terça-feira, 19 de outubro de 2010

COMPLEXO DE ELECTRA - Fases do Desenvolvimento Psicossexual


 
Que prazer estar de volta ao nosso blog Educação e Sexualidade, eu professora doutora Cláudia Bonfim, quero agradecer de coração às milhares de visitas que temos recebido aqui, as demonstrações de carinho dos leitores e seguidores. Hoje meu abraço é para o coordenador do Curso de Pedagogia da Faculdade Dom Bosco, nosso amigo e companheiro de trabalho professor Livaldo Teixeira da Silva que ontem nos declarou que acompanha todos os nossos áudios e elogiou nosso blog, e nossa voz, rs. Obrigada pelos elogios e um abraço para você. E claro um abraço a todos vocês que me escrevem, que mandam email, ou que pessoalmente tem declarado um apreço grande pelo nosso blog.
Dando continuidade as fases do desenvolvimento psicossexual, a partir de Freud, hoje iremos abordar sobre o Complexo de Electra, vamos ao post.

 O complexo de Electra é baseado no um mito grego segundo o qual Electra, para vingar o pai, Agamêmnon, incita seu irmão Orestes a matar a mãe, Clitemnestra, e seu amante Egisto, que haviam assassinado Agamêmnon.
Como vimos, no complexo de Édipo o menino sente um amor intenso pela mãe, identificando-se com o pai, sente desejo em ocupar seu lugar sentindo então raiva, medo e culpa. Imagina então que o pai pode cortar seu pênis (complexo de castração). A menina também vive este complexo, mas neste caso sente inveja do pênis, originando o denominado complexo de Electra.
A menina, nesta fase, sente uma espécie de frustração e ressentimento para com a mãe, culpabilizando-a por não possuir o pênis, este é um momento crítico no desenvolvimento feminino. Segundo Freud: "A descoberta de que é castrada representa um marco decisivo no crescimento da menina. Daí partem três linhas de desenvolvimento possíveis: uma conduz à inibição sexual ou à neurose, outra à modificação do caráter no sentido de um complexo de masculinidade e a terceira, finalmente, à feminilidade normal"(1933, livro XXIX, p.31).
Inicialmente, tal como os meninos é para a mãe que são dirigidos os impulsos eróticos da menina, mas por considerar-se castrada pela mãe, ela busca nas excitações clitorianas a resposta para o que a diferencia anatomicamente do menino, mas a  expectativa de que  o clitóris cresça e se transforme num pênis é logo descartada. O que gera um sentido de frustração para a com a mãe, quando ela sente que precisa abandonar o foco do clitóris para a vagina e canalizar o amor que sentia pela mãe no amor paterno.

Para as meninas, o problema do Complexo de Édipo é similar, inverso. A menina deseja possuir seu pai e vê sua mãe como a maior rival. A menina tenta seduzir o pai e, se o casal for funcional, quem vai faz o rompimento é a mãe, esclarecendo para a filha que ele é seu pai e marido da mãe. É num primeiro momento um choque entre mãe e filha, mas através de um bom relacionamento de troca e identificação com a mãe (colocar os cremes da mãe, o batom, os sapatos, as roupas) termina aqui o complexo de Electra.
Importante salientar que, no complexo de Édipo, o primeiro amor do filho é heterossexual (a mãe) e ele disputa com o pai. Já na questão feminina (Electra), o primeiro amor é homossexual (a mãe), por volta dos três anos instintivamente, a menina se apaixona pelo pai, e se sente traindo a mãe que foi seu primeiro amor, o que provoca um sentimento de culpa que pode marcar a menina pelo resto da vida; essa culpa pode acarretar numa relação disfuncional ou difícil como foi a relação com a mãe.
Porém, quando um casal tem uma relação desequilibrada afetivamente, pode ocorrer um Complexo de Electra Disfuncional, ou seja, a filha vai seduzir o pai e a mãe não faz rompimento, porque ela não se importa com o pai. A mãe inclusive, projeta na filha que ela seja a filha/esposa que o pai idealiza. Nesse caso, a filha deixa de ter um referencial no papel de pai, podendo ocorrer um envolvimento sexual que pode chegar a acontecer realmente. Ela é que pode não querer se casar, porque inconsciente se sente casada com o pai. Ou poderá buscar relacionar-se afetiva e sexualmente com homens mais velhos (que representam a figura do pai). Pode ainda acontecer dela não conseguir se relacionar afetivamente com a mãe (e vice-versa), por se sentirem rivais de fato, o que culmina na falta de referencia de pai e mãe. A filha pode ainda, criar uma aversão à mãe,  ela vai se identificar com o pai, porque a mãe não fez rompimento, porém ela pode criar uma identidade masculinizada e caso ela tenha uma irmã pode tratar a irmã como filha. Neste caso pode ocorrer uma homossexualidade latente ou emergente e esta poderá buscar na relação com outra mulher a mãe que não teve.  Há ainda aquelas mulheres homossexuais que amam o pai e odeiam a mãe, como o inverso, aquelas  que odeiam o pai e defendem a mãe que é anulada e submissa a esse pai.
Já quando o pai exerce o papel feminino, mas tem um relacionamento afetivo-sexual harmonioso com a mãe, quando a filha o seduz, a mãe faz o rompimento e a filha passa a se identificar com a mãe, que exerce o papel masculino no relacionamento do casal. Nesse caso, a filha irá ao relacionar-se afetiva e sexualmente procurar um homem que tenha a sensibilidade do pai.
Porém, quando essa inversão de papéis não é aceita pela mãe, e o casal tem um relacionamento em desarmonia, a mãe cria frente à filha uma imagem negativa do pai, o que pode ocorrer pelo fato do pai ser afetivo com a filha e a mãe sentir-se enciumada, o que pode dificultar o relacionamento da filha com outros homens, por ela não ter um referencial positivo do pai, por não valorizá-lo enquanto homem, sendo assim, a filha irá buscar uma relação homoafetiva com uma mulher que seja passiva como o pai.
A superação do complexo de Electra se dá quando a menina passa a se identificar novamente com a mãe, assumindo uma identidade feminina e buscando em outros homens referências como a do seu pai.
Importante apontarmos que, numa relação disfuncional entre um casal, ou seja, quando ambos não exercem nem seus papéis sociais masculinos e femininos nem suas funções pais, os filhos ficam órfãos de referenciais afetivo-sexuais, e com uma carência afetiva e emocional sobre como é ter e exercer o papel de pai e mãe. Muitas vezes, na relação é a criança que acaba exercendo o papel de seus cuidadores, tendo que tomar decisões que caberiam aos adultos. Esta criança, futuramente, poderá ter dificuldades emocionais e buscar na fase adulta de um relacionamento afetivo com uma pessoa que exerça não apenas o papel afetivo-sexual do relacionamento marido-mulher, mas também de forma compensatória, alguém que possa suprir a carência que a criança teve na infância de atenção, cuidado e amor paternal e maternal. Assim como, esta pessoa também irá exercer com o companheiro(a) diversos papéis. O tratamento que dispensará ao seu companheiro(a) irá se diversificar podendo tratar a outra pessoa ora como filho(a), ora como pai, ora como mãe.  
Importante lembrarmos que as atitudes, comportamentos e relações afetivo-sexuais dos pais serão base sobre a qual a criança formará sua identidade. Muitas vezes, neste período quer dormir entre os pais, dizendo que se sente amedrontada. Porém, devemos lembrar que embora seja que as crianças sintam-se protegidas também precisa aprender sobre limites.

Devemos esclarecer que temos espaços conjuntos e espaços individuais, que devem ser respeitados, por isso, vocês pais não devem permitir às crianças invadir sua privacidade. Temos que apoiar nos filhos, estar sempre presentes em suas vidas, protegê-los, fazer com se sintam amados, mas isso não significa anular nossa vida em função deles, quando nos anulamos seja por qual motivo for, nos tornamos pessoas frustradas e por isso incapazes de amar e ser feliz plenamente, e se não estamos bem não conseguimos proporcionar isso a outrem.
Não deixem de viver sua vida de casal em prol de manhas, choros que normalmente ocorrem quando os pais resolvem sair juntos, entendam que esse limite também é um aprendizado necessário para a maturidade da criança. Expliquem que assim como temos a hora de comer, de dormir, de brincar, de ir à escola, de fazer a lição de casa, de jogar com o papai, etc. Temos também a hora do papai da mamãe estarem juntos, namorar.
Ainda pautando na psicanálise se a criança não desenvolver adequadamente essa fase, ou tenha exemplos de identificação negativos, pai ou mãe  agressivos, repressores, alcoólatras, a criança cria uma aversão ao seu progenitor do mesmo sexo, e passa a se identificar com o outro, o que Freud aponta como uma polêmica causa para a homossexualidade. Ainda em relação a personalidade crianças que não superaram esta fase e tiveram pais muito rudes, podem tornar-se pessoas que querem sempre ditar as regras, esbanjar dinheiro, estar sempre na liderança, como forma inconsciente e compensatória de acreditar e mostrar que não sofreu a castração.
Crianças que superam amorosamente as fases do desenvolvimento psicossexual, serão adultos mais afetivos e  equilibrados, sensíveis, capazes de que expressar seus sentimentos, de cultivar amizades, enfim serão mais felizes.
Por hoje é só, no próximo post abordaremos sobre o Período de Latência. Forte abraço e até lá!

15 comentários:

  1. Olá! Estava navegando na blogosfera e me deparei com teu blog.
    Adorei! Adoro fazer novas amizades.
    Teu cantinho é bem interessante e esclarecedor.
    Já estou te seguindo...
    Se puder visita meus blogs.
    Bjs doces como mel da

    *´¨)
    ¸.•´¸.•*´¨) ¸.•*¨)
    (¸.•´ (¸.•` *♥ Mel Dupla Personalidade ♥*♥*♥*♥*♥*♥*♥*♥*♥

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  2. Bom dia, Claudia!!

    Sabia, tinha certeza que já tinha postado no seu blog e, que te seguia...
    Também vi que você esteve lá no Desnudo, mas como andei meio que sumido, postando pouco, pois passei por uma cirurgia há bem pouco tempo, por isso não ficar muito tempo no micro...
    Coloquei 12 parafusos na coluna lombar...
    Acho Eu que, faltavam mesmo.. Hiiii!!
    Isso muitas pessoas falavam , que eu tinha algum parafuso a menos..kkk
    Daí me colocaram 12, na tentativa de melhor bem mais, Euzinho..kkk

    Quanto ao seu post, excelente matéria abordada!!

    Talvez complexa para muitos, mas elucida de forma bem objetiva e clara, alguns probleminhas básicos que ocorrem, e que passam desapercebidos pelos pais...
    Já ouvi coisas assim, tipo!
    "Eu sei que estou errado(a), mas vou fazer assim mesmo"
    Hilário, cômico ou ultrajante?

    Na verdade Claudia, ficamos muitas das vezes perplexo em ouvir algo tão, absolutamente Ultrajante, ou não?

    Mas há caos sim, que ouvimos tal afirmação!

    Mais uma vez Caludia, meus parabéns pelo Post, excelente!

    Um ótimo fim de semana pra ti e, obrigado pela visita e por seguir o Desnudo...

    Marcio RJ

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  3. Bakana essa matéria. Gostei. Tenho uma menina de 03 anos... Preciso estar bem informada sobre essas fases. Sou pedagoga. Obrigada, Raquel

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  4. Grande admiração por você! Somente pelo conteúdo acima, que acabei de ler... Venho procurando conhecer este assunto, pois minha fiha de 22 anos diz "me odiar", diz que a abandonei desde que entrou na faculdade, que só penso em mim e em meu trabalho, etc. Estou em terapia, ela tambem, mas não nos entendemos... De todos os textos que encontrei, esse foi extremamente esclarecedor pra mim, o mais completo (assustador, também!), mas "clareou" a minha mente. Obrigada! Magali

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  5. Adorei o seu blog, e o encontrei em um momento em que ele se faz muito necessario, tenho 26 e ultimamente tenho me encontrado com antigos traumas de infancia, trabalho/moro no interior (alguns fins de semana vou a capital) e por isso não tenho como fazer analise então ando buscando em livros e na internet blog e profissionais serios como vc para tentar enternder o meu problema. Gostaria de saber se existe alguma forma de conversar com alguem, vc ou alguma pessoa indicada pela internet, preciso entender algumas coisas da minha vida e não me sinto confortavel em relata-las aqui.

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  6. Tatiana no ínicio do blog clique em contato, lá tem meu email e msn, pode me adicionar que conversamos ou se preferir me envie um email. Fico ao seu dispor. E grata pelas palavras! Abraços! E venha sempre nesse cantinho que é NOSSO!

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  7. OI, Estava pesquisando sobre complexo de Electra, acabei chegando nesse blog. relata quase que com perfeição minha vida sexo-afetiva....
    Não me dou bem com a minha mãe, odeio o meu pai, e sempre me relaciono com homens mais velhos do que eu, preferencialmente casados, sinto um prazer imenso em ve-los largando suas mulheres para ficar comigo... Na maioria das vezes, acabamos nos separando depois por ciumes deles, pela pose q acabam tendo por mim, se não fosse o medo deles, por estarem com alguem 20, 25 anos mais nova, certamente estaria tranquila com um desses homens!

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    1. Oi tambem tenho uma amiga que faz isso e estava querendo saber o porque disso.
      Cv mais cmg sobre este assunto

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  8. Olá! Sou Assistente Social de uma ong em SJCampos chamada SOS Mulher, e estava navegando na net para aperfeiçoar uma atendimento que farei essa semana, entrei para confirmar as informações que eu já tinha e acabei aprendendo muito mais que eu imaginava, e o mais engraçado que eu ia clicar em um outro site e acabei por engano entrando no seu. Vc está de parabens pela explicação, ficou clara e me ajudou a somar ao conhecimento que eu já tinha com relação a esse assunto que infelizmente ainda poucos conhecem.Parabens!

    Mislene

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  9. Bom dia!

    "A menina deseja possuir seu pai e vê sua mãe como a maior rival. A menina tenta seduzir o pai"

    Tenho vivido muito isso com minha enteada mais velha. Ela colocou na cabeça que posso tirar o pai dela; e que ele não pode gastar seu dinheiro comigo...

    Como faço para lidar com ela?

    Ela também diz não gostar de mim. Mas quando precisa de mim, estou sempre disposta a colaborar...
    Eu não tenho desafeto por ela. Aliás, sinto muita carência nela.
    Ela mora com o pai, com a avó pois a mãe é alcoolatra.

    Belo blog. Estou te seguindo!

    bjos

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  10. Só hoje cheguei aqui. Como cortar/tratar a relação de Édipo/Electra quando se percebe disso mesmo só na fase adulta? Obrigada

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