sábado, 21 de agosto de 2010

MEC envia a escolas públicas livro que narra estupro



No post de hoje vou reproduzir e comentar uma matéria publicada na Folha de São Paulo e reproduzida em diversos outros meios de comunicação
"O Ministério da Educação enviou a escolas públicas do país um livro que narra o sequestro de um casal, o estupro da mulher e o assassinato do rapaz, segundo reportagem de Fábio Takahashi publicada na edição desta quinta-feira da Folha.
De acordo com o texto, 11 mil exemplares da obra foram destinados para serem usados como material de apoio a alunos do ensino médio, com idade a partir de 15 anos. O livro \"Teresa, que Esperava as Uvas\", integra o programa do governo federal que equipa bibliotecas dos colégios públicos.
As cenas de violência estão presentes no conto \"Os Primeiros que Chegaram\", que narra, do ponto de vista da criminosa, um sequestro cometido por um casal. As vítimas são torturadas. Há frases como \"arriou as calças dela, levantou a blusa e comeu ela duas vezes\" e \"[Zonha, o criminoso] deu um tiro no olho dele. [...] Ele ficou lá meio pendurado, com um furo na cabeça.\"
O governo Lula, a autora da obra e a editora defendem a escolha, por possibilitar que o jovem reflita sobre a violência cotidiana. A escolha das obras é feita por comissões de professores de universidades públicas. \"O livro passou por uma avaliação baseada em critérios, concorreu com muitas outras obras e foi selecionado\", afirmou a escritora do conto, Monique Revillion."
Como Educadora Sexual, Doutora em Educação e Pesquisadora da sexualidade, tendo como tema central de minha tese a sexualidade humana, considero que, embora a linguagem utilizada pela autora se aproxime da realidade, tendo como objetivo a reflexão, usar a linguagem senso comum, pode contribuir para consolidar a linguagem banal, reducionista e vulgar que impera sobre a sexualidade na sociedade atual. A frase em negrito acima, mesmo sem intenção, pode reforçar ao nosso ver, uma visão genitalista e instintiva da sexualidade.



2 comentários:

  1. Concordando com suas ponderações, eu diria ainda que há um reforço, equivocado, de contra valores. Refletir a realidade, na negação humana da humanização necessária, em nada forma, ao contrário, "deforma".

    Os "doutos" mestres, enfiados em gabinetes e distantes de realidades já tão marcadas pela violência, imaginam uma escola pública de classe média, em comunidades apaziguadas e alunos com larga capacidade de abstrações maduras.

    Há tanta discrepância, perpassando inclusive a própria sala de aula e tantas outras questões passíveis de amplas discussões, que não cabem aqui.

    Insisto: há um reforço equivocado!

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  2. Gilmar, mais uma vez grata por seu comentário sempre enriquecedor. Como pontuei e vc colocou tb com excelência, precisamos educar e não contribuir para consolidar o condicionamento vigente da sociedade que mercantilizou o sexo conduzindo cada dia mais há uma sexualidade desumanizada. Ser educador sexual requer a consciência e a coerência de que não podemos aceitar, nem aderir à uma lógica capitalista e equivocada da sexualidade. Se meu objetivo é humanizar as relações, educador, proporcionar uma consciência crítica, não posso conduzir à qualquer à uma leitura que não ultrapasse o senso comum.

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