quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Fase Genital - PUBERDADE

 
O tema de hoje ainda pautando-se em Freud versará sobre a Fase Genital. E para abordá-la vamos dividi-la em tópicos. Hoje falaremos sobre a Fase Genital e a Puberdade, num próximo post trataremos sobre a Puberdade Precoce e posteriormente sobre a masturbação e adolescência, temas presentes nesta fase e extremamente importantes. Vamos então, ao Post de hoje sobre a Fase Genital e a Puberdade.
A Fase Genital se dá com a chegada da puberdade (que diz respeito às mudanças físicas/biológicas) e da adolescência (maturação psicológica), nesta fase há o retorno do objeto erótico para os órgãos sexuais, mas o objeto de desejo não está mais somente no próprio corpo, e sim também no corpo do outro. Segundo Freud, atingir a fase genital é fundamental para se chegar ao pleno desenvolvimento biopsicossocial e intelectual de um adulto sendo capaz de amar, e no sentido genital se tornando capazes de atingir sua capacidade orgástica e aceitar conscientemente suas identidades sexuais distintas, buscando novas formas de satisfação para suas necessidades eróticas. 
 Na puberdade ocorre a maturação sexual, que nas meninas iniciava-se em média aos 10 anos de   idade, aumento dos seios, pelos pubianos, os pelos axilares acompanhados pelo desenvolvimento das glândulas sudoríparas que trazem o odor característico do adulto. Pode também ocorrer a presença de corrimento vaginal claro, 6 a 12 meses antes da primeira menstruação (menarca).

Já nos meninos  a maturação sexual pode ser percebida inicialmente pelo aumento do volume dos testículos, que ocorre me média aos 10 anos de idade. O crescimento do pênis, geralmente se dá um ano após o crescimento dos testículos. Inicialmente o pênis cresce em comprimento e posteriormente em diâmetro. Aparecem também os pelos pubianos em torno de 11 anos, os pelos axilares por volta dos 12 anos de idade e os pelos faciais e do restante do corpo por volta dos 14 anos em média. A idade da primeira ejaculação (espamarca), ocorre em torno dos 12 anos, em média. A mudança da voz é a maturação que ocorre mais tardiamente.

             È importante orientarmos ainda que nos adolescentes meninos também pode ocorrer o aumento do tecido mamário (ginecomastia puberal). Geralmente é bilateral, às vezes doloroso, com consistência firme e móvel. E o crescimento pode ser variar podendo esse crescimento ser classificado em três casos: Grau I (1 a 2 cm); Grau II (2 a 4 cm) e Grau III (5 cm ou mais). Tem início em torno de 13 a 14 anos e tende a regredir de maneira espontânea após 6 a 8 meses, caso essa diminuição não ocorra em até um ano, deve-se procurar um cirurgião plástico para avaliar se é um caso macroginecomastia (grau III), ou ginecomastia persistente.
É importante que pais e educadores tenham conhecimentos dessas transformações e fases pelas quais passamos desde a infância e na adolescência para podermos tranqüiliza-los e orientá-los adequadamente e amorosamente, estabelecendo um diálogo esclarecedor e sem caráter repressivo. Pois, como já afirmamos os relacionamentos, sentimentos e a superação de cada uma das fases do desenvolvimento psicossexual serão essenciais para nosso equilíbrio emocional na fase adulta.
Devemos ainda ressaltar que puberdade e adolescência não são a mesma coisa, embora algumas pessoas utilizem equivocadamente como sinônimos é necessário distingui-las. A Puberdade é a etapa como já dissemos que ocorrem aquelas mudanças fisiológicas, como o surgimento dos caracteres sexuais secundários, já Adolescência é o período que a pessoa começa a amadurecer. Inicia-se com a puberdade, mas se estende até que se alcance a maturidade física e mental, ou seja, implica não apenas em mudanças fisiológicas, como também mudanças psicológicas, afetivas, emocionais e sociais.
Finalizamos por hoje, mas no próximo post continuamos nossas reflexões ainda sobre a Fase Genital abordando sobre  a Puberdade Precoce e posteriormente daremos sequência as fases do desenvolvimento sexual abordando mais sobre a primeira menstruação e primeira ejaculação, polução noturna, masturbação, adolescência entre outros temas da sexualidade humana. Um abraço carinhoso e até lá!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

LATÊNCIA - Desenvolvimento Psicossexual - Freud





Olá, de volta ao nosso blog Educação e Sexualidade, eu professora Doutora Cláudia Bonfim, quero enviar hoje um abraço para três leitores do nosso Blog. Um abraço ao Valdecir Barbosa meu aluno do Curso de Administração da Faculdade Dom Bosco e à minha aluna do Curso de Licenciatura em Educação Física Josiane Balduíno Bueno de Araújo, obrigada pelo carinho e credibilidade para com nosso trabalho. E também como prometido, segue meu abraço ao meu amigo Hugo Salum do Blog Camaleão.
O post de hoje é sobre o Período de Latência que se dá entre 6  e 10 anos de idade. Vamos às nossas reflexões de hoje.

Latência (6 aos 10 anos de idade)

Após a Fase Fálica, meninos e meninas modificam a forma de se relacionar afetivamente com os pais, e focalizam suas energias nas interações sociais que começam a estabelecer com outras crianças, e nas atividades esportivas e escolares. Com a superação ou suspensão do “Complexo de Édipo e de Electra”.
Etimologicamente, latência significa estado do que se acha encoberto, incógnito, não-manifesto, adormecido. Seria o tempo entre o estímulo e a reação do indivíduo.
Neste período, a libido é impelida de se manifestar e os desejos sexuais não-resolvidos da fase fálica não são atendidos pelo ego e são reprimidos pelo superego. Freud afirma que o período de latência se prolonga até a puberdade:
Durante ele a sexualidade normalmente não avança mais, pelo contrário, os anseios sexuais diminuem de vigor e são abandonadas e esquecidas muitas coisas que a criança fazia e conhecia. Nesse período da vida, depois que a primeira eflorescência da sexualidade feneceu, surgem atitudes do ego como vergonha, repulsa e moralidade, que estão destinadas a fazer frente à tempestade ulterior da puberdade e a alicerçar o caminho dos desejos sexuais que se vão despertando. (FREUD, 1926, livro XXV, p. 128.).

Importante aqui para sua melhor compreensão conceituarmos a partir de Freud (1940, livro 7, pp. 17-18). o Id, o Ego e o Superego:

 “O Id contém tudo o que é herdado, que se acha presente no nascimento e está presente na constituição, acima de tudo os instintos que se originam da organização somática e encontram expressão psíquica sob formas que nos são desconhecidas. O Id é a estrutura da personalidade original, básica e central do ser humano, exposta tanto às exigências somáticas do corpo às exigências do ego e do superego. O Id seria o reservatório de energia de toda a personalidade.” “O Ego é a parte do aparelho psíquico que está em contato com a realidade externa. O Ego se desenvolve a partir do Id, à medida que a pessoa vai tomando consciência de sua própria identidade, vai aprendendo a aplacar as constantes exigências do Id. Como a casca de uma árvore, o Ego protege o Id, mas extrai dele a energia suficiente para suas realizações. Ele tem a tarefa de garantir a saúde, segurança e sanidade da personalidade. Uma das características principais do Ego é estabelecer a conexão entre a percepção sensorial e a ação muscular, ou seja, comandar o movimento voluntário. Ele tem a tarefa de auto-preservação. o ego é originalmente criado pelo Id na tentativa de melhor enfrentar as necessidades de reduzir a tensão e aumentar o prazer. O Ego tem de controlar ou regular os impulsos do Id, de modo que a pessoa possa buscar soluções mais adequadas, ainda que menos imediatas e mais realistas. Esta última estrutura da personalidade se desenvolve a partir do Ego.
O Superego atua como um juiz ou censor sobre as atividades e pensamentos do Ego, é o depósito dos códigos morais, modelos de conduta e dos parâmetros que constituem as inibições da personalidade. Freud descreve três funções do Superego: consciência, auto-observação e formação de ideais. Enquanto consciência pessoal, o Superego age tanto para restringir, proibir ou julgar a atividade consciente, porém, ele também pode agir inconscientemente. As restrições inconscientes são indiretas e podem aparecer sob a forma de compulsões ou proibições. O id é inteiramente inconsciente, o ego e o superego o são em parte. "Grande parte do ego e do superego pode permanecer inconsciente e é normalmente inconsciente. Isto é, a pessoa nada sabe dos conteúdos dos mesmos e é necessário despender esforços para torná-los conscientes" ( FREUD, 1933, livro 28, p. 88-89

Neste período após as descobertas e aprendizados da fase anterior, após perceber as diferenças biológicas sexuais, a libido sexual adormece. A criança usa então sua energia para o fortalecimento de seu ego, e para desenvolver o superego.  A sexualidade da criança torna-se ora reprimida, ora sublimada, centrando-se em atividades e aprendizagens intelectuais e sociais, como jogos, escola, e estabelecendo vínculos de amizades que irão fortalecer a identidade sexual de ambos, ou seja as características femininas e masculinas. Começam a ter novos referenciais de identidade,  como os professores (que geralmente passam a ser paixão da criança) e também passam a se identificar com os heróis das ficções.

Tendem nesta fase, a formar grupos de iguais, intensificando o relacionamento entre crianças do mesmo sexo. É quando se formam os chamados Clube do “Bolinha” e  da “Luluzinha”. É quando se adquirem os valores e papéis sexuais culturalmente determinados, surgem as brincadeiras de casinha, como “Papai e Mamãe”, entre outras e, é quando, segundo Freud, a criança começa a sentir vergonha e devido à moral imposta.


É importante salientarmos que os preconceitos de gênero e os papéis sociais são uma construção histórica. Culturalmente  fomos condicionados a vestir certas roupas, cores, exercer determinadas profissões, fruto do machismo da sociedade patriarcal. Claro que papéis femininos e masculinos que são oriundos da própria natureza biológica, como gerar filhos. Nesta fase é importante que pais e professores orientem as crianças de forma a conduzir à um processo de superação de alguns preconceitos de gênero a que fomos condicionaldos culturalmente.

Devemos esclarecer que se  a criança não tiver completado as fases anteriores, o período de latência será complexo podendo trazer à tona uma agressividade na criança. Já se os conflitos anteriores foram satisfeitos a criança irá lançar suas energias nas novas atividades e relações. E já com o superego desenvolvido a criança irá adquirir um maior senso de justiça, igualdade, aprendendo a compartilhar e desejar que seus tenham as mesmas coisas que ela.
Um abraço à todos e até o próximo post onde estaremos abordando sobre a Fase Genital e a Puberdade Precoce Precoce.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

COMPLEXO DE ELECTRA - Fases do Desenvolvimento Psicossexual


 
Que prazer estar de volta ao nosso blog Educação e Sexualidade, eu professora doutora Cláudia Bonfim, quero agradecer de coração às milhares de visitas que temos recebido aqui, as demonstrações de carinho dos leitores e seguidores. Hoje meu abraço é para o coordenador do Curso de Pedagogia da Faculdade Dom Bosco, nosso amigo e companheiro de trabalho professor Livaldo Teixeira da Silva que ontem nos declarou que acompanha todos os nossos áudios e elogiou nosso blog, e nossa voz, rs. Obrigada pelos elogios e um abraço para você. E claro um abraço a todos vocês que me escrevem, que mandam email, ou que pessoalmente tem declarado um apreço grande pelo nosso blog.
Dando continuidade as fases do desenvolvimento psicossexual, a partir de Freud, hoje iremos abordar sobre o Complexo de Electra, vamos ao post.

 O complexo de Electra é baseado no um mito grego segundo o qual Electra, para vingar o pai, Agamêmnon, incita seu irmão Orestes a matar a mãe, Clitemnestra, e seu amante Egisto, que haviam assassinado Agamêmnon.
Como vimos, no complexo de Édipo o menino sente um amor intenso pela mãe, identificando-se com o pai, sente desejo em ocupar seu lugar sentindo então raiva, medo e culpa. Imagina então que o pai pode cortar seu pênis (complexo de castração). A menina também vive este complexo, mas neste caso sente inveja do pênis, originando o denominado complexo de Electra.
A menina, nesta fase, sente uma espécie de frustração e ressentimento para com a mãe, culpabilizando-a por não possuir o pênis, este é um momento crítico no desenvolvimento feminino. Segundo Freud: "A descoberta de que é castrada representa um marco decisivo no crescimento da menina. Daí partem três linhas de desenvolvimento possíveis: uma conduz à inibição sexual ou à neurose, outra à modificação do caráter no sentido de um complexo de masculinidade e a terceira, finalmente, à feminilidade normal"(1933, livro XXIX, p.31).
Inicialmente, tal como os meninos é para a mãe que são dirigidos os impulsos eróticos da menina, mas por considerar-se castrada pela mãe, ela busca nas excitações clitorianas a resposta para o que a diferencia anatomicamente do menino, mas a  expectativa de que  o clitóris cresça e se transforme num pênis é logo descartada. O que gera um sentido de frustração para a com a mãe, quando ela sente que precisa abandonar o foco do clitóris para a vagina e canalizar o amor que sentia pela mãe no amor paterno.

Para as meninas, o problema do Complexo de Édipo é similar, inverso. A menina deseja possuir seu pai e vê sua mãe como a maior rival. A menina tenta seduzir o pai e, se o casal for funcional, quem vai faz o rompimento é a mãe, esclarecendo para a filha que ele é seu pai e marido da mãe. É num primeiro momento um choque entre mãe e filha, mas através de um bom relacionamento de troca e identificação com a mãe (colocar os cremes da mãe, o batom, os sapatos, as roupas) termina aqui o complexo de Electra.
Importante salientar que, no complexo de Édipo, o primeiro amor do filho é heterossexual (a mãe) e ele disputa com o pai. Já na questão feminina (Electra), o primeiro amor é homossexual (a mãe), por volta dos três anos instintivamente, a menina se apaixona pelo pai, e se sente traindo a mãe que foi seu primeiro amor, o que provoca um sentimento de culpa que pode marcar a menina pelo resto da vida; essa culpa pode acarretar numa relação disfuncional ou difícil como foi a relação com a mãe.
Porém, quando um casal tem uma relação desequilibrada afetivamente, pode ocorrer um Complexo de Electra Disfuncional, ou seja, a filha vai seduzir o pai e a mãe não faz rompimento, porque ela não se importa com o pai. A mãe inclusive, projeta na filha que ela seja a filha/esposa que o pai idealiza. Nesse caso, a filha deixa de ter um referencial no papel de pai, podendo ocorrer um envolvimento sexual que pode chegar a acontecer realmente. Ela é que pode não querer se casar, porque inconsciente se sente casada com o pai. Ou poderá buscar relacionar-se afetiva e sexualmente com homens mais velhos (que representam a figura do pai). Pode ainda acontecer dela não conseguir se relacionar afetivamente com a mãe (e vice-versa), por se sentirem rivais de fato, o que culmina na falta de referencia de pai e mãe. A filha pode ainda, criar uma aversão à mãe,  ela vai se identificar com o pai, porque a mãe não fez rompimento, porém ela pode criar uma identidade masculinizada e caso ela tenha uma irmã pode tratar a irmã como filha. Neste caso pode ocorrer uma homossexualidade latente ou emergente e esta poderá buscar na relação com outra mulher a mãe que não teve.  Há ainda aquelas mulheres homossexuais que amam o pai e odeiam a mãe, como o inverso, aquelas  que odeiam o pai e defendem a mãe que é anulada e submissa a esse pai.
Já quando o pai exerce o papel feminino, mas tem um relacionamento afetivo-sexual harmonioso com a mãe, quando a filha o seduz, a mãe faz o rompimento e a filha passa a se identificar com a mãe, que exerce o papel masculino no relacionamento do casal. Nesse caso, a filha irá ao relacionar-se afetiva e sexualmente procurar um homem que tenha a sensibilidade do pai.
Porém, quando essa inversão de papéis não é aceita pela mãe, e o casal tem um relacionamento em desarmonia, a mãe cria frente à filha uma imagem negativa do pai, o que pode ocorrer pelo fato do pai ser afetivo com a filha e a mãe sentir-se enciumada, o que pode dificultar o relacionamento da filha com outros homens, por ela não ter um referencial positivo do pai, por não valorizá-lo enquanto homem, sendo assim, a filha irá buscar uma relação homoafetiva com uma mulher que seja passiva como o pai.
A superação do complexo de Electra se dá quando a menina passa a se identificar novamente com a mãe, assumindo uma identidade feminina e buscando em outros homens referências como a do seu pai.
Importante apontarmos que, numa relação disfuncional entre um casal, ou seja, quando ambos não exercem nem seus papéis sociais masculinos e femininos nem suas funções pais, os filhos ficam órfãos de referenciais afetivo-sexuais, e com uma carência afetiva e emocional sobre como é ter e exercer o papel de pai e mãe. Muitas vezes, na relação é a criança que acaba exercendo o papel de seus cuidadores, tendo que tomar decisões que caberiam aos adultos. Esta criança, futuramente, poderá ter dificuldades emocionais e buscar na fase adulta de um relacionamento afetivo com uma pessoa que exerça não apenas o papel afetivo-sexual do relacionamento marido-mulher, mas também de forma compensatória, alguém que possa suprir a carência que a criança teve na infância de atenção, cuidado e amor paternal e maternal. Assim como, esta pessoa também irá exercer com o companheiro(a) diversos papéis. O tratamento que dispensará ao seu companheiro(a) irá se diversificar podendo tratar a outra pessoa ora como filho(a), ora como pai, ora como mãe.  
Importante lembrarmos que as atitudes, comportamentos e relações afetivo-sexuais dos pais serão base sobre a qual a criança formará sua identidade. Muitas vezes, neste período quer dormir entre os pais, dizendo que se sente amedrontada. Porém, devemos lembrar que embora seja que as crianças sintam-se protegidas também precisa aprender sobre limites.

Devemos esclarecer que temos espaços conjuntos e espaços individuais, que devem ser respeitados, por isso, vocês pais não devem permitir às crianças invadir sua privacidade. Temos que apoiar nos filhos, estar sempre presentes em suas vidas, protegê-los, fazer com se sintam amados, mas isso não significa anular nossa vida em função deles, quando nos anulamos seja por qual motivo for, nos tornamos pessoas frustradas e por isso incapazes de amar e ser feliz plenamente, e se não estamos bem não conseguimos proporcionar isso a outrem.
Não deixem de viver sua vida de casal em prol de manhas, choros que normalmente ocorrem quando os pais resolvem sair juntos, entendam que esse limite também é um aprendizado necessário para a maturidade da criança. Expliquem que assim como temos a hora de comer, de dormir, de brincar, de ir à escola, de fazer a lição de casa, de jogar com o papai, etc. Temos também a hora do papai da mamãe estarem juntos, namorar.
Ainda pautando na psicanálise se a criança não desenvolver adequadamente essa fase, ou tenha exemplos de identificação negativos, pai ou mãe  agressivos, repressores, alcoólatras, a criança cria uma aversão ao seu progenitor do mesmo sexo, e passa a se identificar com o outro, o que Freud aponta como uma polêmica causa para a homossexualidade. Ainda em relação a personalidade crianças que não superaram esta fase e tiveram pais muito rudes, podem tornar-se pessoas que querem sempre ditar as regras, esbanjar dinheiro, estar sempre na liderança, como forma inconsciente e compensatória de acreditar e mostrar que não sofreu a castração.
Crianças que superam amorosamente as fases do desenvolvimento psicossexual, serão adultos mais afetivos e  equilibrados, sensíveis, capazes de que expressar seus sentimentos, de cultivar amizades, enfim serão mais felizes.
Por hoje é só, no próximo post abordaremos sobre o Período de Latência. Forte abraço e até lá!

domingo, 17 de outubro de 2010

COMPLEXO DE ÉDIPO - Fases do Desenvolvimento Psicossexual


Olá, meus queridos leitores, seguidores e ouvintes, estamos de volta ao nosso Blog Educação e Sexualidade, eu professora doutora Cláudia Bonfim, com muita alegria e satisfação quero hoje mandar um abraço especial ao seguidor do nosso blog o Gilmar Morais de Belo Horizonte, MG.
Dando continuidade às nossas reflexões sobre as fases do Desenvolvimento Psicossexual, ainda na Fase Fálica, abordaremos sobre o Complexo de Édipo. Vamos recordar  o ponto de partida  da lenda grega, na qual Freud se baseou. O oráculo profetiza a Laio que seu próprio filho o matará, e tomará por esposa a mãe.Depois de escutar isto Laio ordena que perfurem os pés de seu filho recém-nascido – uma castração simbólica – e que o abandonem nas montanhas.De tal modo o pai, ao abandonar o filho nas montanhas o impede acesso a sua mãe. A viagem ulterior de Édipo a Tebas é uma segunda representação de seu nascimento. Uma vez mais seu pai o destrói no caminho, mas desta vez o filho o mata, não o conhecendo como tal, assim como um filho recém-nascido não conhece ainda seus pais. Vamos ao post de hoje...
A Fase fálica, como apontamos anteriormente, é quando a criança começa manifestar o interesse pelo conhecimento corporal, perceber as diferenças sexuais corporais e manipular seus órgãos genitais.
A descoberta do órgão genital dá início ao Complexo de Édipo. O menino ao descobrir o pênis  cria a necessidade de buscar o objeto que permitirá a obtenção de prazer, ou seja, segundo Freud, um elemento do sexo oposto, neste caso, a Mãe.Porém, se tudo ocorre de maneira funcional, a criança "entende" que a mãe tem um outro "objeto de desejo" que é o seu pai. É quando acontece a "triangulação" ou a questão "edipiana".
Partindo da psicanálise, podemos afirmar que, esse é um período essencial para a estruturação da personalidade e a base da identidade das pessoas..
É uma fase complexa, confusa para a criança, embora o menino veja o pai como rival, pelo desejo que ele sente e a necessidade da atenção e proximidade com a mãe, ao mesmo tempo, precisa e quer o amor do pai, com quem se identifica. É nesse sentido que a mãe também passa a ser vista com rivalidade.
Nesta fase, acontece o primeiro choque entre Pai e Filho, pois é o Pai que faz e deve fazer esse rompimento acontecer, segundo Freud. O menino se vê em conflito, entre a internalização do pai e o desejo de ser como o pai, para ter uma mulher como a mãe.
Freud aponta que, neste momento, acontece a primeira identificação masculina, o que torna fundamental a presença de um pai amoroso, consciente do seu papel masculino e da vivência de um relacionamento equilibrado e afetivo entre o casal. É um momento de construção da identidade masculina do menino, na formação da sua personalidade.
Segundo Freud, mesmo na impossibilidade da presença do Pai, este corte deve feito  por outro homem, um referencial masculino como tio ou avô.
Outra situação ocorre quando o pai (sexo masculino) ocupa um papel feminino na relação do casal e a mãe (sexo feminino), ocupa um papel masculino, e nesse caso ela faz o corte, diante da inversão cultural de papéis, nos casos em que o casal aceita esta inversão e vive em harmonia, a própria mãe ao fazer o rompimento, por ser ela a que ocupa o papel masculino no relacionamento, acaba explicando ao filho que ela tem o seu namorado (que é o pai), não impedindo que o filho faça a identificação com o pai, devido a relação harmoniosa e afetiva que o filho vivencia. Mas, ao mesmo tempo, que o filho se identifica com o pai, ele busca na mãe, referenciais para a formação de sua identidade e personalidade, podendo se  tornar um homem com maior sensibilidade como o pai e buscará uma mulher para se relacionar que tenha características fortes como as da mãe. Ainda assim, é possível haver um equilíbrio no seu desenvolvimento afetivo-sexual.
No entanto, pode haver um Complexo de Édipo disfuncional, quando um casal vive uma relação na qual há a troca da função de papéis, mas esta não se dá de forma harmoniosa. Em casos assim, a mãe se sente visivelmente desconfortável na relação. A existência de conflitos entre o casal impede que o filho se identifique com o pai, ou seja, a própria mãe cria barreiras verbais ou não verbais que fazem com que o filho não queira ser como o pai. E então, o filho (sexo masculino) acaba por criar uma referência masculina a partir do papel exercido pela mãe, podendo buscar encontrar um outro homem (gênero masculino, mas com figura feminina), o papel feminino (como o pai), o que caracterizaria um complexo de Édipo disfuncional e truncado.
Quando o pai e a mãe não têm uma boa relação, pode ocorrer o Complexo de Édipo Disfuncional, ou seja, como o pai não tem desejo, afetividade ou satisfação dentro da sua relação afetiva ele não se importa com a atenção que a mãe dedica ao filho, ou seja, não faz o corte. Pois neste caso, não há um relacionamento homem/mulher, entre o pai e a mãe. O pai age como pai, irmão, e não como marido. E a mãe também não faz o corte, elegendo o filho ao papel de  parceiro  , como forma de  substituir a carência marital.
Essa ausência de afetividade entre o casal ou da ausência do papel de pai, pode gerar consequências na personalidade do menino, que futuramente poderá ter dificuldade de se relacionar com outra mulher, elegendo a mãe como foco na sua afetividade, e muitas vezes não se casar para cuidar da mãe. Ou apenas se relacionar com mulheres mais velhas, ou que tenham o perfil da mãe, ou que seja aprovada pela mãe. Uma mulher que não roube ele de sua mãe. Nem a mãe dele. E na ausência da mãe cuide dele como a mãe cuidava. Ou que seja para ele a mãe que ele não teve, e gostaria de ter. E pode inclusive, não ter um bom relacionamento sexual com a esposa por inconscientemente acreditar que estaria traindo sua mãe.
Quando a figura do pai é completamente ausente na relação, a tendência é a mãe deixar o filho ocupar o papel do masculino. E ela acaba por assumir dois papéis, o papel de mãe, mulher, e de pai do seu filho, querendo ensiná-lo a como ser homem.
Aqui entra uma polêmica sobre o homoerotismo, quando o filho seduz a mãe e não há a presença de outro homem para fazer o rompimento, segundo Freud, ele passa a se identificar com mãe, ou seja, a ter uma referência feminina na construção de sua identidade, criando uma barreira no relacionamento com mulheres, pelo fato de ter sido a mãe quem lhe ensinou a ser homem, ou conseguir se relacionar sexualmente com mulheres, mas não conseguir criar laços afetivos porque seu amor está centralizado na mãe.
Lacan sobre o Complexo de Édipo afirma também que a [...] a homossexualidade masculina seria então um disfuncionamento do segundo tempo do Édipo, que é essencialmente a inversão da metáfora paterna: é a màe que dita a lei ao pai. O pai como privador da mãe fracassa. O que tem como resultado: "é mamãe que o tem" (recusa da castração).
Ainda segundo Lacan, a formação do inconsciente, no Complexo de Édipo, se dá em 3 tempos. Num primeiro momento, a instância paterna se introduz de maneira velada. A criança busca, como desejo de desejo, poder satisfazer o desejo da mãe, o objeto de desejo da mãe.
Já num segundo momento, no plano imaginário, o pai intervém como privador da mãe, se afirmando em sua presença privadora de forma mediada pela mãe, que é quem o instaura como aquele que lhe faz a lei. O caráter decisivo do Édipo deve ser isolado com a palavra do pai.
 E no terceiro momento, o menino entende que o pai pode dar a mãe o que ela deseja, porque o possui. Aqui intervém a potência no sentido genital da palavra. É a saída do Édipo, onde se faz a identificação com o pai.
Um dos motivos que contribui para a superação do complexo de Édipo é o medo da castração. Assim, o menino pensa que a menina não possui o falo porque fora mutilada pelo pai que se torna temido e admirado pelo filho por seu poder e força, o que culmina na identificação com o pai que permite a superação deste conflito superando o complexo de Édipo.
Se no menino é o temor da castração que permite a superação do complexo de Édipo, na menina é pela ideia de castração que inicia o complexo de Electra. Mas sobre o complexo de Electra abordaremos num próximo post.
Finalizando Se os pais e as pessoas de maneira geral soubessem o quanto a relação afetiva que as crianças vivenciam na infância é importante para a construção de sua identidade pessoal, social e sexual, tratariam de conhecer melhor como se dá esse processo de desenvolvimento, pois quando uma criança cresce dentro de um relacionamento disfuncional, seja, por troca de papéis, seja pelo aspecto afetivo esse processo não completa. Como afirma Chauí (2000, p.170):
A vida psíquica dá sentido e coloração afetivo -sexual a todos os objetos e todas  as pessoas que nos rodeiam e entre os quais vivemos. Por isso, sem que saibamos por que, desejamos e amamos certas coisas e pessoas, odiamos e tememos outras. As coisas e os outros são investidos por nosso inconsciente com cargas afetivas de libido. É por esse motivo que certas coisas, certos sons, certas cores, certos animais, certas situações nos enchem de pavor, enquanto outras nos enchem de bem-estar, sem que o possamos explicar. A origem das simpatias e antipatias, amores e ódios, medos e prazeres está em nossa mais tenra infância, em geral nos primeiros meses e anos de nossa vida, quando se formam as relações afetivas fundamentais e o complexo de Édipo.
A forma como exercemos nossos papéis afetivo-sexuais com nossos companheiros e com nossos filhos podem marcá-los positiva ou negativamente para o resto de suas vidas. Lamentavelmente, os pais por não compreenderem o desenvolvimento da sexualidade e nem mesmo o que é sexualidade, acabam por transmitir aos filhos preconceitos, tabus, dogmas, angústias, frustrações e neuroses enraizadas em sua formação para os próprios filhos.
Como pais, temos que ter com nossos filhos um relacionamento pautado na afetividade, confiança, respeito e buscar compreender e esclarecer sempre as curiosidades  das crianças para que esta possa viver sua sexualidade de maneira saudável, prazerosa, tranqüila, prazerosa, equilibrada, responsável e afetiva.
E para finalizar lhes digo: se faltarem palavras quando seus filhos fizerem uma pergunta sobre sexualidade ou sexo, ou sobre qualquer outro tema, respirem fundo, e busquem estas em seus corações, e respondam de maneira simples e amorosa, com naturalidade e sinceridade, pois lembrem-se que, as crianças são os seres mais sensitivos e perceptivos, e vão sentir como e o que você lhes disser.
Por hoje é só, um abraço e até o próximo post.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Homenagem aos Mestres da Educação Brasileira

Aos meus Amados e Imortais Mestres
 
 Neste dia comemorativo do Professor, embora nos denominamos Educadores,  registro nossa reverência e  profundo respeito e admiração pelos Mestres que regem a Educação Brasileira.
Vou me apropriar das palavras do discípulo de Sócrates, Xenofonte, que no final de sua obra Apologia de Sócrates escreve:
"Quando reflito na sabedoria e grandeza de alma deste homem (professores), não posso deixar de acordar-lhe a memória e a esta lembrança juntar meus elogios. E se dentre os enamorados de virtude alguém houver que haja privado com homem mais prestante que Sócrates, reputo-o o mais venturoso dos mortais (XENOFONTE, p. 173). "
Falar de meus mestres é, sobretudo, um falar da nobreza humana, de grandes amigos, semeadores de esperanças, alargadores de horizontes, de grandes Educadores,  embora esta palavra Educador não seja respeitada hoje, mas de uma beleza que não se mede.
Deixem-me contar uma pequena história, uma das muitas queridas lembranças que trago dos tempos idos da minha Infância Escolar e do meu Doutorado na Unicamp. Penso que ela ilustra a grandiosa dimensão humana destes meus mestres e amados amigos e a sabedoria que os caracteriza.
Gesa Donizete Moreira foi minha primeira professora, quem me ensinou lições de amor e amizade, companheirismo e solidariedade, e também a ler e escrever. Ela morava no sítio e no dia dos professores íamos todos à casa dela homenageá-la, cada aluno trazia um ingrediente do bolo e nossas mães se reuniam para fazê-lo. Caminhávamos quilômetros e quilômetros a pé, pelos carreadores rumo ao sítio para parabenizá-la. Era sempre um dia esperado por todos nós. Colhíamos rosas e flores pelo caminho e levávamos junto nosso buque de sorrisos, os olhinhos brilhavam quando a professora chegava. Com ela a sala de aula era sempre um ambiente de alegria, sentíamos prazer em aprender, foi ela quem me despertou a paixão pela docência.
Tive grandes professores também no Ensino Fundamental e Médio, mas a sensibilidade e afetividade da professora Gesa, foi quase insuperável, ela era educadora de fato.
E na Unicamp, conheci Mestres que também se tornaram minha referência, de Educadores e de Seres Humanos. Pois, eles com humildade, sabedoria, criticidade e amor pela educação entre tantas outras virtudes, me fez sonhar mais alto. Mas não é este o ponto alto dessa história...

Eu preciso aqui relatar, um dos gestos mais generosos que tive por parte de meu orientador na Unicamp o Prof. Dr. Silvio Gamboa e sua esposa Prof. Dra. Márcia Chaves e da minha amiga de Doutorado a Profa. Luciana Gerbasi, um gesto profundo de generosidade, ao abrirem sua casa para me acolher. Eles foram baluartes no meu período de Doutorado.

Devo destacar ainda, a humildade e um gesto que me emocionou profundamente daquele que é declaradamente meu ídolo teórico e referência, o Prof. Dr. Dermeval Saviani que me honrou profundamente com sua presença e de sua esposa Maria Aparecida, assistindo minha banca de Doutorado, e também a alegria de ter sido aluna da minha referência viva foi algo que não é possível dimensionar, uma emoção ímpar.

Sem falar do Prof. Dr. César Nunes, que é para mim é um referencial humano e docente, por sua sabedoria, humildade, afetividade e sensibilidade.

O Prof, Dr. José Luiz Sanfelice que nos encanta com sua doçura, sensibilidade e sabedoria.

O Prof. Dr. “Zezo” o José Claudinei Lombardi e a Profa. Dra Mara Jacomelli que com sua alegria, amizade e sabedoria que nos envolvem.

O Prof. Dr. Roberto Goto e o Prof. Dr. Renê que mesmo com seus jeitos formais, nos cativam com seu comprometimento e coerência, com uma doçura que o brilho dos seus olhos não conseguem esconder.


O Prof. Dr. Silvio Gallo, que com sua gentileza, sabedoria e humildade nos convoca a ler o mundo com olhos mais humanos.

E se formos analisar seus currículos veremos que eles realmente se destacam na História da Educação em nosso país, mas acredito que se quiséssemos registrar seus currículos em forma de arte era só colocarmos as fotos de tantos de seus alunos que os tem como mestres e espelhos, eles são isso mesmo. Seus maiores atos de amor são a generosa socialização de seus  conhecimentos e a forma amorosa com que oferecem aos seus alunos a possibilidade de se apropriarem deste conhecimento e se tornarem humana e profissionalmente melhores. Isso parece-me ser tão importante quanto o que eles escreveram, pois esses alunos são a obra viva de seus ensinamentos, são as sementes que eles deixam no mundo plantadas em cada um de nós, que tivemos e temos o privilégio de conviver com eles, de aprender  lições que nos tocaram e tocam fundo.
Estes Mestres serão certamente daquelas pessoas que deixarão sua marca de imortalidade, concretizada na vida de todos aqueles que como eu, tiveram a grata felicidade e honra de serem seus alunos ou conviver com eles em algum momento na Unicamp.
Foram muitas as coisas que aprendi e ouvi destes, e sobre estes mestres, e nunca esqueci, fiz dela ensinamentos para a vida. Foram e são, ainda mais numerosos, os gestos deles que eu não esqueci como: a solidariedade, a disponibilidade, a humanidade, a generosidade, a humildade, a afetividade. E como é isso importante: não se ater somente às palavras, ser capaz de gestos efetivos e afetivos!
Foi com meus Mestres, que aprendi a ser profunda e verdadeiramente humana, antes de ser pesquisadora ou de ser orientadora, ou tantas outras coisas que somos nessas nossas carreiras acadêmicas cada vez mais multifacetadas. Foi por causa dos meus Mestres que me encantei com a história, segui os caminhos da filosofia da educação, ampliei meus horizontes acadêmicos e humanos. E estes caminhos me trouxeram e continuam a trazer alegrias tão grandes quanto os desafios. E tudo por causa destes tão sábios e humildes Mestres que Deus certamente colocou propositadamente em minha vida, como aluna da disciplina deles, como integrante do grupo de pesquisa, como aluna da Unicamp, pessoas tão generosas com o seu conhecimento,  que sempre soube plantar palavras de estímulo antes de fazer qualquer crítica, e que, ao criticar, tinham sempre nos olhos o brilho e a humildade de quem estava crescendo junto com a ingênua aluna.
Vocês estarão sempre no meu coração e na minha memória, e fazem uma falta danada, na minha vida. Eu peço a Deus todos os dias por vocês. Cada vez que volto na UNICAMP levo sempre a esperança de encontrá-los pelos corredores da Faculdade de Educação, sempre prontos para uma boa e instrutiva conversa, pra um almoço e uma tarde regada a filosofia, sorrisos, música  e poesia.
Não tenho palavras para agradecer-lhes pela tamanha diferença que vocês fizeram e fazem em minha vida, por tanta coisa que trago em mim que foi plantada por vocês.
            Meu carinho, admiração e profundo respeito à vocês que se doaram inteiros e renunciaram a muitos de seus sonhos para que, pudéssemos realizar os nossos sonhos. Que são mestres por opção, conscientes de sua profissão.
Quantas vezes, nas noites sofridas do ônibus indo indo do Paraná para Campinas, meu corpo cansado, as dificuldades financeiras e meu conflito de mãe, me chamava a desistir, não mais querendo retornar à familiar cadeira da sala de aula da Unicamp. Porém, a vontade de aprender foi soberana, porque, se a simples presença de vocês anunciava que chegaram até ali, é porque eu também poderia chegar. Quantas vezes, vocês foram a força, a paciência, o acalento?
        Ao final do doutorado a vontade era continuar ali, a aprender e desfrutar da vossa companhia e sabedoria. Sei que agora caminharemos por estradas diferentes, mas consola saber que as recordações nos abraçam.  Não há despedidas entre mestres, carregamos vocês no mais profundo de nós, isto é, dentro de nossos corações, retratando a tua imagem, mestre. Lembrando do Mestre Ruben Alves " Ensinar é um exercício de imortalidade.  De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra.  O professor assim não morre jamais."
Como afirmou Fernando Pessoa: "o sonho é ver as formas invisíveis da distância imprecisa, e com sensíveis movimentos de esperança e de vontade, buscar na linha fria do horizonte a árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte, os beijos merecidos da verdade".
E finalizo esta homenagem, refletindo um poema de Baudelaire denominado "Nunca mais esqueci da cidade vizinha", em " As Flores do Mal" , um poema de Baudelaire à Mariette, uma criada que cuidou dele quando criança.
"Mas o que é uma cidade vizinha? É um território desterritorializado que não comporta distância, mas se aparta e quem visita é visitada... como o professor que visita o aluno e o aluno que visita o professor para ambos se tornarem uma cidade só.     Nunca mais me esqueci da cidade vizinha ..."
 Minha reverência, carinho, admiração, respeito e meu abraço a vocês meus queridos e amados Mestres.
 Profa. Dra Cláudia Bonfim

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Fase Fálica - Desenvolvimento Psicossexual - Freud




 
De volta ao nosso blog Educação e Sexualidade, eu professora Doutora Cláudia Bonfim, inicio como sempre mandando um abraço aos queridos leitores, seguidores e ouvintes do nosso blog. O primeiro abraço vai para o meu leitor e aluno do Curso de Direito da Faculdade Dom Bosco de Cornélio Procópio, e professor na rede estadual de ensino do Estado do Paraná, o Neilor Alexandre, e também para o Lourival Minhoni, que é diretor na rede estadual de São Paulo, e foi meu aluno no curso de Especialização em Gestão Educacional quando então, atuávamos como professora formadora, na Ead da Unicamp.
Importante esclarecermos que o conteúdo do nosso blog é de caráter educacional, pautado em estudos científicos, objetivando a socialização dos nossos estudos, desenvolvidos como pesquisadora do Grupo de Estudos e Pesquisas Paidéia – Unicamp e também na Associação Brasileira de Educação Sexual (ABRADES), onde atuamos como vice-presidente, buscando a superação da linguagem senso-comum, muitas vezes vulgar, que contribui para uma banalização do tema, quando o assunto é sexo ou sexualidade. Buscando a conscientização crítica e o desenvolvimento saudável, qualitativo, prazeroso, afetivo, ético e responsável da vivência da sexualidade, visando superar a visão reducionista da sexualidade humana disseminada pela sociedade capitalista e mercantil que tornou esta quantitativa e produto de consumo.
Como estamos abordando a sexualidade  humana se dá através de fases, que Freud denomina de desenvolvimento psicossexual. As regiões do corpo (zonas erógenas) e a relação que a criança estabelece com essas regiões, que são "zonas" geradoras de prazer, e que não necessariamente são áreas genitais é que caracteriza a evolução destas fases e a aquisição da maturidade e desenvolvimento da sexualidade.
Até agora estamos abordando sobre o que Freud denominou de fases pré-genitais, ou seja, a fase oral e a fase anal e a fase fálica que é hoje o tema do nosso post. Conforme apontamos nos artigos anteriores, durante as fases pré-genitais, o prazer da criança está concentrado em regiões distintas do corpo, na fase, como vimos, o prazer da criança se concentra na boca e nos atos de sugar e morder, fase esta, que ocorre o útero até cerca de dois anos de idade. A Fase anal é onde a zona erógena centra-se na região anal e uretral, através do controle das fezes e a da urina. E a última fase fálica, que se caracteriza como a última fase pré-genital a qual iremos abordar agora.   Vamos à reflexão de hoje...
A denominação Fálica, vem de falo, que significa pênis, e que simbolicamente estaria está ligado ao poder e a disputa. E a fase fálica, ocorre entre 3 e 5/6 anos de idade. Onde se torna comum que a criança manipule os próprios genitais, reconhecendo essa região como uma zona geradora do prazer.
Nesta fase a zona de erotização é o órgão sexual, focalizando o prazer nas genitálias. Como afirmou Freud, nessa fase que a criança se dá conta de tem um pênis ou que lhe falta de um. É quando as crianças começam a adquirir consciência das diferenças corporais sexuais. O menino desperta um interesse narcísico pelo próprio pênis em contraposição à descoberta da ausência de pênis na menina.

Como aponta Freud (1926, livro 25, p. 130):
Outra característica da sexualidade infantil inicial é que o órgão sexual feminino propriamente dito ainda não desempenha nela qualquer papel: a criança ainda não o descobriu. A ênfase recai inteiramente no órgão masculino; todo o interesse da criança está dirigido para a questão de se ele se acha presente ou não.
Ainda segundo Freud a menina passa a desejar ter um pênis ao aparentemente descobrir que lhe falta "um", o que se constitui num momento crítico ao desenvolvimento psicossexual feminino, pois:
A descoberta de que é castrada representa um marco decisivo no crescimento da menina. Daí partem três linhas de desenvolvimento possíveis: uma conduz à inibição sexual ou à neurose, outra à modificação do caráter no sentido de um complexo de masculinidade e a terceira, finalmente, à feminilidade normal. (1933, livro 29, p.31)
E Freud ainda afirma que: "se penetrarmos profundamente na neurose de uma mulher, não poucas vezes deparamos com o desejo reprimido de possuir um pênis". (1917, livro 27, p.151)
Nesta fase começa a surgir um interesse e a brincadeiras com o sexo oposto, o que leva à criança à descoberta de que seus orgãos sexuais são diferentes. Importante ressaltar que, neste momento, os adultos tem um papel fundamental para que a criança possa entender essa diferença sem traumas ou proibições, vivenciando esta fase de maneira saudável. Porém, sabemos que muitas vezes, por desconhecimento e sem saber como lidar com a sexualidade da criança, os pais, educadores e familiares, entram em pânico e acabam por reprimir e não orientar com naturalidade e tranqüilidade a criança, o que muitas vezes impede que ela complete essa fase.

 Os pais não devem comparar este ato da criança tocar a genitália e a curiosidade em relação à sexualidade na infância com olhar os atos e olhar de um adulto. Compreendendo que a criança não faz nenhuma associação deste ato com o "sexo em si", ela apenas sente prazer. Se for reprimida, a criança sentirá culpa, e na fase adulta consolidará a visão de que de que tocar-se, e a sexualidade é algo que deve ser reprimido, que é feio, sujo, proibido... Ocasionando dificuldades de relacionar-se sexualmente e sentir prazer na fase adulta.
As vivências sócio-afetivas-sexuais nesta fase, assim como nas demais, podem marcar positivamente ou negativamente a construção da identidade de uma pessoa, sua personalidade, seu caráter. Especialmente porque esta fase dá início a fase edípica, da lenda grega   de Édipo que se apaixona por sua mãe. É quando as crianças vêem em seus pais os objetos de desejo. A menina elege o pai como namorado e o menino, a mãe. Surgem ainda as perguntas e curiosidades sobre a sexualidade, mas sobre o Complexo de Édipo e como esclarecer as curiosidades das crianças abordaremos num próximo post. Grande abraço e até lá! 

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