sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Sobre a tal máquina de camisinha nas escolas

Eu fico indignada com quem inventou isso, como se o problema da sexualidade fosse apenas prevenção de DST´s e gravidez. Meu Deus (me perdoem vou usar uma linguagem nada acadêmica), mas é para mostrar minha indignação mesmo!

Será que as pessoas que são responsáveis por essas campanhas conhecem a história da sexualidade humana? Será que sabem de fato definir Sexualidade?

É claro que acreditamos que a Educação Sexual, é uma maneira eficaz para combater doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), gravidez precoce, mas a Educação Sexual especialmente significa uma possibilidade de quebra de tabus e preconceitos, de conscientização, de aquisição de uma ética sexual, de valores.

E ai você coloca a máquina de camisinha na escola e o jovens acham o que? Me perdoem, mas tenho duas filhas adolescentes, ministro palestras em diversas escolas para crianças e adolescentes e ainda que não fosse assim, sabemos que eles não tem maturidade para assimilar isso. Então, ai pegam a camisinha e vão achar que assim, estão protegidos e pronto, podem sair por ai fazendo sexo. Nossa me revolta algumas campanhas reducionistas assim, que contribuem no âmbito da saúde ( o que não deixa de ser importante), mas não dão conta da complexidade do tema, nem de longe.

Claro que de certo modo, pelo menos eles terão acesso aos preservativos agora, pois nós que atuamos como educadores sexuais na escolas sabemos que muito dos jovens não tinham dinheiro para comprar e não buscavam o preservativo nos Postos de Saúde como já disse anteriormente, primeiro porque era exigência nos Centros de Saúde era que se tivesse 18 anos e que se apresentasse identidade, e segundo porque se sentiam constrangidos. E claro basta conversar com os jovens como eu converso pra saber que estes não usam preservativo na primeira relação sexual e continuam não usando depois (aliás não só os jovens, adultos também), portanto falta CONSCIENTIZAÇÃO! Alguns usam no início dos relacionamentos, mas quando o relacionamento fica estável, o uso da camisinha é deixado de lado, outros simplesmente não usam. Porém,a distribuição de preservativos é como já disse uma medida que pode ajudar mas são paliativas, precisamos desenvolver um programa contínuo de conscientizacão dos jovens e de toda populacão sobre como viver uma sexualidade saudável e não apenas no aspecto de prevencão de DSTs mas da saúde psicológica e emocional das pessoas. Precisamos de um programa de educacão sexual emancipatória que trate supere essa visão reducionista da sexualidade. Precisamos de uma política voltada à questão sexual, que é uma problema social, e urgente! Basta vermos os altos indíces de DST´s e gravidez não planejada. E informações biológicas e preventivas como estas existem há um bommm tempo nas escolas, e não são suficientes, será que ainda não deu para entender isso, nunca foram suficientes para EDUCAR, são preventivas e informativas no âmbito da saúde e nem disso deram conta.

Apesar dos “avanços ideológicos”, faltam atitudes, pois existe uma grande diferença entre informar e educar. Creio que a Educação Sexual é um processo educativo que possibilita não apenas o conhecimento biológico, mas a formação de valores e atitudes referentes à forma como vivemos nossa sexualidade. Nesse viés, consideramos que a Educação Sexual pode contribuir, entre outros fatores, para a diminuição dos índices de gravidez na adolescência, a redução da transmissão entre os jovens de DSTs, mas a partir do momento que tornar o jovem conhecedor do que representa a sexualidade humana para si próprio e no contexto da sociedade brasileira.

A Educação Sexual visa esclarecer sobre os tabus e preconceitos existentes na sociedade, promovendo o respeito pela liberdade de expressão, de orientação sexual, abrindo espaço para se discutir conceitos e problemas da adolescência, namoro, sexo seguro, gravidez, aborto, orientação sexual, abusos sexuais, violência, responsabilidade, maturidade, afetividade. Mesmo com os “avanços” da liberdade sexual, é possível constatar que a família ainda não privilegia um diálogo sobre sexualidade, ou este é pobre ou inexistente; e mesmo nas escolas, o debate é tímido e ocorre voltado para os aspectos biológicos; os educadores, como também os profissionais da saúde, parecem permanecer com posturas impregnadas de preconceitos e tabus, talvez por também não possuírem um embasamento histórico e teórico aprofundado sobre o tema em questão. É um desafio que coloca em campo suas possibilidades individuais, interagindo com o meio e a cultura ao seu redor. São períodos de vivência com pessoas diferentes, expressando valores diferentes abrindo momentos de conflitos e confrontos que, evidentemente, podem ser decisivos e contribuir para o alcance da melhor maneira de como lidar com a sexualidade em termos de troca de afeto e prazer. Dependerá das informações e comportamento das pessoas com as quais convive, como amigos, professores e família. Mas nem sempre as informações e aprendizagens a que o jovem estará submetido conciliam as abordagens biológica, psíquica e a sociocultural, conforme se almeja.

EU ME COLOCO À DISPOSIÇÃO VOLUNTARIAMENTE PARA CRIAR UMA POLÍTICA SEXUAL SOCIAL QUE ALÉM DESSE ENFOQUE MÉDICO-HIGIENISTA-BIOLÓGICO atenda a SEXUALIDADE em sua totalidade.

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