sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Homenagem aos Mestres da Educação Brasileira

Aos meus Amados e Imortais Mestres
 
 Neste dia comemorativo do Professor, embora nos denominamos Educadores,  registro nossa reverência e  profundo respeito e admiração pelos Mestres que regem a Educação Brasileira.
Vou me apropriar das palavras do discípulo de Sócrates, Xenofonte, que no final de sua obra Apologia de Sócrates escreve:
"Quando reflito na sabedoria e grandeza de alma deste homem (professores), não posso deixar de acordar-lhe a memória e a esta lembrança juntar meus elogios. E se dentre os enamorados de virtude alguém houver que haja privado com homem mais prestante que Sócrates, reputo-o o mais venturoso dos mortais (XENOFONTE, p. 173). "
Falar de meus mestres é, sobretudo, um falar da nobreza humana, de grandes amigos, semeadores de esperanças, alargadores de horizontes, de grandes Educadores,  embora esta palavra Educador não seja respeitada hoje, mas de uma beleza que não se mede.
Deixem-me contar uma pequena história, uma das muitas queridas lembranças que trago dos tempos idos da minha Infância Escolar e do meu Doutorado na Unicamp. Penso que ela ilustra a grandiosa dimensão humana destes meus mestres e amados amigos e a sabedoria que os caracteriza.
Gesa Donizete Moreira foi minha primeira professora, quem me ensinou lições de amor e amizade, companheirismo e solidariedade, e também a ler e escrever. Ela morava no sítio e no dia dos professores íamos todos à casa dela homenageá-la, cada aluno trazia um ingrediente do bolo e nossas mães se reuniam para fazê-lo. Caminhávamos quilômetros e quilômetros a pé, pelos carreadores rumo ao sítio para parabenizá-la. Era sempre um dia esperado por todos nós. Colhíamos rosas e flores pelo caminho e levávamos junto nosso buque de sorrisos, os olhinhos brilhavam quando a professora chegava. Com ela a sala de aula era sempre um ambiente de alegria, sentíamos prazer em aprender, foi ela quem me despertou a paixão pela docência.
Tive grandes professores também no Ensino Fundamental e Médio, mas a sensibilidade e afetividade da professora Gesa, foi quase insuperável, ela era educadora de fato.
E na Unicamp, conheci Mestres que também se tornaram minha referência, de Educadores e de Seres Humanos. Pois, eles com humildade, sabedoria, criticidade e amor pela educação entre tantas outras virtudes, me fez sonhar mais alto. Mas não é este o ponto alto dessa história...

Eu preciso aqui relatar, um dos gestos mais generosos que tive por parte de meu orientador na Unicamp o Prof. Dr. Silvio Gamboa e sua esposa Prof. Dra. Márcia Chaves e da minha amiga de Doutorado a Profa. Luciana Gerbasi, um gesto profundo de generosidade, ao abrirem sua casa para me acolher. Eles foram baluartes no meu período de Doutorado.

Devo destacar ainda, a humildade e um gesto que me emocionou profundamente daquele que é declaradamente meu ídolo teórico e referência, o Prof. Dr. Dermeval Saviani que me honrou profundamente com sua presença e de sua esposa Maria Aparecida, assistindo minha banca de Doutorado, e também a alegria de ter sido aluna da minha referência viva foi algo que não é possível dimensionar, uma emoção ímpar.

Sem falar do Prof. Dr. César Nunes, que é para mim é um referencial humano e docente, por sua sabedoria, humildade, afetividade e sensibilidade.

O Prof, Dr. José Luiz Sanfelice que nos encanta com sua doçura, sensibilidade e sabedoria.

O Prof. Dr. “Zezo” o José Claudinei Lombardi e a Profa. Dra Mara Jacomelli que com sua alegria, amizade e sabedoria que nos envolvem.

O Prof. Dr. Roberto Goto e o Prof. Dr. Renê que mesmo com seus jeitos formais, nos cativam com seu comprometimento e coerência, com uma doçura que o brilho dos seus olhos não conseguem esconder.


O Prof. Dr. Silvio Gallo, que com sua gentileza, sabedoria e humildade nos convoca a ler o mundo com olhos mais humanos.

E se formos analisar seus currículos veremos que eles realmente se destacam na História da Educação em nosso país, mas acredito que se quiséssemos registrar seus currículos em forma de arte era só colocarmos as fotos de tantos de seus alunos que os tem como mestres e espelhos, eles são isso mesmo. Seus maiores atos de amor são a generosa socialização de seus  conhecimentos e a forma amorosa com que oferecem aos seus alunos a possibilidade de se apropriarem deste conhecimento e se tornarem humana e profissionalmente melhores. Isso parece-me ser tão importante quanto o que eles escreveram, pois esses alunos são a obra viva de seus ensinamentos, são as sementes que eles deixam no mundo plantadas em cada um de nós, que tivemos e temos o privilégio de conviver com eles, de aprender  lições que nos tocaram e tocam fundo.
Estes Mestres serão certamente daquelas pessoas que deixarão sua marca de imortalidade, concretizada na vida de todos aqueles que como eu, tiveram a grata felicidade e honra de serem seus alunos ou conviver com eles em algum momento na Unicamp.
Foram muitas as coisas que aprendi e ouvi destes, e sobre estes mestres, e nunca esqueci, fiz dela ensinamentos para a vida. Foram e são, ainda mais numerosos, os gestos deles que eu não esqueci como: a solidariedade, a disponibilidade, a humanidade, a generosidade, a humildade, a afetividade. E como é isso importante: não se ater somente às palavras, ser capaz de gestos efetivos e afetivos!
Foi com meus Mestres, que aprendi a ser profunda e verdadeiramente humana, antes de ser pesquisadora ou de ser orientadora, ou tantas outras coisas que somos nessas nossas carreiras acadêmicas cada vez mais multifacetadas. Foi por causa dos meus Mestres que me encantei com a história, segui os caminhos da filosofia da educação, ampliei meus horizontes acadêmicos e humanos. E estes caminhos me trouxeram e continuam a trazer alegrias tão grandes quanto os desafios. E tudo por causa destes tão sábios e humildes Mestres que Deus certamente colocou propositadamente em minha vida, como aluna da disciplina deles, como integrante do grupo de pesquisa, como aluna da Unicamp, pessoas tão generosas com o seu conhecimento,  que sempre soube plantar palavras de estímulo antes de fazer qualquer crítica, e que, ao criticar, tinham sempre nos olhos o brilho e a humildade de quem estava crescendo junto com a ingênua aluna.
Vocês estarão sempre no meu coração e na minha memória, e fazem uma falta danada, na minha vida. Eu peço a Deus todos os dias por vocês. Cada vez que volto na UNICAMP levo sempre a esperança de encontrá-los pelos corredores da Faculdade de Educação, sempre prontos para uma boa e instrutiva conversa, pra um almoço e uma tarde regada a filosofia, sorrisos, música  e poesia.
Não tenho palavras para agradecer-lhes pela tamanha diferença que vocês fizeram e fazem em minha vida, por tanta coisa que trago em mim que foi plantada por vocês.
            Meu carinho, admiração e profundo respeito à vocês que se doaram inteiros e renunciaram a muitos de seus sonhos para que, pudéssemos realizar os nossos sonhos. Que são mestres por opção, conscientes de sua profissão.
Quantas vezes, nas noites sofridas do ônibus indo indo do Paraná para Campinas, meu corpo cansado, as dificuldades financeiras e meu conflito de mãe, me chamava a desistir, não mais querendo retornar à familiar cadeira da sala de aula da Unicamp. Porém, a vontade de aprender foi soberana, porque, se a simples presença de vocês anunciava que chegaram até ali, é porque eu também poderia chegar. Quantas vezes, vocês foram a força, a paciência, o acalento?
        Ao final do doutorado a vontade era continuar ali, a aprender e desfrutar da vossa companhia e sabedoria. Sei que agora caminharemos por estradas diferentes, mas consola saber que as recordações nos abraçam.  Não há despedidas entre mestres, carregamos vocês no mais profundo de nós, isto é, dentro de nossos corações, retratando a tua imagem, mestre. Lembrando do Mestre Ruben Alves " Ensinar é um exercício de imortalidade.  De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra.  O professor assim não morre jamais."
Como afirmou Fernando Pessoa: "o sonho é ver as formas invisíveis da distância imprecisa, e com sensíveis movimentos de esperança e de vontade, buscar na linha fria do horizonte a árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte, os beijos merecidos da verdade".
E finalizo esta homenagem, refletindo um poema de Baudelaire denominado "Nunca mais esqueci da cidade vizinha", em " As Flores do Mal" , um poema de Baudelaire à Mariette, uma criada que cuidou dele quando criança.
"Mas o que é uma cidade vizinha? É um território desterritorializado que não comporta distância, mas se aparta e quem visita é visitada... como o professor que visita o aluno e o aluno que visita o professor para ambos se tornarem uma cidade só.     Nunca mais me esqueci da cidade vizinha ..."
 Minha reverência, carinho, admiração, respeito e meu abraço a vocês meus queridos e amados Mestres.
 Profa. Dra Cláudia Bonfim

3 comentários:

  1. Admiro-a, ainda mais, pela humanizada história e por explicitar, com tamanha verdade, as lições apreendidas: "...gestos deles que eu não esqueci, como a solidariedade, a disponibilidade, a humanidade, a generosidade, a humildade, a afetividade."

    Afetividade é essa capacidade de despojar-se dos "títulos" arduamente alcançados e revelar-se, humildemente, tão somente humana, tão somente educadora!

    Meu carinho a você, Cláudia!

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  2. Obrigada amigo Gilmar, espero que já possa assim chamá-lo, afinal amigos são aquelas pessoas que aprendemos a admirar e querer bem. E se consegues me ver assim é porque dentro de ti estão presentes essas virtudes. Meu carinho a você também e minha gratidão pelo carinho e respeito que tens pelo meu trabalho.

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  3. Boa dia, Claudia!!

    Já te seguindo lá no outro blog, e agora aki!!
    E mais uma vez, te dou os parabéns pelo lindo trabalho que você vem tentando executar, e pelo visto Claudia, com êxito!
    Olha o Gilmar poraki tbm, mais um colaborador, de muita valia!

    Um ótimo domingo pra Ti, Claudia!!

    Bjs

    MARCIO RJ

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