quarta-feira, 30 de junho de 2010

SEXUALIDADE DE PESSOAS PORTADORAS DE NECESSIDADES ESPECIAIS

Uma reflexão polêmica e necessária, diz respeito à sexualidade das pessoas portadoras de necessidades especiais. A sexualidade é inerente ao ser humano, sendo assim, não podemos condenar ou ignorar que estas pessoas, independente das necessidades especiais que possuem, sentem necessidade de desenvolver, manifestar e viver sua sexualidade.
Entendemos que, no tocante à sexualidade das pessoas com necessidades especiais, esta  lamentavelmente, envolve ainda muitos preconceitos, em alguns casos, merece um tratamento cuidadoso e exige estudos mais aprofundados. Porém, negarmos ou ignoramos que como todo ser humano estes tem direito de manifestar e viver a sexualidade é contribuir para a perpetuação dos preconceitos e  mitos relacionados aos portadores de necessidades especiais.
Consideramos, ser necessário superarmos a visão negativa e meramente biológica da sexualidade e de mostrarmos os aspectos positivos da experiência de vida sexual das pessoas com necessidades especiais, buscando superar o enfoque de suas limitações e mostrar suas potencialidades.
Acreditamos, que sejam necessários estudos que desenvolvam uma metodologia de educação sexual adequada às necessidades dos portadores de necessidades especiais, que responda  suas necessidades específicas e contribua para que possam compreender e viver conscientemente sua sexualidade de maneira positiva, responsável e prazerosa, afinal, viver a sexualidade é direito e necessidade de todos nós.
Como já afirmei, a sexualidade é inerente ao ser humano e, é através dela nos desenvolvemos, conhecemos a nós mesmos e nos relacionamos com o outro e com o mundo. Precisamos compreender que, todo ser humano, para humanizar-se de fato, precisa se desenvolver sexualmente, ou seja, afetivamente, subjetivamente. Tanto uma pessoa dita normal, como uma pessoa portadora de necessidade especial, possuem sentimentos, sentidos, desejos, sonhos, instintos e devem ser respeitadas em suas singularidades como qualquer ser humano. Todos temos instintos sexuais naturais que nos possibilitam descobrir e compreender o nos dá prazer (no sentido lato palavra).  
Esse olhar preconceituoso sobre a sexualidade mudará apenas quando conseguirmos transcender a visão reducionista da sexualidade, alcançando o entendimento do que realmente é a sexualidade na sua totalidade. Superando preconceitos e possibilitando que todos possam viver qualitativamente, prazerosamente e conscientemente suas sexualidades. Lamentável que, ainda hoje, a sexualidade seja vista de forma negativa, quando é nossa forma de  ser, expressar e se relacionar com o mundo. Essa superação se dará, quando entendermos, que a sexualidade está relacionada a afetos, ou seja, a sentimentos, significados e sentidos e não puramente às genitálias.
Ao negar a sexualidade de uma pessoa, estamos negando a possibilidade de seu desenvolvimento pleno e saudável, e como consequencia, pode-se acarretar conflitos internos geradores de um desequilíbrio afetivo e comportamental, dificultando seu modo de se relacionar e diminuindo assim, as possibilidades de se tornarem seres psicologicamente saudáveis.
Uma sexualidade compreendida e vivida de maneira tranqüila, consciente, melhora nossa auto-estima e contribui positivamente para nosso desenvolvimento pessoal, social e afetivo. Diminui os conflitos na adolescência, possibilitando que na fase adulta possamos ser mais felizes e equilibrados. Incluindo as pessoas portadoras de necessidades especiais, que ao desenvolverem uma sexualidade tranqüila, saudável e consciente podem melhorar a relação consigo mesmo, com o outro, com o mundo.
Entendemos que, para mudarmos essa visão temos que educar sexualmente de maneira esclarecedora desde a infância. Porém, se as criança ditas normais, são vistas como assexuadas, pelos pais, escola e sociedade de maneira geral. Esse estigma é, ainda mais agravante, no que se refere àquelas crianças e adolescentes portadores de necessidades especiais, mas sobre o papel da família e da escola na educação sexual das crianças e adolescentes com necessidades especiais, trataremos num próximo post. Até lá!

2 comentários:

  1. Olá Drª Cláudia, meus parabéns por mais um belo artigo. O assunto comentado é de grande importância, pois falta conscientização das pessoas que dizem serem “os normais” a respeito do assunto.
    Nós Portadores de Necessidades Especiais podemos ter uma vida sexual totalmente ativa, só não temos por faltar mais oportunidades com a (o) parceira (o), pois a grande maioria desconhece que um PNE pode ser tão ativo quanto um não PNE.
    Eu sou tetraplégico e bem resolvido sexualmente, minhas parceiras são totalmente realizadas, sem fingimento! Lembro que uma delas teve seu orgasmo mais memorável aos 38 anos comigo, fiquei super feliz, pois coloquei alguns bacanas no bolso, rs.
    Como você disse tudo vai mudar quando as pessoas entenderem que o sexo também está relacionado a afetos, ou seja, a sentimentos, significados e sentidos e não puramente às genitálias.
    Algumas mulheres deixam de ficar com um PNE pensando no que as pessoas vão pensar. Você que se sentiu atraída por um Portador de Necessidade Especial não deixe de vivenciar o momento, pois só temos uma vida, deixe a sociedade com seus conceitos.

    Naldo.

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  2. O tema é realmente relevante, haja vista a profundidade da questão, se por um lado temos indivíduos com dificuldade em lidar com sua própria sexualidade (adultos/educadores) o reverso da moeda são indivíduos em formação receptivos a dita ‘verdade’....se instala aí...um processo bastante contraditório. A questão me parece simples... mas não simplória...A SEXUALIDADE É NATURAL. Independente da questão física ou intelectual do indivíduo.

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