terça-feira, 29 de dezembro de 2009

"Barebacking" no Brasil

Creio que diante do crescente número de pessoas contaminadas pelo HIV em nosso país traz a necessidade dessa reflexão. Tanto de se falar da prática do Bareback em si, como também abordarmos sobre a necessidade do uso do preservativo em qualquer tipo de relação sexual.

O termo “Bareback” ou “Barebacking” tem origem nos Unidos, a expressão significa –se montar a cavalo sem sela ou à pelo. Inicialmente referia-se apenas à relação sexual anal praticada entre homens sem preservativo. Mas atualmente a definição mais coerente para o Barebacking seria pratica sexual sem camisinha, ou qualquer pratica sexual desprotegida, independente da orientacao sexual de seus praticantes, pois nos dias de hoje essa prática não é realizada apenas entre homossexuais, se estendendo também entre heterossexuais e Bissexuais, o que se confirma através de dados do Ministério da Saúde e UnAids que apontam o índice crescente de contaminação entre os heterossexuais.

Estatísticas divulgadas pelo Ministério da Saúde mostra que em 1996, no Brasil, o índice de heterossexuais, com mais de 13 anos, contaminados pelo HIV se configurava em torno de 22,4% do total de 16.938 infectados. Em junho de 2008 esse percentual praticamente dobrou atingindo 45,7%.

As motivações entre os praticantes da “Roleta Russa”, como também é conhecida revelam que esta prática, se configura entre o sadismo e o masoquismo numa numa espécie de fronteira entre tensão e o prazer do contato sensorial e o risco de infecção ou apenas entre duas pessoas ou nas chamadas “Baryparty”. Ainda, os praticantes sentem prazer em transgredir a ordem sexual vigente do sexo seguro, o prazer esta ligada ao fato de não haver limites no ato sexual.

Um discurso comum entre os praticantes tanto do Barebacking é que vivem uma forma de prazer intensamente livre. Interessante ainda observar que, os praticantes do sexo grupal (não apenas do Barebacking) de maneira geral, considerados entre muitos uma forma de relação sexual moderna e liberal são em sua maioria pessoas com um certo status social, poder aquisitivo e com formação universitária, ou seja, pessoas que podemos dizer “esclarecidas” sobre os riscos que correm.

Nas “Baryparty” o fetiche é praticar sexo com vários pessoas e muitos com pessoas desconhecidas, nestas festas o “Barebacking” já se configura em crime no Brasil, pelo agravante é que em muitos casos a este fetiche agrega-se o fato de que essas pessoas possam ser soropositivas. Embora tenhamos que esclarecer que nem todas os praticantes querem adquirir o virus, na verdade eles nem pensam em nada, sao totalmente indiferentes as consequencias que possam advir desta pratica.

E não se trata aqui, de condenar o que cada um faz com seu corpo e sua sexualidade, trata-se apenas convocar as pessoas à um reflexão sobre a necessidade da prevenção, cuidado e respeito com seu próprio corpo e com o outro. Lembrando que o prazer maior que podemos dispor está em viver saudavelmente.


Importante ressaltar que as mulheres devem se previnir sempre, pois muitos homens embora não assumam, vivem uma relação bissexual e contaminam suas parceiras.

Nossa luta maior é por uma sexualidade livre, porém, consciente e saudável. Lembrem-se as escolhas são de cada um, e as conseqüências também. Sera que o prazer momentâneo pode ser maior que o prazer viver?

Viva uma sexualidade prazerosa, mas acima de tudo pautada na responsabilidade com a sua vida e a vida do outro. Use preservativo!

*Para quem quiser aprofundar-se sobre o tema, que ainda possui poucos estudos eu recomendo a leitura da tese de doutorado abaixo que foi uma das minhas referencias.

SILVA, L.A.V. Desejo à flor da tel@: a relação entre risco e prazer nas práticas de barebacking. Tese de Doutorado. Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Universidade Federal da Bahia. Salvador, 2008.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Voce usa presertativo nas suas relacoes sexuais? Devia!


Amanha vou postar um trecho do artigo que estou escrevendo sobre a pratica do *Bareback*, que cresce no Brasil nao apenas entre homossexuais, mas tambem entre heterossexuais, creio que seja importante fazer uma reflexao sobre essa problematica que ja se torna um caso de saude publica no Pais.




sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Desejos de Natal

Nesse Natal eu tive mais a agradecer do que há pedir ao Papai
Noel, afinal ele foi generoso comigo o ano inteiro, na vida profissional e
acadêmica foi melhor do que esperei, em fevereiro o Doutorado, o coroamento da
Tese, o reconhecimento nacional do meu trabalho sobre sexualidade, foi bem mais
do que sonhei, entrevistas, reportagens, a CBN, o SBT, a rádio Jovem Pan, o
Jornal do Brasil, o Correio Brasiliense, o reconhecimento da validade da minha
tese pela fala da coordenadora de sexualidade no MEC.
E na vida pessoal inúmeras realizações e alegrias
incontáveis.
Então, o que eu pediria?
Só que essas alegrias se mantenham e que eu possa ter sáude
para continuar, sonhando, desejando, amando, sorrindo, trabalhando, escrevendo,
sentindo...
Hoje só passei aqui pra dizer que o meu desejo maior era que
em todos os dias do ano, as pessoas tivessem esse espírito de amor, esperança e
paz que se irradia no natal.
Beijos à todos, com Deus no coração, sempre!

domingo, 20 de dezembro de 2009

A Sexualidade em Poesia com Vinicius de Moraes

Soneto do amor total

Amo-te tanto meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te enfim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente

Hei
de morrer de amar mais do que pude.

A SEXUALIDADE EM MUSICA

Baby
A emoção me trouxe aqui
Pra tudo que o seu desejo
For capaz
Eu quero a sensação
Suprema dos mortais
O gozo insano e soberano
Dos animais

Baby
Você me inflama quando diz
Eu tenho o amor
Que você sempre quis
E aperte o corpo mais
Eu já to por um triz
Dá impressão de enlouquecer
De ser feliz...



|...| O que você quiser de mim
Não peça por favor
Possua enquanto eu tenho
Eu quanto eu vou
Deixe o espelho refletir
Meu desejo por ti
Num entra e sai de amor

"ENTRA E SAI DE AMOR - ALTAY VELOSO"


A sexualidade em poesia com Manuel Bandeira

A ARTE DE AMAR

"Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.

As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não."

*MANUEL BANDEIRA*


"CONTRADICOES?

NAO. ACREDITAMOS QUE SEXUALIDADE, ASSIM COMO O AMOR, E ENTENDIMENTO DE CORPOS, E NAO ENTENDIMENTO DE ALMAS.
VEJA QUE EU DISSE ANTERIORMENTE, "ENCONTRO", E CONTINUO ACREDITANDO, OS CORPOS SE ENTENDEM, AS ALMAS SE ENCONTRAM. EIS A PLENITUDE, QUANDO PERMITIMOS QUE OS CORPOS SE ENTENDAM PARA QUE AS ALMAS SE ENCONTREM...
QUANDO DESNUDAMOS OS CORPOS E DESPIMOS AS ALMAS DE CONCEITOS, PRE-CONCEITOS, TABUS, MEDOS, CULPAS! PELA ENTREGA SUPREMA!"

CLAUDIA BONFIM


A sexualidade em Poesia com Gregorio de Mattos

"O Amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.

Uma confusão de bocas,
Uma batalha de veias, um rebuliço de ancas;
Quem diz outra coisa, é besta.”

'Gregório de Mattos'

"A sexualidade... um misto de selvagem e doce, de corpo e alma, de necessidade e querer, de vontade e desejo, de voracidade e ternura. Sexualidade é sempre dialética. Mas penso que a sociedade que banalizou a sexualidade, tirou dela o encanto da alma, esvaziou os sentidos, engessou nosso sentir, deturpou nossos conceitos, sendo assim, faz-se necessário provocar um alargamento da nossa percepção de que a sexualidade se esgota no orgasmo do corpo, nos permitindo sentir e entender que ela se torna sublime e atinge sua plenitude, no encontro do orgasmo do corpo com o orgasmo da alma. Sentir com todos os nossos sentidos plenos de afeto, encantamento, entrega, paixão, erotismo, sedução...
Se atreva a fugir da sexualidade vigente, experimente SENTIR!
Se atreva a provar da sexualidade plena de sentidos e supere a sexualidade que apenas esvazia o corpo."

*Claudia Bonfim*

De Volta ao nosso deleite!

  • Primeiro queria me desculpar pela demora em retornar às postagens, porém esse segundo semestre foi atípico em todos os setores, além das demandas da profissão docente, da coordenacão de TC, dos meus escritos e pesquisas, e das participacões em congressos e simpósios, final de semestre e sempre uma correria, ainda mais com centenas de provas, trabalhos, resenhas e projetos para corrigir. Mas enfim, sobrevivemos! Agora de férias, vou poder dedicar um tempo aos meus escritos e poesias e sonhos mais subjetivos. Quero postar hoje algo que já havia prometido, eu diria que não é uma resenha, uma espécie de degustação, para que vocês sintam o gosto, e sintam vontade de saborear o livro no todo, seria um convite à leitura de "Eros e Civilizacao" de Herbert Marcuse. Apresentaremos na verdade, dois conceitos (categorias) necessários na compreensão dessa obra, a conceituação de Repressão Sexual e Trabalho.

    Marcuse se utiliza de conceitos psicanalíticos buscando uma melhor compreensão da Repressão Sexual, utilizada por nossa sociedade para sua auto-conservação. Ele denomina essa sociedade unidimensional ou seja, sem dimensões e/ou diferenciações de valores. Tudo equivale a tudo, todos a todos (como se, basicamente, tudo fosse mercadoria), numa condição de objetos de consumo.


    Apresenta ainda, o que ele chama de sociedade administrada, isto é, não há real (pura) liberdade de expressão. Tudo o que dizemos, fazemos, pensamos, gostamos e não. Ele coloca que tudo é controlado por uma força maior, inapontável e incombatível.

    Marcuse fala sobre o que ele conceitua como Super-Repressão, que afirma ser um conjunto de restrições e imposições que auxiliam a domesticação do Homem para o convívio em sociedade, indo além do Recalque e da Contenção do Princípio de Prazer por exigências do Princípio de Realidade de Freud. Quando Freud expõe a Contenção do Princípio de Prazer, ele traz uma explicação que o homem vive em constantes angústia e penúria, assim devendo trabalhar para sobreviver a esse desgosto. Com isso, não só a Libido é sublimada e convertida num melhor rendimento, mas também o prazer é ensinado a se protelar para suportar frustrações e angústias longas (às vezes definitivas). Ou seja, nessa vertente o trabalho (de certa forma deveria ser convertido “em prazer”, ou melhor, em momento de anestesia para nossas ângústias, com a mente ocupada com o trabalho, nosso corpo não “sofreria”, ou melhor nossa Libido torna-se oculta. Na Super-repressão não é o bem-estar individual que importa e sim a existência e bem estar na sociedade. Considera-se que a Super-Repressão, assim como fragmenta as condições existenciais desses indivíduos sociais quase que absolutamente, fragmenta também a sexualidade.


    Ou seja, o trabalho torna-se o aspecto central e fundamental de nossa existência, e para que este seja aceito como valor e virtude central, ocorre a dessexualização e deserotização do corpo destruindo as múltiplas zonas erógenas que possui afirmando que qualquer estímulo a elas é imoral, perverso e criminoso, reduzindo a sexualidade então a mera cópula com fins procriativos, limitando-a à genitalidade (ainda assim “controlada” e reprimida).

    E aqueles que buscam superar essa Super-repressão, buscando a satisfação de suas necessidades, desejos e vontades, se for conservada, serão considerados socialmente pervertidos, imorais ou criminosos. Porém, a Super-Repressão não visa à dominação por si só, mas sim à funcionalização do Homem transforma o trabalho que era virtude em trabalho alienado, privador de satisfação, prazer, alegria e compensações (sendo essas últimas adiadas, mas nunca alcançadas), assim destornando-o fonte de criação e sublimação. Acaba por matar o prazer. A sociedade racionalizada é uma sociedade funcional, isto é, nela tudo o que existe, só tem direito à existência se for definido por um função útil, adequada e aceita: a sexualidade será, então, a função especializada em procriar e função especializada de alguns órgãos do corpo.

    Para que a Super-Repressão ocorra devidamente é necessário, contudo, que ela esteja internalizada; e, para que possa ser internalizada, recorre à divisão do tempo e espaço, limitando-os e suas possibilidades de propiciarem um momento para a sexualidade. E, para piorar, essa limitação de tempo-espaço não ocorre só com o sexo, mas também com o lazer. Essa problemática implica num terrível dilema: o tempo possível de ser dedicado ao lazer é o mesmo da sexualidade. Diante dessa limitação temporal e espacial de possibilidade de satisfação o indivíduo encontra a opção mercantilista de sexualidade como uma “válvulva” ilusória de escape a pornografia, motel, sauna, casa de massagem, casas de swing, trazendo uma ilusão de liberdade sexual. E é por esse caminho que a Super-Repressão se articula com o Princípio de Rendimento.


    A super-repressão não se contenta com a dominação e a funcionalização. O trabalho que ela valoriza e transforma em virtude é o trabalho alienado, isto é, aquele que não traz satisfação, nem alegria, nem compensações, que não é fonte de criação, nem possibilidade de sublimação. Trabalho ascético da vida ascética, o trabalho super-reprimido não protela nem substitui o prazer: apenas o mata.


    Marcuse o determina como forma contemporânea do princípio de realidade: consumir para produzir e produzir para consumir. Com isso, o indivíduo sente-se humilhado se não atinge às demandas de consumo e produção impostas pela sociedade. Com isso, a identidade do indivíduo não depende mais da relação [corpo-psique-ics-consciência Natureza-cultura], mas dos critérios de avaliação social. Deixamos de ser autônomos quanto à sexualidade e nossas próprias vidas para sermos heterônomos ou seja, deixamos de seguir nossas próprias leis e passamos a ser determinados por leis alheias. Super-Repressão e Princípio de Rendimento, dessa forma, reduzem o Eros a quase zero e alimentam Thanatos em seu cruel e perverso desejo de morte, vazio e fim.


    Acontece que, assim como o recalcado retorna, retorna a Libido reprimida igualmente, que assume três modalidades de manifestação: Princípio de destruição; numa outra, ela reduz os autômatos humanos à infantilização, ao conformismo, à dessublimação repressiva (como, por exemplo, a exibição dos corpos nus pela propaganda como profanação); numa terceira, enfim, ela torna possível a rebeldia de Eros, a transgressão que não é afirmação do existente, mas sua negação (por exemplo, as "perversões" sexuais como fonte de saúde e de vida). Nesta terceira via, a sexualidade rebelde parte em busca da unidade perdida, da recomposição do corpo e do espírito, e recusa funções.


    Vale a pena ler e reler! Nos leva a compreender a partir dos conceitos da psicanálise a repressão sexual obtida através da racionalização exercida sobre o trabalho e sobre toda a nossa vida pela sociedade contemporânea, que tenta e na maioria das vezes consegue, transformar tudo e todos em mercadoria, objeto de consumo, mercantilizando inclusive, a sexualidade. ele chama de sociedade unidimensional (isto é, uma sociedade sem dimensões e diferenciações, onde tudo eqüivale a tudo, se troca.

    Indico, para uma complementar compreensão da temática, a leitura do livro "Repressão sexual: essa nossa (des)conhecida" da brilhante professora Marilena Chauí, publicado pela

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