sexta-feira, 22 de outubro de 2010

LATÊNCIA - Desenvolvimento Psicossexual - Freud





Olá, de volta ao nosso blog Educação e Sexualidade, eu professora Doutora Cláudia Bonfim, quero enviar hoje um abraço para três leitores do nosso Blog. Um abraço ao Valdecir Barbosa meu aluno do Curso de Administração da Faculdade Dom Bosco e à minha aluna do Curso de Licenciatura em Educação Física Josiane Balduíno Bueno de Araújo, obrigada pelo carinho e credibilidade para com nosso trabalho. E também como prometido, segue meu abraço ao meu amigo Hugo Salum do Blog Camaleão.
O post de hoje é sobre o Período de Latência que se dá entre 6  e 10 anos de idade. Vamos às nossas reflexões de hoje.

Latência (6 aos 10 anos de idade)

Após a Fase Fálica, meninos e meninas modificam a forma de se relacionar afetivamente com os pais, e focalizam suas energias nas interações sociais que começam a estabelecer com outras crianças, e nas atividades esportivas e escolares. Com a superação ou suspensão do “Complexo de Édipo e de Electra”.
Etimologicamente, latência significa estado do que se acha encoberto, incógnito, não-manifesto, adormecido. Seria o tempo entre o estímulo e a reação do indivíduo.
Neste período, a libido é impelida de se manifestar e os desejos sexuais não-resolvidos da fase fálica não são atendidos pelo ego e são reprimidos pelo superego. Freud afirma que o período de latência se prolonga até a puberdade:
Durante ele a sexualidade normalmente não avança mais, pelo contrário, os anseios sexuais diminuem de vigor e são abandonadas e esquecidas muitas coisas que a criança fazia e conhecia. Nesse período da vida, depois que a primeira eflorescência da sexualidade feneceu, surgem atitudes do ego como vergonha, repulsa e moralidade, que estão destinadas a fazer frente à tempestade ulterior da puberdade e a alicerçar o caminho dos desejos sexuais que se vão despertando. (FREUD, 1926, livro XXV, p. 128.).

Importante aqui para sua melhor compreensão conceituarmos a partir de Freud (1940, livro 7, pp. 17-18). o Id, o Ego e o Superego:

 “O Id contém tudo o que é herdado, que se acha presente no nascimento e está presente na constituição, acima de tudo os instintos que se originam da organização somática e encontram expressão psíquica sob formas que nos são desconhecidas. O Id é a estrutura da personalidade original, básica e central do ser humano, exposta tanto às exigências somáticas do corpo às exigências do ego e do superego. O Id seria o reservatório de energia de toda a personalidade.” “O Ego é a parte do aparelho psíquico que está em contato com a realidade externa. O Ego se desenvolve a partir do Id, à medida que a pessoa vai tomando consciência de sua própria identidade, vai aprendendo a aplacar as constantes exigências do Id. Como a casca de uma árvore, o Ego protege o Id, mas extrai dele a energia suficiente para suas realizações. Ele tem a tarefa de garantir a saúde, segurança e sanidade da personalidade. Uma das características principais do Ego é estabelecer a conexão entre a percepção sensorial e a ação muscular, ou seja, comandar o movimento voluntário. Ele tem a tarefa de auto-preservação. o ego é originalmente criado pelo Id na tentativa de melhor enfrentar as necessidades de reduzir a tensão e aumentar o prazer. O Ego tem de controlar ou regular os impulsos do Id, de modo que a pessoa possa buscar soluções mais adequadas, ainda que menos imediatas e mais realistas. Esta última estrutura da personalidade se desenvolve a partir do Ego.
O Superego atua como um juiz ou censor sobre as atividades e pensamentos do Ego, é o depósito dos códigos morais, modelos de conduta e dos parâmetros que constituem as inibições da personalidade. Freud descreve três funções do Superego: consciência, auto-observação e formação de ideais. Enquanto consciência pessoal, o Superego age tanto para restringir, proibir ou julgar a atividade consciente, porém, ele também pode agir inconscientemente. As restrições inconscientes são indiretas e podem aparecer sob a forma de compulsões ou proibições. O id é inteiramente inconsciente, o ego e o superego o são em parte. "Grande parte do ego e do superego pode permanecer inconsciente e é normalmente inconsciente. Isto é, a pessoa nada sabe dos conteúdos dos mesmos e é necessário despender esforços para torná-los conscientes" ( FREUD, 1933, livro 28, p. 88-89

Neste período após as descobertas e aprendizados da fase anterior, após perceber as diferenças biológicas sexuais, a libido sexual adormece. A criança usa então sua energia para o fortalecimento de seu ego, e para desenvolver o superego.  A sexualidade da criança torna-se ora reprimida, ora sublimada, centrando-se em atividades e aprendizagens intelectuais e sociais, como jogos, escola, e estabelecendo vínculos de amizades que irão fortalecer a identidade sexual de ambos, ou seja as características femininas e masculinas. Começam a ter novos referenciais de identidade,  como os professores (que geralmente passam a ser paixão da criança) e também passam a se identificar com os heróis das ficções.

Tendem nesta fase, a formar grupos de iguais, intensificando o relacionamento entre crianças do mesmo sexo. É quando se formam os chamados Clube do “Bolinha” e  da “Luluzinha”. É quando se adquirem os valores e papéis sexuais culturalmente determinados, surgem as brincadeiras de casinha, como “Papai e Mamãe”, entre outras e, é quando, segundo Freud, a criança começa a sentir vergonha e devido à moral imposta.


É importante salientarmos que os preconceitos de gênero e os papéis sociais são uma construção histórica. Culturalmente  fomos condicionados a vestir certas roupas, cores, exercer determinadas profissões, fruto do machismo da sociedade patriarcal. Claro que papéis femininos e masculinos que são oriundos da própria natureza biológica, como gerar filhos. Nesta fase é importante que pais e professores orientem as crianças de forma a conduzir à um processo de superação de alguns preconceitos de gênero a que fomos condicionaldos culturalmente.

Devemos esclarecer que se  a criança não tiver completado as fases anteriores, o período de latência será complexo podendo trazer à tona uma agressividade na criança. Já se os conflitos anteriores foram satisfeitos a criança irá lançar suas energias nas novas atividades e relações. E já com o superego desenvolvido a criança irá adquirir um maior senso de justiça, igualdade, aprendendo a compartilhar e desejar que seus tenham as mesmas coisas que ela.
Um abraço à todos e até o próximo post onde estaremos abordando sobre a Fase Genital e a Puberdade Precoce Precoce.

2 comentários:

  1. Olá Prof,
    Parabéns pela abordagem do tema, obrigada por nos despertar quanto ao desenvolvimento da sexualidade, a qual bem estruturada torna o ser psíquicamente bem sucedido, sem conflitos internos que refletem em todo o ambiente de convívio. Saúde sexual logo saúde mental...
    Beijos grande !!!

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  2. Professora, fiquei muito curiosa sobre o assunto e dias atrás ouvi falar sobre pais que pegaram as irmãs meninas, uma de 7 e outra de 4 anos brincando de "médico" nas partes genitais. Isso é normal? obrigada,

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