Neste dia 21 de março, considerado o Dia Internacional da Síndrome de Down, vale a pena ouvir este áudio-post.
quinta-feira, 21 de março de 2013
segunda-feira, 11 de março de 2013
O "Amor Natural": sexualidade à flor da pele na poesia de Drummond
Se preferir ouvir este aúdiopost em vez de ler CLIQUE NO VIDEO ABAIXO:
Depois
de ler esse livro, O Amor Natural, lançando em 1992, Drummond, que já me
encantava, com seus poemas, mostrou-me que a natureza humana tem um quê de eros
e psiquê desinibidos, ele revela os sentidos, desnudando e traduzindo o lado bom da libido. Drummond escreve lindamente os
prazeres do corpo, a sensualidade da natureza humana, o alcance da psique, do
prazer lídimo, legítimo, do amor natural. Drummond transita entre o erótico e o
pornográfico com uma leveza tamanha, que nos deixa extasiados. Revela-se entre
o lado sexual instintivo e humanizado, a dialética perfeita, exultando a condição ínfima do ser humano, despido de qualquer pudor ou
moralidade. Mostrando o sexo no lado
primitivo e animal: ato, suor, sêmen, gemido, desejo, gozo, corpo. Socializo com vocês alguns poemas retirados
de O Amor Natural, de Carlos
Drummond de Andrade.
AMOR — POIS QUE ÉPALAVRA ESSENCIAL
Amor — pois que é palavra essencialcomece esta canção e toda a envolva.Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,reúna alma e desejo, membro e vulva.
Quem ousará dizer que ele é só alma?Quem não sente no corpo a alma expandir-seaté desabrochar em puro gritode orgasmo, num instante de infinito?
O corpo noutro corpo entrelaçado,fundido, dissolvido, volta à origemdos seres, que Platão viu contemplados:é um, perfeito em dois; são dois em um.
Integração na cama ou já no cosmo?Onde termina o quarto e chega aos astros?Que força em nossos flancos nos transportaa essa extrema região, etérea, eterna?
Ao delicioso toque do clitóris,já tudo se transforma, num relâmpago.Em pequenino ponto desse corpo,a fonte, o fogo, o mel se concentraram.
Vai a penetração rompendo nuvense devassando sóis tão fulgurantesque nunca a vista humana os suportara,mas, varado de luz, o coito segue.
E prossegue e se espraia de tal sorteque, além de nós, além da própria vida,como ativa abstração que se faz carne,a idéia de gozar está gozando.
E num sofrer de gozo entre palavras,menos que isto, sons, arquejos, ais,um só espasmo em nós atinge o clímax:é quando o amor morre de amor, divino.
Quantas vezes morremos um no outro,no úmido subterrâneo da vagina,nessa morte mais suave do que o sono:a pausa dos sentidos, satisfeita.
Então a paz se instaura. A paz dos deuses,estendidos na cama, qual estátuasvestidas de suor, agradecendoo que a um deus acrescenta o amor terrestre.
Sugar e ser sugado pelo amor
no mesmo instante boca milvalente
o corpo dois em um o gozo pleno
Que não pertence a mim nem te pertence
um gozo de fusão difusa transfusão
o lamber o chupar o ser chupado
no mesmo espasmo
é tudo boca boca boca boca
sessenta e nove vezes boquilíngua.
A língua lambe
da rosa pluriaberta; a língua lavra
certo oculto botão, e vai tecendo
lépidas variações de leves ritmos.
a licorina gruta cabeluda,
e, quanto mais lambente, mais ativa,
atinge o céu do céu, entre gemidos,
entre gritos, balidos e rugidos
de leões na floresta, enfurecidos.
A castidade com que abria as coxas
e reluzia a sua flora brava.
Na mansuetude das ovelhas mochas,
e tão estreita, como se alargava.
sepultura na grama, sem dizeres.
Em minha ardente substância esvaída,
eu não era ninguém e era mil seres
primeiro gesto nu ante a primeira
negritude de corpo feminino.
E nem restava mais o mundo, à beira
dessa moita orvalhada, nem destino.
Mimosa boca errante
à superfície até achar o ponto
em que te apraz colher o fruto em fogo
que não será comido mas fruído
até se lhe esgotar o sumo cálido
e ele deixar-te, ou o deixares, flácido,
mas rorejando a baba de delícias
que fruto e boca se permitem, dádiva.
impaciente de sugar e clausurar
inteiro, em ti, o talo rígido
mas varado de gozo ao confinar-se
no limitado espaço que ofereces
a seu volume e jato apaixonados
como podes tornar-te, assim aberta,
recurvo céu infindo e sepultura?
que devagar vais desfolhando a líquida
espuma do prazer em rito mudo,
lenta-lambente-lambilusamente
ligada à forma ereta qual se fossem
a boca o próprio fruto, e o fruto a boca,
oh chega, chega, chega de beber-me,
de matar-me, e, na morte, de viver-me.
Sem que eu pedisse, fizeste-me a graça
de magnificar meu membro.
Sem que eu esperasse, ficaste de joelhos
em posição devota.
O que passou não é passado morto.
Para sempre e um dia
o pênis recolhe a piedade osculante de tua boca.
na total impossibilidade de gesto ou comunicação.
Não te vejo não te escuto não te aperto
mas tua boca está presente, adorando.
Sugar
e ser sugado pelo amor
A
língua lambe as pétalas vermelhas
E
lambe, lambilonga, lambilenta,
A
castidade com que abria as coxas
Ah,
coito, coito, morte de tão vida,
em
mim ressuscitados. Era Adão,
Roupa
e tempo jaziam pelo chão.
Mimosa
boca errante
Boca
mimosa e sábia,
Mimosa
boca e santa,
Já sei
a eternidade: é puro orgasmo.
Sem
que eu pedisse, fizeste-me a graça
Hoje
não estás nem sei onde estarás,
Adorando.
Nunca
pensei ter entre as coxas um deus.
quinta-feira, 7 de março de 2013
Conhecimento é movimento!
Estou na Unicamp, iniciando meu pós-doutorado, estudar é necessário, pois o conhecimento é o motor do movimento.
E como dizia Rosa Luxemburgo, "quem não se movimenta não sente as correntes que o prendem.
Lembrando que amanhã "comemora-se" o Dia Internacional da mulher cabe convidar minhas companheiras mulheres a incorporarem esse movimento. Pois, somente quando nos movimentarmos conseguirmos sentir a força que essas correntes têm sobre nós e o quanto elas limitam nosso pensamento, nosso crescimento, nossos horizontes, nosso mundo interno e externo, nossa felicidade.
Desse movimento é que surgirá a indignação, a impossibilidade de ficar inerte, o desejo de mudança. No entanto, continuamos submetidos a um sistema opressor que opera em favor do capital, e que nos leva a acreditar que atingimos a tão sonhada "liberdade".
Para romper com a força dessas amarras precisamos ainda compreender que a mudança individual é a base da transformação social, mas que somente através de um movimento coletivo, somando nossas forças, dialogando com quem também luta pelo rompimento das correntes do sistema e seremos capazes de provocar movimentos fortes o suficiente, para romper com os dogmas e valores morais antigos e com as ideologias mercantis e banais da sociedade atual que ainda nos impedem de atingir a felicidade. Claro, essa tarefa não é fácil, entretanto não podemos continuar nos prendendo às dificuldades para justificar a nossa ausência de atitudes.
Finalizo este pensamento com Kollontai que nos convida à autodisciplina, em vez do sentimentalismo exagerado; à apreciação da liberdade e da independência, em vez da submissão e da falta de personalidade; a afirmação do direito de gozar dos prazeres e não a máscara hipócrita da "pureza". A sermos não mais uma sombra do homem, mas sim uma mulher com direito e necessidade de ter e manter sua mulher-individualidade. Porém, transformações de gênero exigem inevitavelmente a transformação das relações econômico-sociais.
Está na hora de nos libertarmos das amarras morais da sociedade antiga mas também das sedutoras correntes que mascaradamente continuam a nos prender em suas ideologias mercantis e banais. Já afirmava Kollontai: Todo o complicado código da moral sexual como o matrimônio sem amor e a instituição da prostituição, tão organizada e difundida, conduzem ainda que inversamente a humanidade ao caminho da degeneração e da falsa libertação. E deixo-lhes uma convocatória provocativa, com o desejo de lhes trazer inquietação para pensar: E nós, que esforço estamos fazendo para sentir as amarras que nos prendem? Qual o papel do Movimento que luta pela igualdade da mulher na sociedade atual? Já rompemos com o código moral antigo? E o código moral atual realmente nos liberta? Lembrem-se a luta não se resume a um dia apenas, ela deve ser cotidiana!

E para continuar esse pensamento vale a pena ouvir de novo os video-aúdios abaixo:
Lembrando que amanhã "comemora-se" o Dia Internacional da mulher cabe convidar minhas companheiras mulheres a incorporarem esse movimento. Pois, somente quando nos movimentarmos conseguirmos sentir a força que essas correntes têm sobre nós e o quanto elas limitam nosso pensamento, nosso crescimento, nossos horizontes, nosso mundo interno e externo, nossa felicidade.
Desse movimento é que surgirá a indignação, a impossibilidade de ficar inerte, o desejo de mudança. No entanto, continuamos submetidos a um sistema opressor que opera em favor do capital, e que nos leva a acreditar que atingimos a tão sonhada "liberdade".
Para romper com a força dessas amarras precisamos ainda compreender que a mudança individual é a base da transformação social, mas que somente através de um movimento coletivo, somando nossas forças, dialogando com quem também luta pelo rompimento das correntes do sistema e seremos capazes de provocar movimentos fortes o suficiente, para romper com os dogmas e valores morais antigos e com as ideologias mercantis e banais da sociedade atual que ainda nos impedem de atingir a felicidade. Claro, essa tarefa não é fácil, entretanto não podemos continuar nos prendendo às dificuldades para justificar a nossa ausência de atitudes.
Finalizo este pensamento com Kollontai que nos convida à autodisciplina, em vez do sentimentalismo exagerado; à apreciação da liberdade e da independência, em vez da submissão e da falta de personalidade; a afirmação do direito de gozar dos prazeres e não a máscara hipócrita da "pureza". A sermos não mais uma sombra do homem, mas sim uma mulher com direito e necessidade de ter e manter sua mulher-individualidade. Porém, transformações de gênero exigem inevitavelmente a transformação das relações econômico-sociais.
Está na hora de nos libertarmos das amarras morais da sociedade antiga mas também das sedutoras correntes que mascaradamente continuam a nos prender em suas ideologias mercantis e banais. Já afirmava Kollontai: Todo o complicado código da moral sexual como o matrimônio sem amor e a instituição da prostituição, tão organizada e difundida, conduzem ainda que inversamente a humanidade ao caminho da degeneração e da falsa libertação. E deixo-lhes uma convocatória provocativa, com o desejo de lhes trazer inquietação para pensar: E nós, que esforço estamos fazendo para sentir as amarras que nos prendem? Qual o papel do Movimento que luta pela igualdade da mulher na sociedade atual? Já rompemos com o código moral antigo? E o código moral atual realmente nos liberta? Lembrem-se a luta não se resume a um dia apenas, ela deve ser cotidiana!

E para continuar esse pensamento vale a pena ouvir de novo os video-aúdios abaixo:
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