segunda-feira, 21 de junho de 2010

Fantasias eróticas mais comuns de e entre homens e mulheres


Retornando ao tema sexualidade, voltaremos às questões pendentes, hoje, tentaremos apontar quais seriam as fantasias eróticas mais comuns de e entre homens  e mulheres?
Antes de responder a questão é preciso lembrar, como no post das fantasias eróticas que elas são naturais e podem ser saudáveis não apenas para o indivíduo, como para o relacionamento, desde que, haja cumplicidade, desejo comum e aceitação, para que em vez de prazer, não gere frustração.
É importante ressaltar ainda que, as fantasias eróticas, são também uma forma de seduzir, fazem parte do jogo erótico. Precisamos superar os preconceitos e aquela idéia primeira, a que fomos condicionados, moralmente, ou seja, precisamos entender o sexo como fonte de prazer e amor (eventualmente como reprodução), o ato sexual é gerador de energia, de amor, de cumplicidade, de alegria, de prazer, de sentimentos necessários, bonitos e não o contrário, como alguns ainda teimam em acreditar. Os tabus e preconceitos arraigados me nossa educação sexual não nos permitem viver a plenitude de nossa sexualidade nem nos descobrirmos por inteiro. Supere os dogmas e não se sinta pecando pelo simples fato de se permitir viver o erotismo, certamente podemos ser mais felizes se o vivenciarmos,  com afetividade  e  naturalidade. Não  se culpe  por amar-se sem medos. Se culpe se não conseguir amar. Amar  não é pecado, assim como cultivar o amor com doses de sensualidade, erotismo, sedução e prazer jamais será.
Só quem vivencia ou vivenciou a experiência do sexo com afetividade pode entender sobre o que dizemos, pois, já experimentaram o prazer em sua plenitude, sexo por sexo é apenas sentido, agora sexo com afeto, não é apenas sentido,  passa a ter sentido, significado.
Como já afirmamos, num post anterior, as fantasias eróticas são formas de potencializarmos nossa vivência sexual, contribuindo para que possamos transpor limites individuais e sociais morais, transcender os tabus e preconceitos, estimular-nos e estimular o outro,  a nos prepararmos para receber o outro, assim como, nos produzimos para uma festa, tornando-se mais atraente e se sentindo-se mais seguros, afinal o ato sexual amoroso é a maior celebração que podemos participar, é a festa de celebração do afeto e da vida.
Fantasiar e externalizar, ou seja, socializar as fantasias com quem nos relacionamos melhora nossa auto-estima individual, e do casal, os  tornam cúmplices e  cada vez mais íntimos, melhorando o relacionamento, afinal quantos casais convivem e não se conhecem, são de fato íntimos, nada sabe sobre o outro; lamentável, pois, deixam de viver e saborear momentos que ambos desejarm , que podem ser comuns, mas que, não foram realizados porque nunca foram declarados. Com isso, muitos casais se separam, e não é porque não existia amor, não existia era cumplicidade e compreensão da própria sexualidade, e esta falta de conhecimento são fatores geradores de divórcios e da prostituição,  que  aumenta a cada dia. Quando alguns parceiros não entendem a sexualidade de maneira saudável, natural, e sim de maneira dogmática e moralista, o outro acaba, muitas vezes, indo buscar fora do relacionamento a realização das suas fantasias, sendo assim, a sexualidade socialmente reprimida e envolta de dogmas, tabus e preconceitos se constituem também em fatores que alimentam essa rede de prostituição.
Essa forma negativa de ver a sexualidade pode, inclusive, provocar disfunções e até mesmo desvios sexuais que se constituem em crime, como pedofilia,  que tanto combatemos, que é um crime que deve ser banido da sociedade, mas que dentro do olhar clínico pode ter origem na educação sexual repressora e de abusos ou violências sexuais e morais impostas  desde  a infância. Já afirmava Freud que, a maioria das inversões, desvios, perversões ou patologias sexuais e eu diria que,  também algumas disfunções decorrem de uma sexualidade reprimida que advém das experiências sexuais negativas que vemos, vivenciamos, ou sofremos moral ou fisicamente.Uma educação sexual repressora destrói a auto-estima sexual da criança que internaliza isso de forma negativa e podem influenciar a forma como a pessoa irá ver e viver sua sexualidade por toda vida. Importante analisar que os responsáveis por esse desvio deviam também ser criminalizados, pois, muitas vezes, por culpa dessa repressão os desvios foram ocasionados. Estas pessoas deveriam também ser responsabilizadas,  geralmente essas pessoas são aquelas que se ditam como os exemplos de honradez da sociedade, que pregam uma falsa moral fruto de uma sociedade hipócrita,  limitada, dogmática, que em nome do que eles chamam de bons costumes, eles que dizem tão corretos, são muitas vezes os falsos moralistas que possuem a imaginação tão pervertida  e deturpada que acham que todos possuem os mesmo desvios. Reprimir  nossas fantasias  que  são instintos naturais dentro de nossa sexualidade é que seria  um mal, um estupro emocional, que pode acarretar problemas emocionais e psicológicos.
            Então, lhes repito: o autoconhecimento não é crime, nem pecado. Precisamos nos conhecer  enquanto homens ou mulheres, em todos os sentidos. Inclusive, a nossa sexualidade. Se permitam ter essa experiência,  não permitam regras falsamente moralistas que lhes violentam o direito de serem felizes.  Não estou defendendo uma sociedade banal, muito menos uma sexualidade falsamente hedonista, e sim o direito que temos de vivenciar o amor em sua forma mais sublime, através da troca de carinho, umplicidade, comunhão do prazer,  do ato  que faz com que duas pessoas se sintam uma só,  mas,  sem medos, culpas  ou  tabus sufocando ,esse momento de celebração da vida.
                       
Sem mais delongas vamos finalmente à questão de hoje...

Como apontam algumas pesquisas realizadas todos temos fantasias eróticas. O que salienta o que já afirmamos que as fantasias eróticas são saudáveis, inerentes à nossa sexualidade e independem da idade.
As fantasias eróticas masculinas quase sempre focam o ato sexual em si, ou situações eróticas e fetiches (que abordaremos num próximo post) como o voyerismo,  o desejo masculino envolvem cenas eróticas e sexuais como poder, masculinidade, dominação, fruto da necessidade cultural de afirmação do gênero, ou seja,  ser macho, viril. Entre as fantasias apontadas que eles mais possuem estão:  fazer sexo com duas mulheres ao mesmo tempo; com mulheres famosas e fazer sexo grupal.
Já as mulheres, também culturalmente condicionadas, tem suas  fantasias geralmente associadas ao romantismo, ao afeto. Como afirmamos no post anterior, sobre as fantasias, durante muito tempo negava-se à mulher o prazer, até mesmo em relação às fantasias eróticas acreditando-se que as mulheres não tinham fantasias, o que tinha um cunho também moral, porque sendo não teriam necessidades eróticas. Hoje, sabe-se que, temos fantasias eróticas e que, aliás, quanto maior nossa capacidade de fantasiar, mais potencializamos nosso prazer, ou seja, melhora nossa capacidade de atingir o orgasmo.
Mesmo as mulheres independentes, denominadas modernas e liberais,  necessitam ser amadas e desejadas. Importante ressaltar ainda que, as fantasias eróticas femininas envolvem, ou dizem respeito, aos desejos dos seus parceiros, pela visão cultural de fidelidade, mesmo quanto se refere à fantasias eróticas as mulheres são mais fiéis aos sentimentos. Entre  as principais fantasias femininas estão: fazer sexo em lugar romântico (cabana, praia), fazer sexo com homens famosos, fazer sexo dominada pelo parceiro; reparem que fica no âmbito de romantismo (mito do amor romântico), na necessidade afirmação da auto-estima e na submissão, controle, todos frutos de uma visão cultural de gênero imposta socialmente às mulheres.
Interessante salientar ainda que, as mulheres geralmente fantasiam durante a própria relação sexual, algumas só se permitem nesse momento, ou de maneira oculta (apenas em suas mentes) ou de maneira explícita (declarando ao parceiro suas fantasias) mas como se elas fossem apenas delírios ocasionados pelo momento. Aliás, como apontamos acima, fantasias eróticas femininas quase sempre segue a imposição cultural da passividade, e envolvem situações em que outras pessoas fazem coisas por elas. Enquanto nas fantasias eróticas masculinas eles ditam as regras, são quem dominam e fazem coisas para outros.
Porque voltei a ressaltar isso, para mostrar que há aqueles que necessitam superar esses papéis sexuais culturalmente determinados e dessa forma excitam-se quando a situação erótica é inversa, ou seja, uma fantasia erótica que pode em alguns momentos ser excitante para ambos os sexos é a troca ou inversão de papel durante o ato sexual, quando passam a imaginar o que eles gostam de fazer ao parceiro, seria prazeroso que fizessem por ele ou ela também. E isso na é absurdo, nem deve ser encarado como desvio, é apenas uma fantasia diferente.
Quanto as fantasias mais comuns entre homens e mulheres estão: 
-  realizar práticas sexuais que eles não acreditam ser capazes de realizar na vida real como: fazer sexo em elevador ou em lugares públicos, socialmente proibidos;
- fazer sexo com alguém conhecido ou desconhecido, alguém faça parte do seu círculo de amigos pessoais ou do trabalho ou, alguém que vê na rua esporadicamente;
-  fazer sexo com mais de uma pessoa do sexo oposto (essa mais feminina, pois os homens gostam de ver ou vivenciar conjuntamente a cena erótica entre duas mulheres, mas no geral tem aversão quando isso diz respeito ao próprio sexo.)
- fazer sexo com uma ou mais pessoas do mesmo sexo; mais comum entre homossexuais e em mulheres heterossexuais ou entre bissexuais, o que culturalmente se justifica entre as mulheres, pela forma com que são culturalmente educadas a admirar a beleza e as virtudes femininas, como a subjetividade, a sensibilidade e afetividade e as mulheres tratam isso naturalmente, sem qualquer preconceito homofóbico.
- Ainda entre as mulheres heterossexuais também é comum a fantasia de fazer sexo com seu parceiro e uma terceira pessoa, ou entre casais (swing). Independente da fantasia é importante lembra que ela só será saudável e poderá ser realizada dentro dos limites individuais e do relacionamento, ou seja para ser realizada necessita de cumplicidade, diálogo, ou seja estar em comum acordo com o  parceiro, dentro dos limites aceitáveis na relação e dos limites emocionais individuais.
Uma forma de exercitar a fantasia erótica é a masturbação, isso para ambos os sexos, pois, é nosso momento mais íntimo, conosco mesmo, em que podemos e devemos liberar nossas fantasias. Outro dado interessante para análise é que, mesmo durante a  masturbação, grande parte das mulheres costumam fantasiar o seu próprio companheiro como objeto sexual e para nossa alegria ou espanto,  os homens também nos envolvem em suas fantasias nesse momento, ainda que, de maneira diferenciada. Porém, sabemos que grande parte especialmente das mulheres sentem dificuldade ou não se permitem reconhecer seu próprio corpo, tocar-se, não conhecem a si mesmas, não se aceitam e nem se permitem sentir o prazer em sua plenitude, fruto da sexualidade histórica-cultural e socialmente construída, mas sobre essa dificuldade e o que ela pode acarretar trataremos num próximo post, até lá!


Um comentário:

  1. Prezada Drª Cláudia, parabéns por abordar um tema tão polêmico na área da sexualidade.

    Gostaria de compartilhar algumas observações a cerca da importância da masturbação, mencionada no último parágrafo do seu post e que extraí da minha vivência como clínico na área da sexualidade.

    Quando o assunto é masturbação, muitos acham que basta se deitar na cama e mandar ver. Não se trata de uma atividade tão simples assim. Na masturbação, precisamos ocupar a mente. Caso contrário ela se desliga do foco e se desvia da energia sexual. Devo me concentrar nas sensações. O que está em foco é o que estou sentindo. “Isso é bom! Estou sentindo no meu clitóris… estou ficando molhada”! Então vá mexendo o corpo, sentindo a respiração e com a mente sempre concentrada no corpo. Se uma pessoa se masturba e quer ter um orgasmo pleno, a mente precisa estar atenta ao prazer que é fruto das sensações corporais. A fantasia faz isso muito bem, pois ocupa a mente para que o corpo sinta o momento.

    Abraços a todos e aproveito a oportunidade para compartilhar o link em que falamos sobre masturbação no programa "Affair com você": http://www.alltv.com.br/ondemand.php?idond=3738

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