sexta-feira, 27 de maio de 2016

Basta de violência contra a mulher!!! Pelo fim da desigualdade de gênero e da cultura do estupro!




Quando educarmos homens e mulheres para serem humanos e viverem uma sexualidade pautada no afeto, talvez ao invés de formamos machos, tenhamos homens de verdade, que deixem de viver uma sexualidade animal e tratarem a mulher como mero objeto sexual.
O estrupo é crime hediondo e uma perversa patologia, fruto de uma cultura machista e de uma sociedade onde o sexo tornou-se uma busca desenfreada, promíscua, animalizada, desumanizada, sem referências éticas e estéticas. É urgente quebrarmos a naturalidade com a violência contra a mulher é encarada na sociedade. 
Avançamos em tantos aspectos tecnológicos e retrocedemos cada dia mais nos aspectos humanos, passou da hora de romper com essa cultura que consolida os esteriótipos  e preconceitos de gênero na sociedade. E nesse sentido, o ordenamento jurídico pode e deve contribui ao criar Leis mais severas como a do feminicídio, nesses casos sou favorável à pena de morte, pois atingimos o caos social, a barbárie está instalada. Mas a Lei, no máximo coibe e pune, a prevenção se dá na e através da Educação. Mais do nunca, é urgente uma educação sexual emancipatória, pautada no conhecimento científico, em casa, na escola, na igreja, em todos os espaços sociais. 
É emergencial um diálogo crítico sobre às desigualdades e violência de gênero, sobre a dualidade com se educam meninos e meninas; ensina-se o menino para ser sexual desde pequeno, cultua-se o "falo" como símbolo de poder, quantas vezes já ouvi a frase "esse vai ser o terror da mulherada", "esse vai ser macho", "esse vai pegar todas", resultado temos ai diversos sociopatas, que tem a mulher como mero objeto de satisfação sexual e do seu ego.Já as meninas se ouve: "essa vai ser uma excelente esposa", "ela é a doçura em pessoa" e reprimem suas sexualidades, ensinam a menina a ser bondosa, compreensiva, tolerante. Resultado: temos mulheres passivas, submissas, demasiadamente afetivas e depressivas, com baixa auto estima e uma sexualidade reprimida. Ainda não encontramos o ponto de equilíbrio para educar sexualmente. De um lado temos ainda uma educação repressiva e de outro, uma educação pós-moderna sem qualquer limites éticos e estéticos, cuja liberalidade atingiu ares de promiscuidade. Ainda educa-se a menina para cuidar-se, como se a sexualidade do homem fosse incontrolável, e não é,  homens não são predadores, são animais racionais, ainda que a primeira marca da sexualidade seja impulsiva, instintiva, somos seres humanos, dotados de razão e subjetividade e nossa sexualidade precisa de humanidade, e é, o carinho, o afeto, o respeito que a humaniza, devíamos educar os meninos para o respeito. No entanto, essa cultura machista naturaliza a violência e acaba deixando espaço ao estupro como consequência dessa desumanização do homem, culpabilizando a vítima pela agressão sofrida. Nada, absolutamente nada justifica esse crime. A culpa não é do homem enquanto ser em si, mas da educação, da cultura, da sociedade que em vez de humanizar sua sexualidade, a desumaniza. Inclusive as vestimentas  e comportamentos são marcas culturais implícitas nas questões de gênero de cada sociedade e não devem ser usadas como pseudo justificativa para nenhuma forma de violência ou desigualdade sexual ou social. Não podemos esquecer que a indústria cultural reforça ainda mais essa cultura, seja através das propagandas, das novelas, da indústria pornográfica, da prostituição, das músicas que são difundidas e e reproduzidas como todas naturaliza, cujas mensagens incitam à violência e são sem dúvida, por si só, violências simbólicas contra a mulher.
Como educadora sexual, sexóloga,  vejo o quão distante grande parte dos educadores ainda se colocam dessas questões, enquanto isso, enquanto não reconhecermos nosso papel social vamos continuar sendo, mesmo que inconscientemente legitimadores dessas violências, desses estereótipos excludentes, impostos histórica e culturalmente na nossa sociedade. Sonho e luto com dia que juntos, homens e mulheres, reescreverão uma nova história de nossas sexualidades, pautada na afetividade, no respeito mútuo, no prazer, na liberdade e na igualdade. Como educadores  e educadoras, é inegável, que podemos sim, dar uma significativa contribuição para mudar essa desumana realidade.  (Profa. Dra Cláudia Bonfim)

quarta-feira, 25 de maio de 2016

Memórias sobre o envelhecer de meu Pai


Envelhecer. Já pararam pra pensar na beleza dessa possibilidade? Nem todas as pessoas conseguem atingir a plenitude e a maturidade da terceira idade, muito menos aprender a ser mais cuidadoso consigo, com o outro(a), a encarar o envelhecimento como o privilégio de crescimento, de enriquecimento, de poder desfrutar da vida em seus diversos momentos.
Envelhecer deveria ser olhado como um presente, são tantos laços que no decorrer dos anos vão enfeitando a vida da gente, são tantas dores superadas, tantas vitórias conquistadas, tantos amores vividos, tantos afetos divididos. Mas numa sociedade que prioriza o momentâneo, o “belo”, a vitalidade física, descarta-se a velhice, desconsidera-se o valor da história que foi construída para aquela e tantas outras (suas e nossas) vidas. É tão dolorido ver esse olhar de descaso às pessoas que tanto fizeram por esse mundo, por nós.
Eu tive o prazer de ver meu pai envelhecer, não tanto quanto gostaria, mas Deus nos deu a oportunidade poder ajudar a cuidar dele na sua convalescença, de poder ouvir suas histórias, garimpar suas memórias, dividir suas dores, seus valores, suas alegrias, seu amor pela família, seus aprendizados. Mas isto, só me fez ver, mais claramente, o quanto grande parte das pessoas não tem esse comprometimento, nem essa gratidão por aqueles que lhe ajudaram de alguma forma a ser quem eles são.
Foi árdua a luta de meu pai, assim como foram intensas todas as suas alegrias. Isso me fez a pensar nas tantas pessoas que abandonam seus pais, que não se importam com eles na velhice, quando eles invertem suas necessidades, quando deixam de ser úteis e passam a ter que ser cuidados, quando necessitam de um olhar mais atento, de delicadezas mais apuradas para suas dores, seus esquecimentos, seus temores. Como eu gostaria de poder tocar no coração das pessoas que ainda não reconheceram a beleza de ter com elas seus pais, de olhá-los com mais amor, de dedicar à eles mais tempo, mais cuidados.
Olhando no tempo, parece que foi ontem que eu era só uma menina, parecia distante a possibilidade de que a vida me roubasse a possibilidade de suas presenças físicas, mas o tempo é muito mais veloz do que podemos imaginar e, quando se vê, lá se foram... e fica aqui, só uma infinita saudade que não cessa, não diminui, só aumenta. Mas, quando a eles nos dedicamos fica também a consciência tranquila de que abdicamos de nós por eles, como eles por nós o fizeram, fica a intensidade do amor, do convívio, dos olhares, da humanidade que eles ajudaram a construir dentro de nós. 
Se você ainda tem um pai, lembra-te todos os dias de dedicar à ele seu amor, seu carinho, sua atenção, como se fosse este seu último dia. Entenda o envelhecer como a lapidação da jóia mais preciosa que alguém pode ter: a vida! E aproveite cada momento desse privilegiado envelhecimento para aprender a amar, porque de tudo que conquistamos nesse breve existência, a única coisa que nos eterniza é a memória de quem nos ama.

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