alma, de afeto no coração.
Uma das maiores causa da guerra, violênica e do egoísmo humano é a escassez desse antídoto afetuoso, falta abraço apertado, sorriso verdadeiro, beijo sem malícia, elogios sinceros, declarações espontâneas e puras de amor e de bem querer.
A sociedade do capitalista do cada um pra si e a mídia, usam seus artifícios ideológicos para nos tornar cegos (mesmo com olhos saudáveis), limitam nossa visão, nos torna frios, individualistas,  consumistas e quantitativos. E as instituições que deveriam emancipar e tirar essa venda que nos cega dos olhos, não tem conseguido fato fazê-lo. A escola estimula a competitividade e a igreja tornou-se um rentável mercado.
Durante a espera na rodoviária, observava as pessoas, olhares sem brilho, expressões de cansaço, tristeza, vazio...  Uns liam livros, revistas, outros cochilam, alguns procuram outros olhares, e há  aqueles que pareceiam já ter iniciado a viajem, antes mesmo de entrar no ônibus, com a mente longe...
Adentrando no ônibus e, continuava a observar... Olhares de saudade, despedida,  sofrimento, timidez, cansaço... de desamor, de falta de amor próprio e do outro... desesperançosos, ansiosos.
Cada um com sua singularidade... com seu jeito de olhar o mundo... Uns observavam o nada... alguns choravam... outros ouviam walkman... Havia aqueles que, apenas se fechavam dentro de si e dormiam... O meu olhar apenas observava... para tentar, quem sabe entendê-los, traduzi-los. No vidro do ônibus deparei com meu olhar, que como muitos, carregava um cansaço, mas se diferenciava dos outros porque trazia brilho, sonhos, afetos e esperanças...
A falta de afeto que impossibilita a visão humana do mundo está vitimando a humanidade. Com isso, as pessoas perdem a visão afetiva, da sensibilidade e respeito mútuo, passam a viver trancadas dentro de si. Como coloca Saramago “há muitas maneiras de tornar-se animal, está é só a primeira delas”.
“Ensaio Sobre a Cegueira” de Saramago é a crítica ao egocentrismo humano, utilizando metáforas vai mostrando a incapacidade adquirida pelo homem de olhar para os problemas do próximo, o desafeto presente nas relações sociais, na chamada sociedade globalizada.
Saramago nos mostra “a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam” e nos leva a perceber que estamos cegos da alma, dos sentimentos, da compreensão, da esperança, da tolerância e nos convoca, de certa forma, a assumir uma nova maneira de ver a si mesmo, o outro, o mundo...
Neste olhar interior, podemos encontrar o verdadeiro sentido da vida, para que a gente deixe de ver a vida, assim, em preto em branco e se estende também ao espírito, para que possamos enxergar a si e ao mundo sempre como extensão do outro...
Precisamos urgentemente resgatar o afeto, pois, só o afeto consegue manter viva uma das mais belas e necessárias qualidades que nos caracteriza plenamente como seres humanos: a sensibilidade. Dela decorre a capacidade de saber ouvir e se preocupar com o outro.
Esse texto vem de encontro com nossas aspirações e indignações como ser humano e como educadora ao vislumbrarmos uma educação que nos abra uma possibilidade de re-encantamento do mundo e da própria essência de nossa existência, e venha de encontro com um resgate da afetividade humana.
Precisamos conseguir romper com silêncio da normalidade, religar razão e emoção, corpo e alma; existência, essência e consciência, com a ciência; efetividade e afetividade.  Como afirma o Prof. Roberto Crema “religar conhecimento ao amor é o mais instigante desafio do momento...
Como afirmou um sábio o amor é a tecnologia mais sofisticada de todos os universos!... Sem amor não é possível reinventar e re-encantar o mundo, nenhuma sala de aula, nenhum aluno... Somente no dia que aprendermos a amar total e incondicionalmente é que receberemos um certificado de humanidade plena. Esta é a utopia humana e estamos aqui para fazê-la florescer.
 A sociedade vive um momento obscuro, mesmo diante de tantos saberes acumulados o homem tem cada dia mais sua interioridade empobrecida.
Como bem coloca Heidegger: “Nenhuma época acumulou sobre o homem conhecimentos  tão numerosos quanto a nossa. Nenhuma época conseguiu apresentar seu saber do homem sob uma forma tão pronta e tão facilmente acessível. Mas também nenhuma época soube menos o que é o homem.”
E A EDUCAÇÃO TEM, SEM DÚVIDA, UMA FUNÇÃO ACIMA DE TUDO HUMANA, buscando potencializar no homem a capacidade de  pensar criticamente, discernir, interpretar  e dar um sentido  à sua existência.
Vivemos tempos de modismos, onde uma avalanche de ideologias e desinformações caem sobre nossas mentes a cada instante.
Vivemos o tempo do olhar para si, quando sozinhos não somos nada, e como educadores; precisamos educar os nossos olhos, a maneira de olhar, como diz o poeta Manoel de Barros “beleza e glória nas coisas é olho que põe.” Se almejamos transformar o mundo, devemos começar a mudar a forma como o vemos.
Faz-se necessária ainda a educação para o escutar, pois, isto é o que antecede a compreensão, para que possamos “transcender esta realidade ab-surda”, esta surdez e silenciamento, mesmo frente aos gritos ensurdecedores de nossas crianças, jovens e, de nosso povo, diante da dor, da fome, da violência, da exclusão, da fragmentação social.
Me pergunto: não seria tudo isso uma maneira inconsciente de denunciar a violência a que estão sendo submetidos? O vandalismo, a violência, as drogas, o desamor, a realidade a que chegamos é o maior denúncia e o maior pedido de socorro de uma sociedade, que tendo sido condicionada, ou seja, inconscientemente levada à patologia da normalidade e da falta de sensibilidade.
 É necessário indagar quando vamos começar a educar nosso coração para o conviver com o outro, para o encontro, para o florescer como seres humanos, para querer bem sem olhar pra quem, para amar e se deixar ser amado.
Vamos esperar até quando para educar e aprender a viver juntos? Isto é uma utopia audaciosa eu sei! Mas como dizia Platão: “Sejamos razoáveis; peçamos o impossível!” Educar é mais que uma função, que uma especialização, que uma técnica,  é acima de tudo uma missão de fé, que transcende o possível.
Quem adere a normalidade, ao senso-comum e se contenta apenas com o possível está hipnotizado pelo sistema, pela ideologia da alienação coletiva, pelo poder vigente.
Como coloca o Prof. Roberto Crema: “O desafio da utopia é abrir espaço para o apocalipse humano. Vivemos em tempos de uma humanidade doente, numa UTI planetária. A patologia da normalidade.”
O que nos conforta  e revigora  são as pessoas que ainda se sensibilizam, que são capazes como eu, de sentir, na própria pele, as contradições do mundo, a dor do outro e pelo outro, que ainda se angustiam, que ainda têm insônias sóbrias, que não são apenas indignação estatuada, mesmo sendo chamados de loucos, idealistas, sonhadores e sentimentalistas. Enfim, de “anormais”, por ousarem viver fora desta normalidade, desta falta de sensibilidade, quando estes são, a meu ver, os raros seres iluminados com “a dádiva da sensibilidade e da face diferenciada, que não se dissipa na conformidade do rebanho.”
Às vezes, penso que nasci no mundo errado, e me culpo pelo excesso de afetividade, de preocupação com o outro, de sonhos, mas prefiro assim, a ser insensível. Eu não quero mesmo ser “normal”, se isto implica em ter que se adaptar, em se padronizar, aceitar e fortalecer a desumanização do homem.  Se isto for  normal e saudável para essa sociedade doente, eu ainda prefiro louca, eu prefeito ser ponte, a contemplar solitária e triste o horizonte, retomando Dante “cada pessoa é convocada a ser um Sumo Pontífice, a se fazer de ponte entre o céu e a terra, a desenvolver raízes e asas.” Como diz Saramago: “se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.”
Eu não quero sofrer dessa patologia que consiste, muitas vezes, suportar o que não é para ser suportado, em tolerar o que é intolerável, em contemplar o que é desprezível! Eu ouso vislumbrar uma educação capaz de superar essa patologia normalidade e da falta de afetividade, onde assistimos a toda essa barbárie, essa ganância materialista insana, que aos poucos vem sendo deflagrada, e televisada; esses são os claros e visíveis sintomas de um estado, de uma sociedade decadente, e de que a educação precisa urgentemente rever seus propósitos, repensar o sentido da vida humana, para que possamos dar início à superação da alienação através de uma tomada de consciência.
E para isso, como diz o memorável José Saramago: “na sociedade atual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objetivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objetivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, não vamos a parte nenhuma. ”
 Finalizando, como Fernando Pessoa eu desejo: “Que as forças cegas se domem pela visão que a alma tem!”   


terça-feira, 15 de junho de 2010

HERÓIS ANÔNIMOS: A DICOTOMIA DA VIDA




 É copa do mundo, e o Brasil pára para assistir...
Exausta de minha jornada diária e, ainda com inúmeros afazeres me esperando, não parei para assistir ao jogo do Brasil. Entremeio às leituras e avaliação de meus alunos, ouvia  a narração, os gritos, a torcida vibrando,  o Brasil estava fixado assistindo aos “heróis” na telinha”. A euforia e a alegria momentânea mascaravam e anestesiavam a tristeza de um povo sofrido e alienado. Escolas fechadas, comércio... Lembrei-me das copas anteriores, em que também me encontrava condicionada. Porém, meus impulsos filosóficos se contorciam por outras emoções e preocupações...
É histórico isso, eu sinceramente nunca vi o Brasil parar nessa dimensão, como nos dias de jogo de futebol da seleção em copa do mundo. Não estou desmerecendo em momento algum o esporte, nem a seleção, cada um tem sua paixão e eu respeito isso. Mas é lamentável que em nenhum outro momento o Brasil pare,  as escolas o comércio feche as portas para fazer uma mobilização social para exigir benefícios à população, para exigir direitos, para exigir que se acabe com os salários dos políticos nesse país, ai eu queria ver se teria tanto político querendo ser candidato, ah como eu queria ver isso.
O silêncio instalado após o vácuo dos gritos, cornetas, fogos e buzinas,  me fez pensar na dicotomia que é a vida... Por um lado a “união” das pessoas por um título de campeões do mundo, os gritos de euforia pela vitória primeira: Brasil! As bandeiras tremulando... Mas,  outra face é exposta ou oculta: a de pessoas, “embriagadas” pelo álcool ou pelo espírito da copa, esquecem... a do sofrimento, da miséria, da violência, da fome...
As pessoas só conseguem enxergar os “heróis” da telinha em suas armaduras amarelas reluzindo como ouro, no quadrado “mágico”.
Fico pensando... neste país supervalorizam-se os “heróis” midiáticos, quem nem de heróis ou ídolos deveriam ser chamados, porque ídolo e herói são aqueles que lutam por causas sociais, conscientizam as pessoas, formam mentes críticas.

Lamentável que os grandes heróis, de fato, são esquecidos. Anônimos, sem a devida importância de um “fenômeno” ou de um “melhor Jogador do mundo” ou de outras denominações criadas pela “cultura midiática”. Pessoas comuns, cidadãos verdadeiros do mundo, que em sua luta diária constroem, de fato, a história do nosso Brasil... Verdadeiros heróis que desbravam as incertezas, que criam do nada, que produzem história por meio de sangue, suor e lágrimas... É para elas, que nesse momento de bandeiras verdes e amarelas, que me curvo e me levanto soltando meu grito... Vocês são meus verdadeiros heróis (ou heroínas)!

Texto dedicado a todos os heróis do anônimos do cotidiano e aos companheiros heróis de luta diária: Crislaine, Carlos, Cleusa, Afonso, Márcia, Donizete, Valdete, Claudinei, Paulo, Graça, Livaldo, Thiago, Gina, Regina, Aninha, Michele, Angélica, Fernanda, entre tantos outros, heróis anônimos da vida cotidiana, que em suas missões e utopias ocultas, vão construindo e produzindo a história desse país. Mesmo em meio a tudo isso, a essa realidade que parece fatal. Ainda há esperanças! Contem sempre comigo!

Aliás, nos dias da copa as pessoas se dizem patriotas, e cantam sou brasileiro com muito orgulho com muito amor... pelo simples fato de vestirem uma camisa do Brasil, pendurarem bandeiras nas janelas e varandas das casa, aliás precisamos nos atentar ao nosso conceito de civismo e demonstrá-lo em nossas ações, porque um país não se constrói com apenas com palavras, estamos cansados de falácias. Precisamos de cidadãos de fato e homens públicos que desenvolvam políticas que não sejam meramente assistencialistas, mas busquem superar o desemprego, priorizar uma educação de qualidade capaz de tornar nosso povo independente do domínio capitalista, livre da alienação, queremos uma sociedade realmente independente, consciente, que viva dignamente e igualitariamente.  Precisamos entender que esse País é nosso, e cada cidadão tem que zelar por ele e torná-lo melhor. Toda sociedade deveria cotidianamente fazer um desfile cívico, demonstrando através de ações, amor ao Brasil.
Bem, cabe agora, fazermos uma reflexão sobre Civismo e Civilidade, ambos originam-se do latim civis, civilis, civilitas, civilitatis. E referem-se ao habitante da cidade. Mas cidadão não é apenas o habitante da cidade e sim, todo ser respeitoso para seu semelhante, enfim, com toda sociedade, com direitos e deveres.
Civitas é o centro de poder político, o cerne do Estado e da Pátria.
 Civilis é o direito que concerne ao indivíduo privado, o que ocorre é que as pessoas muitas vezes se esquecem de respeitar o limite entre o seu direito e o do outro.
Podemos concluir, que a civilidade é parte do processo de civilização, e esta,  não é apenas um conjunto de conquistas tecnológicas ou econômicas mas, antes de tudo, esta no desenvolvimento das relações humanas.
Civismo vai além de urbanidade, inclui responsabilidade e o respeito ao próximo, é a devoção ao outro, materializada no interesse público e no bem-estar coletivo, respeito à identidade do outro, seja ela profissional, individual, étnica, entre outras; o ato cívico deve objetivar o aprimoramento coletivo. Civismo também pode ser visto como patriotismo, embora as duas palavras, durante os 21 anos da ditadura militar, tenham assumido conotações negativas, devemos entender é que patriotismo e civilidade devem andar juntos.
A civilidade é obrigatoriamente cívica, legitimando o respeito ao próximo em termos institucionais. Um movimento corporativo, onde os interesses de um grupo sobrepõem-se aos da sociedade, não é cívico nem promove a civilidade.
 Faz-se necessário ainda, que aproveitemos este momento para refletirmos sobre nosso Brasil de hoje e os caminhos para superarmos a atual crise política. Nosso povo ainda sente na pele a escravidão de quem tem trabalha arduamente para receber um mísero salário, que não mantém nem suas necessidades básicas; ainda precisamos nos sentir verdadeiramente livres. Livres da desigualdade, da indiferença, do preconceito, das drogas, da violência, dos domínios do capitalismo, da falta de sensibilidade, da desonestidade da classe política, da corrupção. Neste dia, nossos políticos se mascaram, cantam o hino, hasteiam a bandeira e acham que isto basta. Não!!! O civismo está no sentimento de amor e no respeito cotidiano ao nosso povo sofrido, e este deveria permear os atos humanos, assim como os atos dos políticos. Lamento que o devido valor não seja dado aos verdadeiros heróis anônimos do cotidiano, estes sim deveriam ter seus nomes estampados nas placas de ruas, praças, homenageados, mas a classe dominante nutre seu próprio status, uma rua deveria levar o nome não do político que entre aspas a construiu, mas daqueles que fato a construíram, heróis não são aqueles com salários milionários que aparecem na telinha, nem aquelas  mulheres que aparecem nuas em capas de revista, são aquelas pessoas que como eu lutam de fato pela emancipação política e social do nosso povo, por um vida mais digna e igualitária, pela formação de mentes críticas, pela construção de um melhor e acima de tudo mais humano.  Temos que vestir a camisa do Brasil sim, eu visto a camisa do Brasil, sim, mas em todos os sentidos!

sábado, 12 de junho de 2010

Sobre o mito do amor perfeito e das concepções hegemônicas equivocadas de amor

No post de hoje vou tentar escrever um artigo que não seja apenas restrito a dar dicas de relacionamento, isso tem em muitos sites por ai que dão aquelas "receitas" tipo como arrumar um namorado, parece receita de bolo,rs. O que eu gostaria é de convocar as pessoas a refletirem sobre suas concepções de amor. Ou melhor, sobre as concepções de amor que nos condicionaram a ter. Pois, como sempre afirmo, o casamento é uma construção social. O amor não. Mas a ideia que temos do que é o amor, é uma construção social também.

Então, pra você que está casada(o), tem uma paixão, namorado(a), amante, ou você que está solteiro, eu diria: muitas pessoas mesmo tendo encontrado alguém, não se sentem amadas e felizes, e há aquelas que ficam procurando a metade da laranja que de fato, não existe. Nós já nascemos inteiros. O outro soma, nos fortalece, enriquece. Temos que parar de projetar a felicidade no outro. Enquanto ela está dentro de cada um de nós. Ante de amar alguém, precisamos nos amar, nos bastar.

Precisamos esclarecer que amor perfeito é um mito. Decepcionados? Não fiquem. Sempre digo para uma amiga: “não busque a pessoa perfeita, busque a PESSOA CERTA. Alguém que compartilhe de seus gostos, que tenha afinidades, porque aquela história - pra - boi - dormir de que os opostos se atraem é um infeliz equívoco.”

“Amor tem sim que ter Afinidade, nada dessa história de opostos. Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.
Só entra em relação rica e saudável com o outro, quem aceita para poder questionar. Não sei se sou clara: quem aceita para poder questionar, não nega ao outro a possibilidade de ser o que é, como é, da maneira que é. E, aceitando-o, aí sim, pode questionar, até duramente, se for o caso. Mas o habitual é vermos alguém questionar porque não aceita o outro como ele é. Por isso, aliás, questiona.” Importante dizer também que quem ama aceita, questiona e não faz julgamentos prévios. O diálogo é o baluarte de qualquer relação.

Se você ainda não encontrou alguém para se relacionar talvez precise acordar do sonho encantado, sair do conto de fadas e perceber que aquela pessoa que pode ser alguém certo para você não vai aparecer num primeiro momento num cavalo branco, aliás ele ou ela, pode ser aquele seu colega da faculdade, ou de trabalho, que sempre te apoio, te aconselha, te ensina matemática, te ajuda nos trabalhos, te recebe com um sorriso, te abraça nos dias tristes e não aquele que trata mal, ou aquele tipo beleza de capa de revista. Claro que tem que ter tesão, paixão, falta de ar, mas só isto não basta para um relacionamento ser de fato significativo, prazeroso e bem sucedido.

“Amor de verdade é sentir com. Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente, mas para o ser amado, não para eles próprios.
Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo.
Amor é jamais sentir por. Quem sente por, confunde amor com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar. Compreende sem ocupar o lugar do outro. Aceita para poder questionar.
Amor não depende de presença física, claro melhor com ela. Mas amor mesmo existe mesmo a quilômetros de distância. Amor é singular, discreto e independente, porque não precisa do tempo para existir. Anos se passam e basta ver aquela pessoa que você ama de novo, e a relação prossegue exatamente do ponto em que parou. Amor é superior ao tempo. Amor é ter perdas semelhantes e iguais esperanças, é conversar no silêncio, tanto das possibilidades exercidas, quantos das impossibilidades vividas.
Amor e afinidade é retomar a relação do ponto em que parou, sem lamentar o tempo da separação. Porque tempo e separação não existem quando de fato há Amor. Foram apenas a oportunidade dada (tirada) pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar.”
E como diz a música quem foi que disse que para estar junto precisa estar perto. Mais importante que estar ao lado de alguém, é estar do lado DE DENTRO!”

Vou terminar com uma fala que parte dela seria de John Lennon ou com uma complementação da Martha Medeiros, enfim, o que importa  é a mensagem, que eu diria, é certeira, e nos faz refletir sobre as concepções hegemônicas de amor. Atentem-se: idealizações equivocadas levam a escolhas erradas e a relações infelizes, limitadas e frustradas. Este texto, complementa o post que escrevi sobre amor e liberdade. Reflitam!

SACANAGEM

“Esta é a semana dos namorados, mas não vou falar sobre ursinhos de pelúcia nem sobre bombons. É o momento ideal pra falar de sacanagem.
Se dei a impressão de que o assunto será ménage à trois, sexo selvagem e práticas perversas, sinto muito desiludi-lo. Pretendo, sim, é falar das sacanagens que fizeram com a gente.
Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não contaram pra nós que amor não é racionado nem chega com hora marcada. Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais rápido.
Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um", duas pessoas pensando igual, agindo igual, que isso era que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.
Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos. Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis.
E que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Ninguém nos disse que chinelos velhos também têm seu valor, já que não nos machucam, e que existe mais cabeças tortas do que pés.
Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que poderíamos tentar outras alternativas menos convencionais.
Sexo não é sacanagem. Sexo é uma coisa natural, simples - só é ruim quando feito sem vontade. Sacanagem é outra coisa. É nos condicionarem a um amor cheio de regras e princípios, sem ter o direito à leveza e ao prazer que nos proporcionam as coisas escolhidas por nós mesmos.”
No dia do namorados, afinal, a sexualidade se aflora e muitos casais fazem o que deveria ser cultivado diariamente. Quando, falamos em namorado, nos referimos a um relacionamento afetivo-sexual.
Nesta data, certamente as pessoas preparam surpresas: um jantar a dois, luz de velas, vinho, champanhe, uma música envolvente, enfim, sem dúvida, é dia de apimentar o relacionamento.  Onde se trocam presentes, que representam uma forma de valorizaração do amor do outro.
Mas independente do presente material, o melhor, é se fazer presente, é sentir a inteiramente a presença do outro. Nada supera o afeto, o toque, o olhar brilhando, o desejo fervendo na pele. Ganhar presente e presentear é muito bom, mas há presentes que são inigualáveis.
Esperamos que não apenas hoje, mas todos os dias possamos cultivar o erotismo, a sedução, a sensualidade, o desejo, o encanto, o afeto (que estão tão deteriorados pela pornografia e pela vulgaridade, pelo sexualidade mercantil midiática, banal e pós-moderna).
Para terminar, deixamos uma reflexão para você pensar se tem realmente pode dizer que tem de fato um namorado (a)? Porque ter um(a) namorado(a) é muito mais que ter alguém diariamente ao seu lado. Ao final da leitura eu espero que realmente você possa afirmar que tem de um(a) namorado (a). Yes! Eu tenho!

Namorado: Ter ou não ter, é uma questão
(Carlos Drummond de Andrade)

Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, de saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.
Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado, mesmo, é muito difícil.
Namorado não precisa ser o mais bonito, mas aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda, decidida, ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado não é quem não tem um amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, mesmo assim pode não ter namorado.
Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar.
Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas; de carinho escondido na hora que passa o filme; de flor catada no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada; de ânsia de viajar junto para a Paris ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer sesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical na Metro.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não chateia com o fato de o seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido.
Enloqueça! Enlou-cresça! 

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Amor e Liberdade




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