sábado, 6 de novembro de 2010

Palestra UNICAMP Educação Afetivo-Sexual



Olá queridos leitores, seguidores e ouvintes do nosso Blog Educação e Sexualidade, eu, professora doutora Cláudia Bonfim, estou de volta ao nosso post, para com muito prazer relatar sobre a palestra de Educação Afetivo-Sexual Emancipatória e a Oficina de Vivências Corporais que ministramos para o Curso de Pedagogia da Faculdade de Educação, na UNICAMP, onde atuamos como pesquisadora,  no Grupo de Estudos e Pesquisas em Filosofia e Educação - Paidéia. O abraço de hoje vai especialmente aos alunos do 2º. Período do Curso de Pedagogia da Unicamp e também para alguns amigos muito queridos de Campinas, Renata e Eduardo Ruas e também para a Tânia que é professora de História em Campinas e que também acessa nosso Blog. Um abraço carinhoso para todos vocês.
E vamos então ao post de hoje, que esclarece um pouco sobre o que abordamos em nossa palestra na Unicamp que ocorreu no dia 04 de novembro de 2010, das 14 às 18h.
Lutamos por uma formação docente para a educação sexual nas escolas, para que possamos elevar a qualidade das intervenções sobre a temática da sexualidade. O que visualizamos hoje são crianças, jovens e adultos com informações pautadas na visão senso-comum, condicionados pela mídia, pela sociedade capitalista que os induzem a uma sexualidade: reducionista, instintiva, genitalista, mercantilista, hedonista, consumista e quantitativa.
Acreditamos que o caminho para mudarmos este cenário só pode se dar pelo viés de um processo de emancipação e humanização da sexualidade. Ou seja, pela superação das visões e comportamentos a que fomos condicionados e somos ainda condicionados pela cultura, pela sociedade, buscando então a da superação de: preconceitos, tabus e valores culturalmente impostos (seja em relação ao gênero ou em relação ao reducionismo corporal da sexualidade).
E para isso fazem-se necessários criar espaços de diálogos e debates como esta palestra que ministramos sobre a temática da sexualidade e educação na academia e na sociedade para que esse processo se efetive. E especialmente por esse motivo aceitei com muito prazer, honra e alegria o convite da Coordenadora do curso de Pedagogia da Faculdade de Educação Professora Luciane,  para socializarmos nossos estudos, aprendizados e reflexões e parabenizo-a pela iniciativa. Quero agradecer de coração o convite, o espaço e a credibilidade, espero que nossa humildade fala possa ter alguma forma contribuído para ampliar os horizontes e conhecimentos dos alunos do Curso de Pedagogia que lá estavam presentes. Agradeço também aos alunos pela participação efetiva, pela atenção, pelo carinho, por permanecerem até o final do horário, pelos aplausos, mas  especialmente pelo abraços afetuosos que recebi deles ao final da palestra e da oficina. Espero e acredito que tivemos uma tarde prazerosa de diálogos e aprendizados.
A primeira parte da palestra entitulou-se Educação Afetivo-Sexual Emancipatória: contradições, limites e possibilidades, versou sobre minha tese de Doutorado e sobre estudos posteriores à tese, onde abordamos conceitos e esclarecimentos sobre sexualidade, afetividade, sexo, amor, gênero, identidade de gênero,  homofobia, as fases de desenvolvimento da criança, corpo e consciência corporal, educação sexual na escola, como e quando falar de sexualidade com crianças e adolescentes, a escola e a negação do corpo, a dualidade de corpo e mente na sala de aula e na sociedade, sexualidade na escola: o aluno e  suas manifestações.
Na segunda parte realizamos uma oficina prática de vivência corporal, cujo objetivo foi despertar nos futuros docentes a percepção corporal e importância da consciência corporal e do entendimento do ser humano em sua totalidade, compreendendo que corpo e mente são uma totalidade. Como já apontamos no blog anteriormente, a escola quase sempre separa o corpo da mente, separa, mutila. Apenas a cabeça tem que ficar na sala de aula, o corpo só na aula de educação física. Sempre dual, separado. Não conseguindo entender a totalidade do ser. Somos inteireza e não partes estanques, somos razão e subjetividade, somos seres biológicos e histórico-culturais.
E como já afirmamos também em outros momentos consideramos que tão importante quanto o aprendizado da leitura e da escrita do mundo, é saber ler a si mesmo e escrever sua história, conhecer o seu corpo, suas possibilidade e potencialidades, pois assim como adquirimos conhecimentos para transformar o mundo num lugar melhor, devemos conhecer nossa sexualidade para tornamos melhor o nosso mundo interno, o nosso corpo e nossa mente, que são o berço das significações da vida. Por isso, nossa defesa de que a Educação Sexual escolar supere sua abordagem sobre sexualidade pautada meramente nas noções biológicas, ou seja, no aprendizado da anatomia do corpo humano, seus órgãos e métodos preventivos e DST´s. A visão médica-biologista-higienista-genitalista é importante, mas insuficiente para o entendimento da sexualidade e a conscientização.
Através do corpo que recebemos as informações sobre o que acontece fora e dentro de nós.         Corpo não é instrumento, objeto ou suporte. Você não possui um corpo, você é um corpo!
O nosso corpo é o meio de externalizarmos por meio de ações, os pensamentos, emoções e sentimentos.    É o meio de se entrar em contato com o ambiente e as pessoas que nos rodeiam.
Consideramos que as pessoas se humanizam através da convivência, ou seja, das relações que estabelece com o outro e com o mundo. Sendo a escola espaço de socialização, aprendizagem e interação, deve favorecer o enriquecimento destas relações, ampliando espaços de interação, diálogo e experiências que ofereçam às crianças e adolescentes possibilidades de de descobrir, se expressar, ser, sentir, compreender e vivenciar seu corpo e o corpo do outro, esta unidade humana. Esse aprendizado deve ser acompanhado de autonomia, criatividade, liberdade e prazer. Pois, precisamos entender que a educação não se refere apenas ao desenvolvimento cognitivo mental, mas deve considerar e favorecer e ao desenvolvimento do indivíduo como um todo (Paidéia), ou seja, deve considerar a pessoa na sua totalidade, corpo e mente.
Assim como Freire (1981, p.1) evidenciamos nossa insatisfação com relação ao sistema escolar, educação institucionalizada, traduzindo-a em duas críticas em relação às manifestações corporais da criança:
1) a escola submete a criança à uma imobilidade excessiva, que desrespeita sua "marca característica", qual seja, a intensidade da atividade motora;
2) a escola não deve apenas mobilizar a mente, mas também o corpo, pois "corpo e mente devem ser entendidos como componentes que integram um único organismo. Ambos devem ter assento na escola“.
É esta nossa luta de Educação Sexual Emancipatória na perspectiva de Freire de uma Educação de Corpo Inteiro, buscando a superação do dualismo corpo e mente presente na escola.  Um corpo entendido em sua totalidade, ou seja, o ser humano é o seu corpo, que sente, pensa e age.
Quem dera a humanidade pudesse compreender a beleza e a potencialidade que a sexualidade nos traz e o quanto mais humanos podemos ser, o quanto podemos viver plena, intensa e profundamente este aspecto tão essencial da vida.
Convidamos todos a participarem desta luta por educação sexual emancipatória nos ajudando assim a produzir práticas diferenciadas na construção da vivência de uma sexualidade livre de pudores, repressões, dogmas, preconceitos e tabus, mas acima de tudo ética e responsável afetiva e corporalmente, buscando uma vivência prazerosa e plena da sexualidade.
Abaixo alguns flashes da palestra e da oficina. Por hoje é só, um grande abraço e até o próximo post!















Um comentário:

  1. Cláudia, parabéns pelo resultado do trabalho e pela dedicação, afeto e comprometimento ao educar...beijos você merece todo sucesso e reconhecimento!!

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