segunda-feira, 29 de junho de 2009

Paulo Freire uma lição de vida e cidadania


As injustiças sociais me instigam, me inquietam, me fazem sofrer, me inspiram a escrever, me movem, me conclamam lutar, ao mesmo tempo, que parecem destruir meus sonhos, me renovam forças... Escrevi este texto após a leitura de um dos mais emocionantes e convocatórios livros: “À Sombra Desta Mangueira” do Mestre Paulo Freire, leitura que deveria ser obrigatória a todos, especialmente aos educadores, e aos políticos para quem sabe despertar nestes a virtude da humanidade e da misericórdia.

Freire fala do exílio, do Brasil, do seu sonho de educador; nos faz sofrer e sonhar com ele, nos revigora as forças e esperanças e nutre nossas utopias. Já de início manifesta sua recusa a crítica cientificista que insinua falta de rigor no modo como discute os problemas e na linguagem demasiado afetiva que usa. Faço minhas, as palavras dele: “a paixão com que conheço, falo ou escrevo não diminuem o compromisso com que denuncio ou anuncio. Sou uma inteireza e não uma dicotomia. Não tenho uma parte esquemática, meticulosa, racionalista e outra desarticulada, imprecisa, querendo simplesmente bem ao mundo. Conheço meu corpo todo, sentimentos, paixão. Razão também.”

E continua: “Sou um ser no mundo, com o mundo e com os outros, um ser que faz coisas, sabe e ignora, fala, teme e se aventura, sonha e ama, tem raiva e se encanta. Um ser que se recusa a aceitar a condição de mero objeto; que não baixa a cabeça diante do indiscutível poder acumulado pela tecnologia...” Concordo Freire quando esclarece que um sistema econômico que não prioriza as necessidades humanas, produzindo políticas assistencialistas e continua a conviver indiferente com a fome de milhões, não é merecedor do respeito dos educadores nem de qualquer ser humano. E salienta que “não me digam que as coisas são assim porque não podem ser diferentes”.

Afirma que as coisas não mudam porque, se isto ocorresse, “feriria o interesse dos poderosos”, e nos convoca para a luta da transformação social nos alertando: “Não posso tornar-me fatalista para satisfazer os interesses dos poderosos. Nem inventar uma explicação “científica”para encobrir uma mentira... É preciso que a fraqueza dos fracos se torne uma força capaz de inaugurar a injustiça. Para isso, é necessária uma recusa definitiva do fatalismo. Somos seres da transformação e não da adaptação.” Temos que romper com o determinismo, com os espaços definidos pelos poderosos como o espaço de sobrevivência da classe dominada. E insiste em dizer que “a História é possibilidade e não determinismo. Somos seres condicionados, mas não determinados.” E que devemos entender a História como possibilidade, de ruptura, de transformação. Afirma que no exílio, o Brasil todo lhe fazia falta, e insistia em dizer “Sou brasileiro, sem arrogância; mas pleno de confiança, de identidade, de esperança em que, na luta, nos refaremos, tornando-nos uma sociedade, menos injusta.”

E que se recusava a aceitar que não há nada a se fazer, diante das conseqüências da globalização da Economia, que devemos nos recusar a curvar docilmente a cabeça. Como Freire nós educadores não podemos, jamais, aceitar que a prática educativa deva se ater-se tão somente à “leitura da palavra”, à “leitura do texto”, mas que tem necessariamente que ater-se também à “leitura do contexto”, à “leitura do mundo”. Devemos como Paulo Freire diz alimentar nosso “ otimismo crítico e nada ingênuo, na esperança que inexiste para os fatalistas.” Não poderia ainda deixar de citar meu grande mestre César Nunes que sempre nos convida e convoca a todos educadores e cidadãos para que continuemos a luta, e nos colocando que os obstáculos podem retardar nossa vitória, mas não suprimi-la.


Autora: Profa. Dra. Cláudia Bonfim - Artigo Publicado no Jornal Popular de Cornélio Procópio - PR

domingo, 28 de junho de 2009

EDUCAÇÃO PARA TRANSFORMAÇÃO

Educar implica em buscar a conscientização humana, para que o homem se assuma sujeito de sua própria história, não objeto dela. Ela não faz milagres, mas anuncia a possibilidade novos tempos, mudança, transformação. Lamentavelmente, muitas vezes assistimos a educação para a adaptação do homem na sociedade e não para que este a transforme. Paulo Freire afirma que “uma educação que pretendesse adaptar o homem estaria matando suas possibilidades de ação, transformando-o em abelha.

Quanto mais dirigidos são os homens pela propaganda ideológica ou comercial, tanto mais são objetos e massas”. Muitos educadores, como Paulo Freire foram rotulados pela falta de cientificismo em seus escritos, tão somente por neles, conter traços de humanização, esperança e fé, mas como bem colocava nosso mestre Paulo Freire “uma educação sem esperança não é educação. Quem não tem esperança na educação ... deverá procurar trabalho em noutro lugar.” A Educação pode não nos levar diretamente ao topo, mas ela inicia a caminhada, abre janelas, indica a porta, mostra o horizonte, dá asas, e ai cabe a cada um de nós, o primeiro passo, atravessar a porta, buscar o horizonte, alçar o vôo em direção aos nossos objetivos. Nós que objetivamos o tempo, temporalizamos a vida e fazemos a história.

Educar deve ser um processo de desinibição, de estímulo criador e não de repressão e restrição. Se não permitimos que o aluno se expresse e seja ele mesmo, que anuncie seus sonhos, estamos domesticando-o, e isso é negar sua existência enquanto sujeito. O que devemos é estimular o espírito crítico e conscientizar nossos jovens educandos a importância de conhecer e valorizar o passado, porque o “amanhã se cria no ontem, através de um hoje. De modo que nosso futuro baseia-se no passado e se corporifica no presente. Freire afirmava que "é importante professor e alunos se assumam epistemologicamente curiosos. O bom professor é o que consegue enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento de seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma "cantiga de ninar". Seus alunos cansam, mas não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento [...]"


Temos que despertar em nossos alunos a curiosidade, a descorberta, o penso crítico. Poque temos que saber o que somos e o que fomos, para saber o que seremos”, o que significa observar o passado, para poder projetar ações futuras capazes de transformar a sociedade fechada que vivemos, que se caracteriza pela manutenção do status quo, do privilégio das elites, que transformam o povo em massa, essa sociedade que se diz moderna, mas que no fundo não é tecnológica e sim servil, ao dicotomizar a trabalho manual e o intelectual. Onde se governa não para o povo, nem com o povo, mas sob o povo. Precisamos começar a olhar o mundo com olhos próprios, e adquirirmos consciência do nosso próprio existir, olhar para a realidade com critério pessoal, com autenticidade. Precisamos ter orgulho do que somos, e buscar a cada dia nos superarmos.

Buscando partir de nossas próprias possibilidades para sermos nós mesmos, deixarmos de sermos passivos. Não podemos continuar sendo ingênuos, acreditando que milagres advem espontaneamente do céu, eles até podem acontecer, mas se você reagir, agir e construir esse “milagre”. E a Educação nos abre perspectivas, e nos faz exigir vez, voto e voz ativa. Sair da posição ingênua e ocupar nosso espaço, participando das decisões e assumindo um compromisso consigo mesmo, de transformação e não de aceitação da realidade.

Artigo escrito por mim, Profa. Dra. Cláudia Bonfim - Publicado no Jornal Popular em 01/02/06

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Pausa na Sexualidade para abordar Educação sobre a decisão do STF em relação a exigência do diploma de Jornalismo

ESTE É BRASIL QUE VALORIZA A EDUCAÇÃO?


Cláudia Ramos de Souza Bonfim
Professora, Doutora em História, Filosofia e Educação – UNICAMP


Ronei Aparecido Thezolin
Jornalista, Graduado em Comunicação Social - Jornalismo - PUC Campinas-SP
Pós-graduado em Comunicação Jornalística pela Faculdade Cásper Líbero-SP
Assessor de Imprensa


É revoltante. É por essas e outras que a gente confirma: a classe hegemônica que rege este país não está mesmo preocupada com a formação, é um verdadeiro descaso com a educação.
Ao deparar-nos com essa decisão do Superior Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira, dia 17 de junho de 2009 de derrubar a obrigatoriedade do diploma para exercício da profissão de Jornalista nos vieram na mente outras decisões tão próximas de nós, tomada por algumas Secretarias de Educação no Brasil que através de portarias estabelecem critérios para privilégios docentes onde a formação do professor é praticamente desconsiderada, coladas em último plano. Então nos perguntamos: se é assim dentro do próprio Sistema de Educação que não valoriza o profissional que se dedica, que investe em si, que se empenha em melhorar a qualidade da sua práxis quem dirá que essa valorização ocorreria por meio da classe dominante que rege as leis desse país em benefício da perpetuação da sua classe no poder.

Não é questão de ser a favor ou contra o diploma. Quem está no mercado sabe: com diploma ou sem, não há lugar (por muito tempo) para quem não tem competência. Para quem não se dedica. Há espaço para todos, ninguém rouba o seu lugar se você dá o seu melhor no que faz. A questão é respeito. E depreciar qualquer profissional, seja ele cozinheiro, costureiro, professor ou Jornalista é no mínimo deselegante, para não dizer anti-ético, etc. Ainda mais para um jurista em posição pública, ou para uma secretaria de educação que não valoriza o critério de formação. Mas como questionar etiqueta e ética numa esfera em que formação deixou de ser pré-requisito para tornar-se qualidade?

Quem conhece um pouco de história sabe que o diploma não era necessário quando as receitas de bolo substituiam as notícias sobre a ditadura e as aulas eram massantes e os alunos eram desrespeitados, agredidos verbal e fisicamente através castigos desumanos. E a questão não era se estes alunos aprendiam (memorizavam ou não), aqui não é esse o mérito da questão. Mesmo assim, tinha gente que arriscava textos brilhantes em vez de bolos, e aulas brilhantes também, ainda que os inspetores os pudessem denunciar por abrir mentes e ousar dar uma aula diferente. E costurava os militares sem que eles nem notassem. Cerzimento invisível, especialidade de alguns costureiros. Parte desses não-diplomados notáveis participou e construiu redações históricas. Sem diploma. Só com brio, caráter, jornalismo no sangue. E trabalho, muito trabalho.

Coisa de fazer inveja a gerações como a nossa - que sonhávamos em dividir uma página, uma idéia ou um café com esses caras. Ou poder reger uma sala de aula e ser chamada de Professor(a). Apesar da posterior necessidade do canudo (não o de doce de leite, o das universidades), ainda chegava gente nas redações que mal sabia escrever. Ainda chegava docentes nas salas de aula também sem saber escrever e falar. Ainda chega. Lembramos que numa turma (de Jornalismo) tinha coleguinha escrevendo família com "LH", no segundo ano, há 12 anos. E tinha professores que terminando o curso de Letras cometiam absurdos gramaticais também. Vai saber onde parou essa gente. O duro é que muitas delas estão no mercado ou nas salas de aula, tentando ensinar Português.

Afinal o mercado de ensopados e afins e o Sistema Educacional que não privilegia a formação tem lugar para alguns deles. Outros, quem nem com a brecha vão conseguir escrever um parágrafo dessa sopa de letrinhas, ou nunca estarão numa sala de aula ainda têm uma saída: podem fazer uma faculdade de Direito e, com diploma embaixo do braço, tentar uma vaga no STF, para viver como os “grandes” e “exemplares magistrados” que cassaram o diploma de jornalistas, às vésperas de a corte lançar o edital de um concurso para contratar 14 profissionais da área, ou fazer um curso de Pedagogia e tentar alcançar um cargo de Secretaria da Educação de algum município deste imenso país que baixam portarias que desvalorizam quem procura ser melhor qualificado.

Não concordamos com a decisão do STF. Nem como decisões como de algumas Secretarias de Educação. Porque são retrocessos no Sistema Educacional Brasileiro. Será que os ministros pensaram que a população, mesmo com Ensino Superior, não consegue emprego? Será que pensaram que a população, sem acesso ao conhecimento, será alguém da e na vida? Será que os ministros pensaram que as pessoas que não tem Ensino Superior ganham Salário Mínimo? Será que é possível ter casa própria com esse dinheiro? Comer com esse dinheiro? Ter um carro com esse dinheiro? Ter lazer, cultura ou viajar com esse dinheiro? Ter uma vida digna e justa sem formação? A população mal tem acesso ao Ensino Básico, nem ao médio e imagina ao Superior e a um curso de Pós-Graduação Stricto-Sensu? Será que os ministros sabem o que é escola pública no Brasil?

Claro que não, pois seus filhos não estudam nela. Muitos nem estudam no Brasil. As crianças e jovens chegam ao Ensino Superior (quando chegam) e não sabem o que cairá no vestibular. Não sabem, porque o conteúdo não foi dado, não foi ensinado e não houve acesso ao conhecimento desde o início no Ensino Básico. Porque a escola tem se tornado um lugar de morte e não de vida, os alunos freqüentam as escolas porque são “privilegiados” com programas assistencialistas como Bolsa Escola, vale leite, etc. E não porque ali seja um espaço onde aprender é prazeroso e instigante. Afinal estamos pleno século XXI e a escola continua no início do século XX.

Fora a política do Proune que é uma forma oculta de ir privatizando o Ensino Superior, em doses homeopáticas, que em vez de ampliar e melhorar as universidades existentes, contratar mais professores, melhorar os salários, ampliar as vagas das Universidades Públicas, injetam dinheiro público no ensino privado.

E mais tem escola que não tem carteiras, nem cadeiras, nem lousas, nem material escolar, muito menos material didático, nem uma merenda decente, nem uniforme, não tem transporte e etc. Qual é o futuro desses alunos? Realmente, para que estudar e encontrar todos esses problemas durante a vida? Se seremos desrespeitados em nossa condição de profissional. Para que estudar se os privilégios de classe se perpetuam e se passam de geração para geração? Estou falando de educação, mas não estou falando de segurança pública, da saúde, da moradia, do transporte, das estradas e etc. Essas crianças e jovens (os alunos) terão emprego sim. Uns porque trabalharão com jeitinho de brasileiro e sobreviverão, sobreviverão, sobreviverão. Outros estarão por aí sem emprego, sem família, se educação, os foras da lei. Porque eles entendem outras leis e não a do sistema, não entendem das necessidades, das condições de vida da nossa população.

Por fim, será que os ministros pensaram que seus filhos viverão nesse mundo? Claro que pensaram. Eles viverão sim, porque eles serão os alunos exemplares e o futuro será assim: com emprego, serão éticos, terão conhecimento cultural e tecnológico, terão condutas intocáveis, emprego a escolher, terão casa, ou melhor, mais de uma, terão carro, ou melhor, mais de um, viajarão não só aqui mais pelo mundo. E o jornalista? O jornalista é mais um dos alunos tentando pegar o ônibus, tentando morar, tentando estudar, tentando comer, tentando viajar... Vai tentando, vai tentando. Quem sabe um dia você será um ministro do STF. E as Secretaria de Educação? Será que pensaram que se a educação continuar como está não vamos nunca conseguir criar possibilidades de superação das desigualdades sociais deste país?

Claro que tanto os “intelectuais” que regem a educação e os que regem as leis deste país pensaram nisto. Afinal eles jamais deixariam de pensar no interesse da classe a que pertencem. Não é à toa que se eles discursivamente dizem priorizar somente a Educação Básica nesse País, nem todo mundo consegue ler o pano de fundo. Eles pensaram muito bem em tudo isso sim, sim, porque eles querem apenas perpetuar o poder entre os seus, afinal para eles a classe desfavorecida precisa continuar sendo mão-de-obra barata para o mercado capitalista e mão-de-obra não precisa pensar, só executar e operar máquinas. Lamentável, esse é Brasil que diz tanto investir na educação e na formação do cidadão.

domingo, 21 de junho de 2009

Mercantilização e Banalização da Sexualidade - a importância da orientação familiar


No Brasil é cada dia maior número de gravidez na adolescência, de casos de pedofilia, de violência sexual em todas as faixas etárias. A sexualidade foi banalizada e mercantilizada, o corpo que sempre foi produto de mercantilização, desde a escravidão (que ainda se perpetua de alguma forma), pois o corpo continua sendo considerado mercadoria, força de trabalho (para produzir capital). Diante de uma sociedade capitalista em que a mídia, especialmente a TV e Internet induzem à erotização precoce, novos padrões de relacionamentos e comportamentos sexuais, não podemos mais ignorar a problemática que se desenvolve em torno da sexualidade. Entendemos que essa demanda da Educação Sexual deveria ser da família, mas muitos pais por medo de perder o respeito e a autoridade perante os filhos, ou mesmo condicionados por dogmas religiosos, ou por desconhecimento e sentirem-se constrangidos (ao qual foram condicionados em ter ou sentir) deixam de abordar o tema. Acreditamos que a formação dos valores inclusive relativos à sexualidade deveria ocorrer inicialmente no meio familiar. Porém, a família não tem proporcionado às crianças, adolescentes e jovens a formação, o discernimento sobre a sexualidade, sendo assim, consideramos que a escola não pode agir da mesma forma, ignorando tantos problemas sociais decorrentes da falta de uma Educação Sexual emancipatória e comprometida com o bem-estar do ser humano, pois a omissão apenas contribui para agravar o problema, gerar e aumentar preconceitos.
Torna-se cada dia mais precoce a erotização do corpo da criança e do adolescente. Os pais condicionados pelo mercado consumista e pela mídia, inconscientemente expõe seus filhos à violência sexual, através da erotização precoce que o corpo de seus filhos sofrem pela maneira com que os pai permitem ou vestem os filhos. A programação da TV, as imagens veiculadas na Internet, a exposição exacerbada no corpo (especialmente o feminino) pelos meios de comunicação induzem à precocidade de desejos sexuais, pois acreditamos que o corpo sente antes mesmo de racionalizar o pensamento. Portanto, uma criança exposta à imagens eróticas pode involuntariamente e precocemente sentir desejos, o que se consolida como uma dos maiores motivos que antecipa o início de uma vida sexual ativa de nossos adolescentes, sem que se tenha maturidade corporal ou psicológica, passando muitas vezes, a viver uma sexualidade instintiva, desassociada de afetividade, de responsabilidade, de respeito com o próprio corpo e o corpo do outro.
A descoberta do corpo erótico traz para o interior da escola situações como a masturbação em sala de aula, entre outros acontecimentos relacionados à sexualidade e que a escola não está preparada para orientar. Consideramos com Belisário (1999) que quando mais escondemos algo, mais contribuímos para criar fantasias em relação a isso. Diante dessa exposição das crianças e adolescentes sofrem um erotização inconsciente do próprio pensamento, precisamos salientar que nem sempre o anseio dos alunos por mais esclarecimentos sobre sexualidade se manifesta através de questionamentos, o que exige do professor sensibilidade para ler olhares, gestos, interpretar palavras e comportamentos e saber como direcioná-los da forma mais adequada. Orientamos que os alunos não devem ser chamados atenção na frente de outros, nunca trate de assuntos tão íntimos na frente de outros, sem expor a criança a humilhações; se não podemos controlar os pensamentos e desejos de uma pessoa, devemos orientá-los que há espaços adequados para vivermos nossos desejos, que há limites que devem ser respeitados. Os pais devem ser informados quando nos deparamos com a precocidade sexual de uma criança, para que estejam conscientes e também orientem seus filhos.
Orientamos aos pais que não deixem de dialogar com seus filhos sobre temas tão urgentes como valores, sexualidade, internet, drogas, entre outros, com receio de perder o respeito e autoridade deles. Sempre digo que o que os filhos tem que ter por nós é respeito, o que é muito diferente de ter medo; quando um filho tem medo dos pais na frente deles, o filho age como um anjo, faz tudo corretamente, porém basta que virarem costas e mudam totalmente o comportamento. Um filho que respeita os pais, age da mesma forma na frente ou longe deles. Nós pais, temos que ser os melhores amigos dos nossos filhos, ou estaremos, de certa forma, “permitindo” que eles se percam por caminhos pelos quais jamais deveriam trilhar.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Erotização Precoce e Mídia


Sabemos que a mídia cria símbolos sexuais e significações que influenciam profundamente o comportamento social, especialmente crianças e adolescentes que ainda não possuem discernimento desses “modelos” estrategicamente idealizados de forma a induzir a venda de produtos ou modelos denominados “modernos” de comportamento. E consideramos que, se a escola não se posicionar, torna-se um, dentre os mais variados cenários, dessa legitimação dos discursos da mídia (sendo esta o aparelho que legitima o discurso que a sociedade capitalista considera ideal nos dias de hoje). Desde o vestuário à fala dos personagens, as relações sexuais passam a direcionar em grande número a construção da identidade sexual das crianças e jovens, condicionados a adaptarem seus valores a partir dos “modelos” criados pela mídia. O que muitas vezes ocorre no discurso do professor e mesmo familiar é uma visível contradição, pois dentro do espaço escolar e familiar, muitos pais e professores se posicionam de forma repressora e conservadora, no entanto, no espaço social, estes também se adaptam aos modelos construídos pela mídia, o que não se configura em exemplo prático, mas tão somente numa falácia discursiva.
Através das influências da mídia, crianças e adolescentes são condicionados a construírem sua identidade social e sexual. As telenovelas, os programas televisivos, os instrumentos publicitários, entre outros, modelam o comportamento dos jovens, influenciando profundamente sua maneira de ver e agir. Além de transformar a sexualidade num produto de consumo, a mídia ainda promove a construção de compreensões diversificadas das relações do gênero, funcionando como “modelos” de condutas sexuais. Os programas de cunho religioso, especialmente veiculam discursos dogmáticos, moralizantes e normatizantes. Por outro lado, há outros programas que discutem as questões de sexualidade, padronizando o diferente, impelindo a “quebra de tabus”, onde posturas e valores de universos distintos como a questão da virgindade é considerada costume “ultrapassado” e assim, abrem espaço para novos comportamentos a serem seguidos, como a aceitação natural do homoerotismo no mesmo nível e grau do sadomasoquismo, etc.
Ou seja, a sociedade capitalista tem contribuído cada dia mais para a erotização precoce das crianças, estimulando desejos e incitando-as a iniciarem precocemente sua vivência de uma forma de praticar a sexualidade. Na sociedade que virtualizou e mercantilizou o sexo e a sexualidade, pode-se dizer que estamos caminhando, para não afirmar que estamos vivendo, em tempos de uma sexualidade meramente instintiva, compensatória e desumanizada, sem levarmos em conta a dimensão ética. A sociedade capitalista vê o corpo como mera força de trabalho e com a mercantilização do sexo, o corpo produtor de bens, passa a ser “ele próprio” objeto, fonte de produção capital.
Daí, a urgente necessidade de se falar de ética, buscar desenvolver valores, capacidade de discernimento, espírito crítico, reflexões face às atitudes e comportamentos sexuais que imperam na sociedade, para que os adolescentes possam compreender os riscos e perceber as consequências que terão de enfrentar, ao iniciar uma vida sexual.
Consideramos que a família tenha um papel fundamental na construção de uma ética da sexualidade, pois é através dela que surgem as primeiras aquisições valorativas da vida e da própria sexualidade, os pais não podem delegar à escola o papel que lhes cabe, a educação sexual escolar vem complementar, enriquecer, levantar questionamentos e contribuir para a formação ética e estética da sexualidade humana, mas cabe à família um diálogo aberto sobre os valores éticos e estéticos da sexualidade.
Concordamos com Guimarães (1995), que a família é a base na qual os sujeitos deveriam receber as primeiras informações referentes à sexualidade, sendo esta a primeira referência para que a criança construa sua identidade sexual e sua concepção primária de sexualidade e de cultura, identidade mais cultural do que inata. No entanto, a família condicionada pela visão histórica da sociedade não tem, em sua maioria, contribuído para a educação sexual. Muitas famílias silenciam, ignoram ou preferem ocultar a sexualidade dentro da educação de seus filhos.
A outra instituição formadora, a escola, também vive um dilema: quando não mantém um silenciamento sobre a sexualidade, tem feito um discurso empirista e superficial, ou seja, tem contribuído para consolidar o discurso moral vigente ou para mistificar o hedonismo real. Ainda presenciamos, quando o assunto é sexualidade, especialmente em relação às questões de gênero, expressões preconceituosas, ou de “horror”, quando a escola se depara literalmente com fatos que obriguem os docentes a verem que as crianças não são assexuadas e a sexualidade está despontando nelas.
Não podemos também deixar de evidenciar que, muitas vezes, quando a escola tenta aprofundar o debate da sexualidade, esta sofre possíveis “represálias” por parte de muitos pais, ainda condicionados pela forma como foram educados e vivem sua sexualidade, consideram essas questões como “pornográficas” ou tratar dessa temática da escola incita os alunos a iniciarem uma vida sexual. Uma visão moralista e equivocada, pois a sexualidade está exposta nos mais diversos veículos de midiáticos, especialmente a internet que, lamentavelmente, traz desinformações e falsos valores, e a escola não pode ficar alheia aos problemas sociais, inclusive relacionados à sexualidade como a “gravidez precoce”, a disseminação da AIDS e demais DSTs, assim como não pode deixar de abordar a pedofilia, a violência sexual, a pornografia infantil que tem aumentado cada dia mais.
Mesmo diante de questões tão graves e urgentes como estas, sabemos que, quando o tema sexualidade é debatido na escola, muitas famílias ainda manifestam rejeição a essas informações, e a universidade ainda não inseriu nos cursos de formação de professores, disciplinas ou campos temáticos que preparem os docentes para debaterem sobre a sexualidade, buscando contribuir para a superação dessas problemáticas sociais. Sendo assim, os docentes reproduzem sua visão senso-comum sobre sexualidade, perpetuando valores, conceitos e preconceitos embutidos em sua formação, seja ela familiar ou escolar.
Nos dias de hoje, diante da velocidade de (des)informações veiculadas pela mídia, a escola torna-se inofensiva, quando, ao abordar a educação sexual, restringe a sexualidade humana apenas a um conteúdo anatômico fisiológico, como afirma Nunes (1987, s.p.):
Quando entendemos o sexo como a marca biológica, só podemos entender a sexualidade como a marca humana, e dela temos que buscar a significação existencial e social que construímos a partir e sobre a possibilidade biológica. Temos à frente crianças e adolescentes “ansiosos por saber de si”, por entender o sexo e sexualidade, de compreender suas potencialidades, de assumir-se como sujeito, capaz de amar... A afetividade é o que torna a sexualidade essencialmente humana.


A Sexualidade é fundamental e maravilhosa, mas como tudo na vida exige maturidade, responsabilidade e a hora certa para acontecer. Antecipar uma vivência sexual inclusive pode provocar traumas e frustrações que dificilmente conseguem ser superados.


Diga Não à erotização Infantil!

Amanhã continuaremos esse diálogo... enquanto isso reflitam sobre essas colocações!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Reflexões sobre a Homofobia





Falar sobre sexualidade com os filhos, ou da sexualidade dos filhos ainda é um tabu que deve ser superado pelos pais, especialmente se estes tiverem uma orientação sexual “diferente” da considerada “normal” – a heterossexualidade. Embora, como afirma Freud em seu livro Três Ensaios sobre a Sexualidade, os desvios com respeito ao objeto sexual, que Freud (2002) denomina de “inversão”, sempre tenha existido na humanidade. Por conta dos preconceitos e tabus sociais, também é difícil para os difícil para o próprio homossexual aceitar e assumir suas pulsões sexuais.

Uma carta escrita por Freud em 1935 e publicada no American Journal os Psychiatry em 1951, já mostrava a dificuldade de uma mãe em aceitar a homossexualidade de seu filho, e ainda hoje isto não mudou, a homossexualidade, a bissexualidade e o lesbianismo ainda sofrem profundos preconceitos sociais, inclusive no próprio seio familiar.

No entanto, pais e educadores devem entender que ocultar o assunto também significa posicionar-se sobre ele. A neutralidade pode ser pior que uma posição contrária, a “cultura do silêncio” que ainda impera na escola e na família, esquece que não precisamos necessariamente utilizar o diálogo, para expressarmos nossos posicionamentos. A omissão, os gestos, as proibições carregadas dos valores moralistas e socioculturais são uma maneira de contribuir para que o preconceito e os tabus sexuais se perpetuem. E mais acreditamos que em se tratando de subjetividade, de sentimentos, de amor, paixões, desejos, não há regulamentação capaz de determinar que as identidades sexuais sigam os discursos hegemônicos, sejam eles da biologia, da natureza ou da “normalidade” imposta pelo pensamento dominante.

A homossexualidade é caracterizada quando pessoas do mesmo gênero sentem desejo, atração, por outra pessoa do mesmo sexo.

Já heterossexualidade, pode ser definida como a atração sexual entre pessoas de sexos opostos, sendo a mais aceita socialmente e considerada dentro destes padrões morais a mais comum orientação sexual nos seres humanos, sendo associada ao mito do “amor romântico” e à função biológica ligada ao instinto sexual reprodutor.

A Bissexualidade é um termo utilizado quando a pessoa sente atração física tanto por pessoas do mesmo sexo, como do sexo oposto, com maior ou menor intensidade, situando-se entre a homossexualidade e a heterossexualidade.


Em relação à sexualidade, um dos preconceitos que devem ser combatidos da sociedade é a Homofobia que etimologicamente originou do grego homo= igual, phobos = fobia,medo; seria um conjunto de emoções negativas, aversão, desprezo, ódio, desconfiança, preconceito, discriminação e violência contra pessoas LGBTTT´s (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros).

Acreditamos que a homofobia assim como o racismo e outros preconceitos existentes em nossa sociedade sejam frutos da ordem moral que historicamente foi construída pela humanidade, de uma sociedade patriarcal, machista que acredita ser necessário garantir ou reafirmar os papéis tradicionais de gênero.

A Constituição Federal Brasileira, de 1988, defende o direito à igualdade, proibindo qualquer forma de discriminação de maneira geral. A Constituição Federal brasileira define como “objetivo fundamental da República” (art. 3º, IV) o de “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, ou quaisquer outras formas de discriminação”. A expressão "quaisquer outras formas" refere-se a todas as formas de discriminação não mencionadas explicitamente no artigo, tais como a orientação sexual, entre outras.

Em âmbito nacional sabemos que diversas leis estão sendo debatidas com a finalidade de proibir especificamente a discriminação à homofobia de maneira geral. Esta em tramitação no Congresso Nacional um Projeto de Lei da Câmara (PLC) 122/2006, que propõe a criminalização dos preconceitos motivados pela orientação sexual e pela identidade de gênero, equiparando-os aos demais preconceitos já objeto da Lei n º.7716/89.

Entendemos que uma pessoa não pode ser discriminada, excluída devido a sua opção ou orientação sexual. A orientação sexual de uma pessoa não diminuiu o seu caráter. Aliás, outro intenso debate e estudos em diversas áreas do saber como a psicologia e dizem respeito se a homossexualidade seria uma opção, uma escolha ou uma disposição determinada biologicamente. Existem claro diversas teorias e defesas sobre a questão da homossexualidade, mas o que queremos explicitar é que no espaço escolar que é onde mais se defende e fala sobre igualdade e respeito à diversidade, ainda se evidencia preconceitos desta natureza.

Nesse contexto, buscamos engendrar reflexões sobre a necessidade de superarmos em primeira instância dentro do espaço escolar a intolerância às diferentes orientações sexuais buscando garantir o direito à liberdade sexual que têm provocado sofrimentos e exclusão social dos homossexuais e que de certa forma a homofovia também é prejudicial ao bem-estar e à formação de todos os seres humanos, sejam homo ou heterossexuais.
Todo ser humano tem direito a ser respeitado.
Igualdade e Dignidade já!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Sexualidade e Educação Sexual



Precisamos colocar para quem não conhece nossa trajetória, que nossa reflexão sobre sexualidade e educação nasceu como necessidade de nossa práxis, ao buscarmos refletir sobre as dificuldades de nosso cotidiano escolar, tendo em vista melhorar nossa atuação docente e atentar para que, além de ensinar conteúdos programáticos possamos fazer com que estes possam ser analisados a partir das condições históricas e sociais, e possam além de informações biológicas trazer valores, significados e contribuírem para a reflexão e vislumbrando uma possível transformação da sociedade vigente. Além do papel de mãe de duas adolescentes inseridas numa sociedade sexualmente em crise de valores e significados, ainda enraigada nos preconceitos e dogmas sociais e religiosos, e da necessidade de compreensão da vivência de nossa própria sexualidade também são exigências que nos convidam e convocam para seu entendimento. E ainda por considerarmos que somos educadores, e temos, como consequência política, a tarefa de desenvolver projetos educacionais que se orientam por princípios democráticos e emancipatórios, articulados com os interesses sociais, buscando subsidiar projetos para a superação dos problemas sociais.

Diversas foram as situações vivenciadas em sala de aula diante das quais se sentiu uma lacuna em nossa formação e nos livros didáticos no tocante a Educação Sexual, visto que, o que os livros e as apostilas trazem como orientação sexual ou sexualidade parecem muitas vezes não passar de noções de anatomia e métodos contraceptivos. Os alunos, porém, almejam saber mais e, nos cursos de formação de professores, não há uma disciplina obrigatória que trate da sexualidade humana para além do enfoque biológico, que forneça aos docentes, e a futuros docentes, o embasamento teórico necessário para a compreensão da sexualidade como uma construção cultural, histórica, política e social, além do preparo didático para trabalharem a temática na escola.
Para definir o termo sexo recorremos À Guimarães (1995, p.23), que aponta que sexo refere-se “à diferença biológica entre macho e fêmea, incluindo diferenças da anatomia, da fisiologia, da genética, do sistema hormonal.” Ressalta ainda que sexo não pode ser confundido com gênero, embora estejam relacionados. Gênero “designa tudo o que caracteriza o “masculino” e o “feminino” na diferenciação entre o mundo do homem e o mundo da mulher: o físico, a anatomia, o vestuário, a fala, os gestos, os interesses, as atitudes, os comportamentos, os valores.”
Já para Souza (1991, p.15) “Sexo é um conjunto de pessoas que têm a mesma organização anátomo - fisiológica no que se refere à geração: masculino ou feminino.”
Partindo destas conceituações de sexo, poderíamos dizer que a escola fala de “sexo”, e não de sexualidade, pois a “Educação Sexual” na escola ainda se pauta pelos critérios da Biologia descritiva do século XIX, sem articular e resgatar a concepção histórica e cultural, sem estabelecer uma teia com a realidade, sem refletir ética e esteticamente sobre os valores, as transformações do mundo do trabalho e as descobertas científicas, oferecendo assim, poucas possibilidades para que seus educandos possam mudar consciente e concretamente a conjuntura atual. Pressupõe-se que a Sexualidade apresentada na escola apresenta ainda, uma identidade naturalista, positivista distante dos atuais paradigmas de compreensão do mundo, anacrônica e defasada.
Concordamos com Nunes e Silva (2000, p.73) ao afirmarem:
[...] Entendemos que a sexualidade é uma marca única do homem, uma característica somente desenvolvida e presente na condição cultural e histórica do homem [...] A sexualidade transcende a consideração meramente biológica, centrada na reprodução das capacidades instintivas [...] A sexualidade é a própria vivência e significação do sexo, para além do determinismo naturalista, isto é, carrega dentro de si a intencionalidade e a escolha, que a tornam uma dimensão humana, dialógica, cultural [...].

Sendo assim, podemos entender o sexo como a marca biológica, a caracterização genital e natural, constituída a partir da aquisição evolutiva da espécie humana enquanto animal. A sexualidade é um conceito cultural constituído pela qualidade e significação do sexo. Nesse sentido, somente a espécie humana ostenta uma sexualidade, uma construção social, uma qualidade cultural e significativa do sexo.

Para definir a sexualidade consideramos Nunes (1996) afirma que a sexualidade é uma área de saber e de investigação essencialmente complexa e polêmica, por envolver dogmas religiosos, valores éticos e estéticos, enfim a subjetividade. E nos aponta a necessidade de se fazer a superação da visão simplista, preconceituosa, moralista, equivocada, condicionada pela ideologia dominante, caracterizada pelo senso-comum.
Concordamos com Nunes e Silva (2000, p.73) ao afirmarem:
[...] Entendemos que a sexualidade é uma marca única do homem, uma característica somente desenvolvida e presente na condição cultural e histórica do homem [...] A sexualidade transcende a consideração meramente biológica, centrada na reprodução das capacidades instintivas [...] A sexualidade é a própria vivência e significação do sexo, para além do determinismo naturalista, isto é, carrega dentro de si a intencionalidade e a escolha, que a tornam uma dimensão humana, dialógica, cultural [...].

Já a Educação Sexual é, antes de tudo, uma prática ou ação de transmissão de conhecimentos, representações, valores e práticas, ou seja, é essencialmente uma forma de Educação. E como prática educacional é uma questão cultural, histórica e social, e seu entendimento é marcado pelas mudanças ocorridas no modo de produção basilar da sociedade e envolve, além da dimensão biológica, a subjetividade, a afetividade, a ética, o desejo, a religiosidade, entre outras dimensões. Ou seja, Educação Sexual é um processo educativo que possibilita a formação de valores e atitudes referentes à forma como vivemos nossa sexualidade.
Nesse viés, consideramos que a Educação Sexual pode contribuir, entre outros fatores, para a diminuição dos índices de gravidez na adolescência, a redução da transmissão entre os jovens de DSTs, e tornar o jovem conhecedor do que representa a sexualidade humana para si próprio e no contexto da sociedade brasileira. E ainda ressalta-se a necessidade de se esclarecer sobre os tabus e preconceitos existentes na sociedade, promovendo o respeito pela liberdade de expressão, de orientação sexual, e de se discutir os conceitos de puberdade, sexo seguro, aborto, opção sexual, abusos sexuais, violência, reconhecimento geral dos órgãos sexuais humanos e suas funções, sexo como reprodução e prazer.

A Educação Sexual que pleiteamos não se resume tão somente a um amontoado de noções de biologia, prescrições médicas de higiene e informações anatômicas, embora estas sejam extremamente relevantes, mas não suficientes. Pois acreditamos que a para entender a Sexualidade significa compreender o próprio ser humano em suas bases mais exigentes: natureza e cultura. Não que venhamos negar a fisiologia e a importância das determinações morfológicas naturais, campos que se traduzem em bases dos processos de significações culturais. A biologia, no entanto, tomada reducionistamente, apresenta-se insuficiente para explicar nossas vivências sexuais, não conseguindo dar conta da amplitude de suas manifestações, historicamente constituídas, o que acaba alijando a formação sexual das dimensões éticas e estéticas.

Amanhã continuaremos nosso diálogo abordando sobre Homofobia e Homossexualidade.






Símbolos de Gêneros


Acreditamos que a sexualidade só poderá ser plenamente vivida a partir da superação de alguns dogmas, tabus e preconceitos enraigados na formação humana para atender aos padrões sociais e morais da sociedade patriarcal, ainda impregnados em nós. Porém, em tempos que a sexualidade tornou-se um produto mercadológico, sendo banalizada, necessitamos também que ela seja compreendida e vivenciada a partir de uma ética sexual (diferente de moral), a ética é uma reflexão sobre as imposições moralistas da sociedade, e também pautada em valores, envolvendo consciência e respeito por si próprio e pelo outro.


Vou iniciar apresentando algumas considerações necessárias ao entendimento de posteriores “diálogos” que pretendemos estabelecer neste espaço sobre Sexualidade Humana e Educação Sexual.

Agora vamos abordar os símbolos de gênero que são baseados nos signos astrológicos que existem desde a antiguidade Romana.
Acompanhando a ordem dos desenhos acima, podemos verificar que o círculo com uma seta indicando para cima representa Marte, o deus da guerra, identificando o gênero masculino.
O círculo com uma cruz no lado de baixo representa Vênus (Afrodite), a deusa do amor e da beleza, e simboliza o feminino. Os dois símbolos entrelaçados representam a Heterossexualidade, mas também representa o respeito e a compreensão das diferenças e da diversidade entre homens e mulheres.


Desde a década de 1970, os símbolos masculinos e femininos duplicados e entrelaçados tem sido utilizados com frequência para identificar a homossexualidade masculina (gays) e feminina (Lésbicas).


As feministas utilizaram os Símbolos duplos para indicar irmandade, e o símbolo triplo feminino para demonstrar a rejeição aos padrões masculinos de monogamia impostos pela sociedade patriarcal.


A Bissexualidade é representada por dois pares de símbolos masculinos e femininos entrelaçados constituindo três cruzamentos: mulher/mulher, mulher/homem e homem/homem
Os transgêneros ou transexuais podem ser identificados por dois símbolos. Um seria representado pela fusão dos símbolos masculino e feminino, e ainda é utilizado como símbolo da androginia. O outro símbolo baseia-se na mitologia grega. Segundo o mito, conta-se que Afrodite (Vênus) teve um filho com Mercúrio (Hermes), sendo a criança chamada Hermafroditus, por possuir ambas as genitálias. Por isso, a palavra hermafrodita e o símbolo de mercúrio para representá-lo. Neste símbolo, a cruz abaixo do círculo representa a parte feminina, enquanto a meia-lua no topo representa a parte masculina. A cruz e a meia-lua são colocadas nas extremidades opostas do círculo para simbolizar o equilíbrio entre ambas as partes.


Não podemos deixar de ressaltar que a superação Homofobia é um apriori para a sexualidade emancipatória, pois a orientação sexual de uma pessoa não diminui de maneira nenhuma o seu caráter e sua potencialidade humana e profissional. Todos os seres humanos merecem ser respeitados, até porque não são escolhas, as pessoas nascem com uma disposição biológica pré-determinada.


Em nosso próximo diálogo vamos buscar conceituar o que entendemos por Sexualidade e Educação Sexual.


Até lá! Abraços!


domingo, 14 de junho de 2009

Começando nosso diálogo...


Quero começar este espaço agradecendo à Assessoria de Imprensa da Unicamp, ao Jornalista Manuel Alves Filho que através da publicação da matéria sobre nossa Tese de Doutorado, defendida da Faculdade de Educação da Unicamp nos abriu tantos outros espaços de socialização de nossas inquietações e ideias, provocando a abertura de outros espaços de debate, gerando reflexões sobre a temática da sexualidade e educação.
Quem tiver interesse em ler a matéria completa basta acessar o site do Jornal da Unicamp através do link: http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/maio2009/ju430_pag04.php
Em decorrência desta matéria e da divulgação pela Assessoria da Unicamp através do Jornalista Manuel Alves Filho e da divulgação do Jornalista Ronei Thezolin (UNICAMP) tivemos o prazer de socializar nossas reflexões em algumas rádios locais e nacionais, algumas disponibilizaram em seus sites o aúdio das entrevistas.
Primeiramente participamos de uma entrevista ao vivo com o Jornalista Valter Sena rádio CBN de Campinas, agora disponível na íntegra no site http://www.portalcbncampinas.com.br/noticias_interna.php?id=23520

Posteriormene trechos da entrevista ao vivo foi veiculada na segunda edição do Jornal da CBN pela Jornalista Rosana Lee que está disponível no site da rádio através do link:

http://www.youtube.com/watch?v=7pE2zEXKXtc

ou no
Tivemos ainda o prazer de ter espaço em rádios locais como a Rádio FM 104 e a Rádio Gráuna FM de Cornélio Procópio, a entrevista concedida ao repórter Edvaldo da rádio Graúna FM também foi disponibilizada no site:
No dia 10 de junho de 2009, concedemos entrevista ao Programa Trocando em Miúdos da Rádio Universitária FM da Universidade de Uberlândia-MG
que pode ser ouvida através do link:
Para acessar a entrevista no Programa Trocando em Miúdos ao entrar no site clique em Quadros, depois em Reportagem Especial e lá acesse o áudio da minha entrevista data 10/6/2009 entitulada - "Claudia Ramos de Souza Bonfim fala sobre o despreparo dos professores com relação a educação sexual."
Essa matéria sobre nossa tese publicada a partir de minha entrevista ao Jornalista Manuel Alves Filho (UNICAMP) foi amplamente divulgada em diversos sites e Blogs da internet entre eles citamos alguns:
Site oficial da Secretaria de Ensino Superior do Estado de São Paulo
Site Câmara dos Deputados Plenarinho - o jeito criança de ser Cidadão - Agência Plenarinho
Site Brasil contra a pedofilia
Site Correio Brasiliense
Site Cosmo - Correio Escola

Site Diga não à erotização infantil
Site do Jornal O Serrano - Serra Negra - SP
Site Jornal Diário Virtual da Diretoria de Comunicação Virtual da Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Site Biologias.com
Site Itapora hoje.com
Site Cornélio Notícias.com
Site Excola
Site Sáude em Movimento
E alguns Blogs como:
Grata a todos que nos concederam o privilégio de divulgação do nosso trabalho, pois o conhecimento só tem de fato sentido se puder ser socializado e provocar reflexões, debates e contribuir de alguma forma para transformações e melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Gostaria de ressaltar que neste espaço que ora iniciamos pretendemos divulgar nossos trabalhos e artigos, socializar nossas utopias lúcidas e provocar reflexões acerca da Educação Sexual, bem como de diversas problemáticas educacionais, sociais e políticas de nosso País. Também indicaremos eventos educacionais, Simpósios, Seminários e Congressos que consideramos relevantes; sugestão de leituras, e fotos dos eventos que já participamos e memórias de nossa vida acadêmica e profissional. Sintam-se em casa nesse espaço público que é nosso!
Abraços fraternos!

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