Texto: Mariana Tamashiro
Em Desnudando a educação
sexual (Papirus Editora), Cláudia
Bonfim propõe que o esclarecimento das crianças sobre sexualidade deve ser
feito de maneira ampla nos ambientes familiar e escolar .
Como abordar o tema sexualidade
com seu filho? E em que idade? Qual é o papel da escola nessa situação? Essas e
outras perguntas rondam a cabeça de pais e de educadores que, de maneira
equivocada, seja por timidez, por achar o assunto delicado ou até mesmo por
desconhecimento, muitas vezes consideram a educação sexual apenas uma forma de evitar a gravidez na adolescência ou
gravidez não planejada e DST´s e Aids. A autora Cláudia Bonfim, em Desnudando
a educação sexual, lançamento da Papirus Editora, defende que a
sexualidade deve ser tratada de forma mais ampla no ambiente familiar e
escolar, abordando questões culturais, sociais e psicológicas.
A obra busca orientar pais,
educadores, agentes sociais, pesquisadores da sexualidade e todos aqueles que
buscam compreender e vivenciar de maneira bonita, prazerosa, afetiva e
qualitativa essa dimensão essencial de nossa vida. “A
sexualidade ainda é um tema restrito porque as pessoas não foram educadas a
conhecê-la. Aprendem que é feia, errada, suja, perigosa, se sentem
envergonhadas ou tímidas, desconhecem seu próprio corpo, tratam a sexualidade de
forma superficial e não sabem como abordá-la. Para que ela deixe de ser vista dessa
maneira acredito que necessitamos superar essa fragmentação e essa visão
reduzida do que é sexualidade, por isso a necessidade de esclarecer aos pais,
educadores e gestores o que é sexualidade”, diz Cláudia. Ela acrescenta que esse
esclarecimento deve ser feito da maneira mais ampla possível. “Deve-se levar em
conta a dimensão da sexualidade, a amplitude, a importância na formação do ser
humano, tanto para sua humanização e autoestima quanto para as relações
afetivas e sexuais. A partir dessa compreensão é possível começar a pensar na
superação dos preconceitos e tabus relacionados à sexualidade”, explica a
autora.
Cláudia
Bonfim dividiu o livro em duas vertentes: a família e
a escola. “Penso que as duas são instituições primordiais para tratar a
educação sexual de maneira significativa. Entendendo a sexualidade como uma
construção sócio-histórica-cultural, que perpassa especialmente pelas nossas
experiências e vivências afetivas e sexuais. A sexualidade só pode ser
compreendida a partir de nossa totalidade, e essa totalidade se desenvolve principalmente
no ambiente familiar e escolar”, diz. A autora destaca que, segundo Freud,
experiências vividas na infância marcam a personalidade e a forma como as
pessoas irão se relacionar com elas mesmas, com as demais e com o mundo para
toda vida. “Por isso é essencial que os pais e docentes compreendam como a
sexualidade se desenvolve para poder contribuir de maneira significativa e
positiva no desenvolvimento da sexualidade das crianças e dos adolescentes”,
ressalta Cláudia.
Ainda de acordo com ela, o livro é uma tentativa de
esclarecer a educação sexual, abordando didaticamente conceitos que são
fundamentais ao entendimento da sexualidade humana. “Baseei o livro em
estudiosos conceituados do campo da sexualidade e educação sexual, nos quais
busquei subsídios teóricos e orientações pedagógicas práticas que pudessem ser
desenvolvidas na práxis, para proporcionar reflexões sobre a vivência da sexualidade
na escola”, conta.
No livro, Cláudia mostra a importância da educação sexual na
família e no ambiente escolar, apontando questões que precisam ser superadas e
potencializadas para que as pessoas possam pensar a sexualidade numa
perspectiva emancipatória. “Mostro também a importância e as fases do desenvolvimento
psicossexual da criança a partir de Freud. Faço ainda uma crítica aos fatores
que influenciam negativamente a vivência da sexualidade”, enfatiza.
Ela acrescenta que a capa do livro Desnudando a Educação Sexual
(um fio de linha se desenrolando) retrata a intenção do seu conteúdo. “É uma
síntese do livro, que é desnudar, desenrolar, esclarecer a sexualidade, usando
a linha como metáfora, o fio de uma roupa sendo desfeita, e dentro, as palavras
tentando desfazer os (pré)conceitos que carregamos em cada um de nós, passando
a enxergar a sexualidade em sua essência humanizadora, prazerosa e afetiva”,
finaliza Cláudia Bonfim.
Sobre a autora:

Cláudia Bonfim é licenciada em Biologia,
especialista em Metodologia e Didática do Ensino, ambos pela Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras de Cornélio Procópio, campus da Universidade Estadual do Norte do Paraná (Faficop/Uenp).
Mestre em Educação pela Uenp, doutorou-se em Educação na área de história,
filosofia e educação na Unicamp, onde é membro do Grupo de Estudos e Pesquisa
Paideia. Professora universitária na Faculdade de Ensino Superior Dom Bosco
(FDB), em Cornélio Procópio, é ainda coordenadora/tutora do Grupo de Estudos e
Pesquisa em Educação e Sexualidade (Gepes), financiado pelo Programa de
Educação Tutorial (PET) do Ministério da Educação (MEC) e pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Ocupa a vice-presidência
nacional da Associação Brasileira para a Educação Sexual (Abrades) e atua
principalmente com os temas: educação sexual, educação e diversidade, ética e
educação, história da educação e filosofia da educação. Conta com diversos
artigos publicados e apresentações de trabalhos em congressos, além de ser
autora do livro Educação sexual e
formação de professores: Da educação sexual que temos à educação que queremos.

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